Do blog do Ricardo Kotscho.
Estava fazendo exames médicos no hospital na manhã desta quarta-feira durante a cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff deu posse aos sete membros da Comissão da Verdade, no Palácio do Planalto, ao lado dos quatro antecessores vivos, e fiquei contente por poder testemunhar pela televisão este momento histórico na vida do nosso país.
Só de estar vivo, acho que já valeu a pena tudo o que passamos naqueles anos de trevas da ditadura militar, que agora, finalmente, serão revelados.
Mais contente ainda fiquei lendo na matéria de Marina Marquez, do R7, em Brasília, que Dilma, logo no início do seu discurso, citou meu amigo Ulysses Guimarães, o "Sr. Diretas", que abriu caminho para a Constituinte de 1988 e para a redemocratização do país, ao lembrar que a verdade é fundamental para a democracia.
"O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade da sua história. Trabalhemos juntos para que o país conheça e se aproprie da totalidade da sua história. A ignorância da história não pacifica, mantém latentes mágoas e rancores".
Tomara que os parlamentares integrantes da CPI do Cachoeira leiam este discurso de Dilma e também façam a sua parte, sem receio de investigar a fundo todos os personagens envolvidos nas bandalheiras desta quadrilha de mil tentáculos, as verdades e as mentiras da nossa história recente, que a imprensa criou ou omitiu em plena democracia.
Nós que enfrentamos a ditadura dos militares, correndo risco de vida, para que um dia pudéssemos voltar a viver num regime democrático, não podemos agora admitir que a ditadura dos barões da mídia queira reescrever a história, transformando em heróis os que ontem apoiaram o golpe e hoje querem posar de paladinos da liberdade de imprensa.
O ato presidido por Dilma Rousseff esta manhã no Palácio do Planalto pode ser um divisor de águas para separar a verdade da mentira, dar nomes aos bois, esclarecer episódios nebulosos, jogar luzes sobre o passado e ao mesmo tempo clarear o nosso futuro.
Mais do que um gesto de grandeza, ao convidar para a cerimônia os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, por ordem de entrada em cena, Dilma fez justiça ao papel de cada um na construção da Comissão da Verdade.
O principal objetivo da presidente nesta cerimônia foi simbolizar que se tratava de um ato de Estado e não de governo, acima de divergências partidárias ou doutrinárias, sem qualquer outro interesse que não o de resgatar a nossa história. "O Brasil merece a verdade", como ela disse.
Por um destes acasos da vida, fui almoçar depois no "Sujinho", velho boteco que serve a melhor bisteca da cidade, antigamente chamado de "Bar das Putas", um lugar que lembra como eram os tempos sem lei em que nossos amigos "desapareciam", ninguém podia escrever a verdade sobre o que acontecia e todos se sentiam ameaçados, até mesmo dentro de suas casas.
Daquela turma que ia para lá depois de sair das redações sob censura, varando a madrugada, muitos já se foram. Para os que ficaram, a Comissão da Verdade pode não mudar muita coisa, mas certamente servirá para que nossos filhos e netos nunca permitam que a história se repita.
Vida que segue. Tortura nunca mais! Viva Dilma!
O “Sujinho”, a Comissão da Verdade e a vida que segue
Estava fazendo exames médicos no hospital na manhã desta quarta-feira durante a cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff deu posse aos sete membros da Comissão da Verdade, no Palácio do Planalto, ao lado dos quatro antecessores vivos, e fiquei contente por poder testemunhar pela televisão este momento histórico na vida do nosso país.
Só de estar vivo, acho que já valeu a pena tudo o que passamos naqueles anos de trevas da ditadura militar, que agora, finalmente, serão revelados.
Mais contente ainda fiquei lendo na matéria de Marina Marquez, do R7, em Brasília, que Dilma, logo no início do seu discurso, citou meu amigo Ulysses Guimarães, o "Sr. Diretas", que abriu caminho para a Constituinte de 1988 e para a redemocratização do país, ao lembrar que a verdade é fundamental para a democracia.
"O Brasil não pode se furtar a conhecer a totalidade da sua história. Trabalhemos juntos para que o país conheça e se aproprie da totalidade da sua história. A ignorância da história não pacifica, mantém latentes mágoas e rancores".
Tomara que os parlamentares integrantes da CPI do Cachoeira leiam este discurso de Dilma e também façam a sua parte, sem receio de investigar a fundo todos os personagens envolvidos nas bandalheiras desta quadrilha de mil tentáculos, as verdades e as mentiras da nossa história recente, que a imprensa criou ou omitiu em plena democracia.
Nós que enfrentamos a ditadura dos militares, correndo risco de vida, para que um dia pudéssemos voltar a viver num regime democrático, não podemos agora admitir que a ditadura dos barões da mídia queira reescrever a história, transformando em heróis os que ontem apoiaram o golpe e hoje querem posar de paladinos da liberdade de imprensa.
O ato presidido por Dilma Rousseff esta manhã no Palácio do Planalto pode ser um divisor de águas para separar a verdade da mentira, dar nomes aos bois, esclarecer episódios nebulosos, jogar luzes sobre o passado e ao mesmo tempo clarear o nosso futuro.
Mais do que um gesto de grandeza, ao convidar para a cerimônia os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, por ordem de entrada em cena, Dilma fez justiça ao papel de cada um na construção da Comissão da Verdade.
O principal objetivo da presidente nesta cerimônia foi simbolizar que se tratava de um ato de Estado e não de governo, acima de divergências partidárias ou doutrinárias, sem qualquer outro interesse que não o de resgatar a nossa história. "O Brasil merece a verdade", como ela disse.
Por um destes acasos da vida, fui almoçar depois no "Sujinho", velho boteco que serve a melhor bisteca da cidade, antigamente chamado de "Bar das Putas", um lugar que lembra como eram os tempos sem lei em que nossos amigos "desapareciam", ninguém podia escrever a verdade sobre o que acontecia e todos se sentiam ameaçados, até mesmo dentro de suas casas.
Daquela turma que ia para lá depois de sair das redações sob censura, varando a madrugada, muitos já se foram. Para os que ficaram, a Comissão da Verdade pode não mudar muita coisa, mas certamente servirá para que nossos filhos e netos nunca permitam que a história se repita.
Vida que segue. Tortura nunca mais! Viva Dilma!
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