sexta-feira, 6 de julho de 2012

POLÍTICA - Eleições 2014.

Em 2014 o palco e a peça serão outros


Carlos Chagas

Os resultados do ensaio geral de outubro deverão, pela lógica, sinalizar o contorno das urnas de 2014? Pode ser que não, na amplitude das eleições gerais de daqui a dois anos. Mesmo assim, agora que estão liberadas as campanhas para as eleições municipais, lançam-se os principais partidos na disputa para valer. O termômetro está nas eleições para prefeito das capitais, ainda que deva importar, também, a soma de todas as 5.590 prefeituras de todo o país.
Estará bem posicionado o partido que fizer o maior número de prefeitos, assim como aquele que, por hipótese, eleger seus candidatos em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife e outras cidades com peso igual. Por certo que entrará na equação, também, a legenda que eleger o maior número de vereadores no total dos municípios.
Passando da teoria à prática: PMDB, PT e PSDB terão boas chances de conquistar grandes bancadas no Congresso, daqui a dois anos e meio, caso elejam prefeitos de capitais importantes e considerável número na soma de municípios, além de vereadores.
Mas as eleições de governador e de presidente da República enquadram-se nesse raciocínio? Certamente não. A experiência demonstra estarem acima dos partidos as preferências do eleitorado quando se trata de escolher os primeiros mandatários dos estados e da União. De Jânio Quadros a Fernando Collor, e mesmo de Fernando Henrique ao Lula, esses presidentes elegeram-se mais pelos perfis apresentados do que pelo embasamento partidário. Não se desprezará a força do PT, ou do PSDB, mas ambos teriam naufragado caso seus candidatos fossem outros. Para o exemplo de Dilma Rousseff, leia-se apenas Lula, pois a atual presidente apenas refletiu a luz do antecessor.
Sendo assim, importa garimpar opções. Dilma certamente disputará a reeleição, tanto pelo seu desempenho quanto pelo patrocínio do Lula, menos por conta do PT. Os companheiros poderão perder a disputa pelas prefeituras das principais capitais e dispor de poucos vereadores, coisa que nem de longe influirá nas chances da dobradinha Dilma-Lula.
Já o PMDB, mesmo mantendo o título de maior partido nacional, surge hoje como um corpo sem cabeça na medida em que, possuindo e até ampliando suas estruturas, carece de uma candidatura própria. Não há nos seus quadros, hoje, um líder capaz de transcender o partido. Mau sinal, ou quem sabe indicação de que melhor será continuar com a vice-presidência de Dilma.
Entre os tucanos, apenas Fernando Henrique mostrou-se maior do que o PSDB. José Serra, duas vezes, e Geraldo Alckmin, uma, não conseguiram transpor a linha que separa a derrota da vitória. Conseguirá Aécio Neves? O avô superou o PMDB, expresso em Ulysses Guimarães, mas o neto poderá superar seu próprio partido?
Em suma, o ensaio geral de outubro vale para definir as cores do futuro Congresso. Quem sabe até de algum governo estadual. Mas o palco para as eleições presidenciais é maior e mais amplo. E a peça, outra bem diferente.

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