Pedro do Coutto
O título, penso eu, reflete uma simples questão de lógica, palavra de valor sensível e absoluto, para a qual não existe sinônimo. Ela se impõe por si. Faço esta afirmação, claro, para acentuar que o fato de não haver respondido a uma pergunta sequer dos integrantes da CPMI que leva seu nome, não fará com que Carlos Ramos Cachoeira se livre dos processos nos quais está envolvido.
Muitas pessoas julgam o contrário. Que a mudez do estranho empresário, uma espécie de homem-aranha do mundo dos negócios, não o punirá. Ao contrário. O silêncio foi, nitidamente, uma confissão. Até porque ele não respondeu às indagações dos senadores e deputados. Mas tampouco negou qualquer acusação. Desrespeitou a decisão do STF que manteve seu depoimento.
Dir-se-á, como é tradição no Direito Penal, que à acusação compete o ônus da prova. É verdade. Porém mais provas do que as já existentes é desnecessário. Neste ponto uma situação curiosa da CPMI: ela não precisa investigar, pois as investigações já foram realizadas pela Polícia Federal. A CPMI partiu em busca de confirmações. Carlos Cachoeira não rebateu nenhuma delas.
A foto sensacional de Ailton Freitas, primeira página de O Globo de quarta-feira, é mais que reveladora: por si a imagem do acusado ao lado do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, já expõe suficientemente o cinismo do personagem. E não só o cinismo, mas sobretudo um falso ar de superioridade.
Um desafio? Não faz sentido. Pois Carlos Cachoeira já se encontra preso e vai ser, em breve, julgado pela Justiça comum. Thomaz Bastos poderá conseguir absolvê-lo? É pouco provável. A pressão da opinião pública em torno do processo Cachoeira-Demóstenes-Delta, é mais forte do que a tese da negativa pela conspiração d silêncio.
Se advogados hábeis pudessem assegurar a absolvição de seus clientes, as prisões se encontrariam vazias. Pelo contrário, estão repletas. Sem contar os 300 mil mandados de prisão a serem cumpridos. Mas para isso seriam necessárias, ao todo 700 mil vagas no sistema prisional.
As reportagens de O Globo e da Folha de São Paulo, edições de 23, focalizaram nitidamente a atmosfera grotesca do silêncio. No Globo, a matéria foi assinada por André de Souza, Chico de Góis, Roberto Maltchik e Paulo Cesar Pereira. Na FSP por Andreza Matais, Ernesto Credêncio e Rubens Valente. Mas as fotos, especialmente a obra de arte de Ailton Freitas, tornam-se peças fortíssimas de revelações e confirmações.
Se Cachoeira fosse inteligente, como tenta parecer, não estaria na cadeia, inclusive com a perspectiva de nela permanecer por mais algum tempo. O espetáculo que proporcionou na CPMI significou um desastre para ele próprio.
Sim. Porque nesta altura dos acontecimentos, não pode contar com o apoio do senador Demóstenes Torres, do empresário Fernando Cavendish, de qualquer outro parlamentar ou governador de estado. Todos, agora, desejam distância dele.
A vida é assim há pelo menos três mil anos. Não vai mudar. Seguirá dessa forma até o final dos tempos. Se houver final dos tempos. No que não creio. Os fatos continuam em sequência. Não possui o menor sentido brigar com eles.
Alguns, inclusive artistas, tentaram e afundaram. Ezra Pound, um dos maiores exemplos. Americano de Idaho, apoiou o nazismo apesar de os EUA estarem na guerra. Foi expulso do país e da história. Passou a viver em Veneza. Nessa cidade não encontrei marca alguma dessa passagem ou de seu nome.
É uma ilusão supor que Cachoeira, Demóstenes, Cavendish vão escapar. Nada disso. Já se tornaram prisioneiros de si mesmos. No mínimo. Eles e outros à sua volta.
( faltou incluir o Policarpo, da Veja)
Fonte: Tribuna da Internet.
