POR MARINA DIAS
A data limite para a formação de alianças para as eleições municipais deste ano é 30 de junho. Apesar disso, nos bastidores, lideranças de diversos partidos já se articulam para montar as coligações que disputarão as prefeituras por todo o país.
Nesta sexta-feira (11), por exemplo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reúne-se com líderes do PCdoB para uma conversa sobre o cenário político no Brasil. E a disputa em São Paulo será um dos temas abordados. Petistas insistirão na ideia de trazer os comunistas para o lado de Fernando Haddad, o que custaria, obviamente, a retirada da candidatura do vereador Netinho de Paula (PCdoB) à Prefeitura da capital paulista.
Por enquanto, dirigentes do PT seguem cautelosos, e argumentam que têm até o final de junho para fechar alianças. "O prazo para fecharmos é 30 de junho. Nas eleições passadas, fizemos isso em cima da hora, dia 20 de junho. Nesse momento, é natural que os partidos valorizem o seu tempo de TV e estabeleçam suas negociações", afirmou a Terra Magazine o vereador Antonio Donato, presidente municipal do PT-SP e coordenador da campanha de Haddad.
Sabe-se, porém, que há otimismo em relação à desistência de Netinho. De acordo com petistas, ele é o candidato que poderia efetivamente tirar votos de Haddad, por seu apelo popular e sua inserção na periferia, reduto de votos do PT. "A desistência de Netinho é possível", afirmou Rui Falcão em conversa com Terra Magazine. "Mas ainda estamos conversando", ponderou.
Quanto a outro aliado importante, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o PT se diz seguro. "Eles vêm com a gente, mas ficamos de fechar somente em junho", garantiu Falcão. Entre PSB e PT está a negociação de cidades no Brasil – e no estado de São Paulo –, onde petistas abririam mão da candidatura própria em favor do PSB. "Estamos negociando em várias outras cidades do estado de São Paulo para depois fecharmos na capital", explicou Donato.
Os socialistas têm outro um impasse: seu presidente estadual, Márcio França, é secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e estimula a aliança com o candidato tucano, José Serra. Mesmo assim, com a garantia estabelecida numa conversa entre Campos e o ex-presidente Lula, em março, o PT segue confiante no acordo.
Fator PR
A grande preocupação dos petistas neste momento é o PR, partido historicamente aliado do PT na capital paulista. Após a queda do presidente da sigla, Alfredo Nascimento, do Ministério dos Transportes, a relação entre PR e governo se abalou e a crise refletiu, imediatamente, em São Paulo.
"O PR está querendo se sentir mais confortável no plano nacional para só depois conversar com a gente em São Paulo. Eles precisam resolver isso com Brasília", ponderou Donato.
Petistas ligados ao diretório municipal do partido apostavam em uma resolução rápida da presidente Dilma Rousseff quanto à situação do aliado, mas não foi isso que aconteceu. Segundo eles, líderes do PR ficaram "enfurecidos" quando Dilma nomeou o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o Ministério do Trabalho e, dessa forma, contemplou o partido de Paulinho da Força, também pré-candidato à sucessão de Gilberto Kassab (PSD).
"Agora, nossa situação com o PR se complicou. Só nos resta esperar", decretou um dirigente do PT paulistano, lembrando que Alfredo Nascimento é quem dará a benção para as alianças do PR nas capitais