O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi consultado e deu aval à mudança de Henrique Meirelles do PMDB para o PSD, o novo partido fundado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
A reportagem é de Andréia Sadi e Bernardo Mello Franco e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 12-10-2011.
Os dois se encontraram reservadamente para discutir o assunto há cerca de três semanas, na sede do Instituto Lula, em São Paulo.
Presidente do Banco Central durante todo o governo Lula (2003-2010), Meirelles se filiou ao partido na sexta-feira passada, último dia para os políticos trocarem de legenda a tempo de disputar a eleição municipal de 2012.
Meirelles também transferiu o título eleitoral de Goiânia para São Paulo, passando a ser visto como possível candidato à Prefeitura com o apoio de Kassab e a simpatia do ex-presidente.
Representante da União no conselho político da APO (Autoridade Pública Olímpica), Meirelles fez questão de pedir a bênção ao padrinho político antes de dar sua resposta ao convite do PSD.
Meirelles relatou a Lula sua insatisfação no PMDB, ao qual se filiou em 2009 com o objetivo de ser candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff (PT).
Preterido pelo partido, que lançou Michel Temer, Meirelles disse que se sentia desprestigiado e que pretendia aceitar o convite de Kassab.
Ele também afirmou que desejava voltar à cena política a partir de São Paulo, onde mantém escritório desde o início do ano num edifício da avenida Paulista.
No fim do encontro, Lula perguntou a ele se estava seguro da decisão. Diante do "sim", deu aval à mudança, que surpreendeu políticos do governo e da oposição.
A prefeitura paulistana é o principal alvo do ex-presidente nas articulações para 2012. Ele tem repetido que uma vitória na capital é essencial em seu plano para quebrar a hegemonia do PSDB no Estado, que é governado por tucanos desde 1995.
Com Meirelles, Lula passa a ter três aliados como possíveis candidatos na cidade.
O petista concebeu e lançou a pré-candidatura do ministro Fernando Haddad (Educação), que disputa com a senadora Marta Suplicy e outros três rivais a indicação para concorrer pelo PT.
O terceiro pré-candidato do campo governista é o deputado Gabriel Chalita (PMDB), que também já foi recebido em audiência a portas fechadas no Instituto Lula.
Os petistas contam com a desistência do vereador Netinho de Paula (PC do B), cujo partido apoiaria Haddad.
Articuladores da pré-campanha do ministro veem Meirelles como um pré-candidato competitivo, mas tentam descartar a influência de Lula em sua filiação ao PSD.
A sigla de Kassab inspira desconfiança no PT por causa de sua proximidade com o ex-governador José Serra (PSDB), de quem ele se elegeu vice em 2004. No entanto, o prefeito tem sinalizado que seu partido apoiará o governo Dilma no plano nacional.
AFIF
Também cotado para disputar a prefeitura pelo PSD, o vice-governador Guilherme Afif Domingos disse ontem que não cobiça o cargo, mas procurou reforçar seu papel na sucessão municipal.
"Eu estou fora da postulação à prefeitura. Estou com toda a minha cabeça voltada para o projeto nacional."
Ele disse que uma eventual aliança com o PSDB passaria necessariamente por suas mãos. "Eu sou o ponto ideal, até pela minha missão. Sou vice do Estado eleito pelo grupo que hoje está no PSD."
"É natural que o partido tenha um cabeça de chapa, porque está sucedendo uma gestão na prefeitura", afirmou.
Afif também elogiou Meirelles. "É uma pessoa de renome nacional, a quem o presidente Lula deve muito."
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