Com uma mesa na frente da sucursal do Banco da Itália em Nápoles, com toalha, pratos, copos e pronta para “comer a crise”, os indignados napolitanos decidiram protestar contra as medidas econômicas-financeiras dos governos europeus que, dizem, salvam os bancos mas não as pessoas. Pouco depois do meio-dia sentaram-se e comeram um prato de spaghetti e, após, levantaram cartazes que diziam “não contem com a gente, estes eram os últimos euros que tínhamos”.
A reportagem é de Elena Llorente e publicada pelo Página/12, 13-10-2011. A tradução é do Cepat.
O protesto dos indignados que começou na Espanha tem se difundido por todo o mundo desenvolvido e já chegaram a Wall Street e o alvo principal são os bancos. Para este sábado está prevista uma manifestação a nível mundial dos indignados da qual participarão também os da Inglaterra que prometeram ocupar a sede da Bolsa da Cidade de Londres, onde se concentra a atividade financeira do país.
Ontem, em Roma, foi organizada uma manifestação que tentou chegar, sem conseguir, na sede principal do Banco da Itália, o banco central italiano, que fica na conhecida Via Nazionale. Dezenas de policiais cercavam a região, impedindo que os manifestantes se aproximassem. Muitos deles levavam máscaras com a cara do atual diretor do banco, Mario Draghi e se chamavam, a si mesmos “draghi ribelli”, ou seja, “dragões rebeldes”. De modo provocativo, os jovens colavam as caras de Draghi nos caminhões da polícia. A manifestação se fez coincidir com a presença do presidente da República, Giorgio Napolitano, que participou na sede do banco de uma conferência sobre a economia italiana junto ao diretor Draghi, que, a partir de janeiro assumirá o Banco Central Europeu.
Enquanto as ruas do país ardem de manifestantes enfurecidos, o governo presidido por Silvio Berlusconi trata de armar uma tática para conseguir um novo voto de confiança no Parlamento.
Na terça-feira, em uma votação em que muitos berlusconianos davam por certa sobre o Contas do Estado 2010, o governo não conseguiu a maioria, obtendo sobre a importante matéria 290 votos a favor, exatamente a mesma quantidade de votos que conseguiu a oposição. Berlusconi, dizem alguns, ficou pálido enquanto os gritos de triunfo ecoavam das cadeiras da oposição. O balanço de contas não foi aprovado e ainda que a oposição sustente que esse fato deveria provocar a imediata renúncia do governo, Berlusconi busca reformá-lo para aprovação.
A votação das contas do governo foi difícil durante todo o dia. Mas, o governo não esperava esse resultado e disse que os votos que lhe faltavam - mais de 20 – se devia a que algumas pessoas estavam de viagem ou cumprindo outras tarefas. Mas ficou a dúvida em muitos, ou seja, se na realidade Berlusconi continua contando com a maioria parlamentar que exige a Constituição para continuar no governo.
Para essa dúvida contribiu também durante toda a semana passada a presença, cada vez mais contundente de um grupo de oposição à Berlusconi dentro do Povo da Liberdade, seu partido. Liderado pelo ex-ministro Claudio Scajola, o grupo sustenta que ou bem se lançava um plano economico de rápida reativação econômica – plano que se promete desde agosto – ou Berlusconi deveria renunciar.
Il Cavalieri quis falar pessoalmente com Scajola e o convidou para almoçar. O resultado foi que ex-ministro falou logo de um Berlusconi 2, ou seja, poderia se manter no poder desde que simultaneamente a apresentação da renúncia ao presidente da República mudasse seus ministério e retomasse a maioria parlamentar. E assim, quem poderá pagar o pato é o ministro da economia, Giulio Tremonti, com o qual Berlusconi tem muito feeling... Será preciso esperar o discurso que Berlusconi fará na quinta de manhã diante da Câmara de Deputados. Se pede o voto de confiança, a votação poderá acontecer na quinta à tarde ou na sexta e então se desvendará o mistério.
Fonte: IHU
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