O título, penso eu, reflete uma simples questão de lógica, palavra de valor sensível e absoluto, para a qual não existe sinônimo. Ela se impõe por si. Faço esta afirmação, claro, para acentuar que o fato de não haver respondido a uma pergunta sequer dos integrantes da CPMI que leva seu nome, não fará com que Carlos Ramos Cachoeira se livre dos processos nos quais está envolvido.
Muitas pessoas julgam o contrário. Que a mudez do estranho empresário, uma espécie de homem-aranha do mundo dos negócios, não o punirá. Ao contrário. O silêncio foi, nitidamente, uma confissão. Até porque ele não respondeu às indagações dos senadores e deputados. Mas tampouco negou qualquer acusação. Desrespeitou a decisão do STF que manteve seu depoimento.
Dir-se-á, como é tradição no Direito Penal, que à acusação compete o ônus da prova. É verdade. Porém mais provas do que as já existentes é desnecessário. Neste ponto uma situação curiosa da CPMI: ela não precisa investigar, pois as investigações já foram realizadas pela Polícia Federal. A CPMI partiu em busca de confirmações. Carlos Cachoeira não rebateu nenhuma delas.
A foto sensacional de Ailton Freitas, primeira página de O Globo de quarta-feira, é mais que reveladora: por si a imagem do acusado ao lado do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, já expõe suficientemente o cinismo do personagem. E não só o cinismo, mas sobretudo um falso ar de superioridade.
Um desafio? Não faz sentido. Pois Carlos Cachoeira já se encontra preso e vai ser, em breve, julgado pela Justiça comum. Thomaz Bastos poderá conseguir absolvê-lo? É pouco provável. A pressão da opinião pública em torno do processo Cachoeira-Demóstenes-Delta, é mais forte do que a tese da negativa pela conspiração d silêncio.
Se advogados hábeis pudessem assegurar a absolvição de seus clientes, as prisões se encontrariam vazias. Pelo contrário, estão repletas. Sem contar os 300 mil mandados de prisão a serem cumpridos. Mas para isso seriam necessárias, ao todo 700 mil vagas no sistema prisional.
As reportagens de O Globo e da Folha de São Paulo, edições de 23, focalizaram nitidamente a atmosfera grotesca do silêncio. No Globo, a matéria foi assinada por André de Souza, Chico de Góis, Roberto Maltchik e Paulo Cesar Pereira. Na FSP por Andreza Matais, Ernesto Credêncio e Rubens Valente. Mas as fotos, especialmente a obra de arte de Ailton Freitas, tornam-se peças fortíssimas de revelações e confirmações.
Se Cachoeira fosse inteligente, como tenta parecer, não estaria na cadeia, inclusive com a perspectiva de nela permanecer por mais algum tempo. O espetáculo que proporcionou na CPMI significou um desastre para ele próprio.
Sim. Porque nesta altura dos acontecimentos, não pode contar com o apoio do senador Demóstenes Torres, do empresário Fernando Cavendish, de qualquer outro parlamentar ou governador de estado. Todos, agora, desejam distância dele.
A vida é assim há pelo menos três mil anos. Não vai mudar. Seguirá dessa forma até o final dos tempos. Se houver final dos tempos. No que não creio. Os fatos continuam em sequência. Não possui o menor sentido brigar com eles.
Alguns, inclusive artistas, tentaram e afundaram. Ezra Pound, um dos maiores exemplos. Americano de Idaho, apoiou o nazismo apesar de os EUA estarem na guerra. Foi expulso do país e da história. Passou a viver em Veneza. Nessa cidade não encontrei marca alguma dessa passagem ou de seu nome.
É uma ilusão supor que Cachoeira, Demóstenes, Cavendish vão escapar. Nada disso. Já se tornaram prisioneiros de si mesmos. No mínimo. Eles e outros à sua volta.
( faltou incluir o Policarpo, da Veja)
Fonte: Tribuna da Internet.
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