Entra em ação o poder dos marqueteiros
Toda esta brigalhada partidária das últimas semanas para a formação das chapas que concorrerão às eleições municipais de 7 de outubro tinha um único motivo: fechar o máximo de alianças para aumentar o tempo de televisão dos candidatos.
Por trás desta disputa, está o crescente poder dos marqueteiros nas campanhas eleitorais. São eles, no final das contas, que acabam forçando os partidos a fazer alianças esdrúxulas, como aconteceu com o PT, ou provocam cisões internas, caso do PSDB, afastam aliados e juntam ex-inimigos, tudo para aumentar o tempo do programa de propaganda na televisão.
Termina hoje o prazo para a inscrição dos candidatos na Justiça Eleitoral. E na sexta-feira, será, finalmente, liberada a propaganda partidária, faltando apenas três meses para a abertura das urnas. O horário eleitoral só começa dia 21 de agosto, mas as equipes dos candidatos já estão em campo preparando os programas de rádio e televisão.
É a partir deste momento que todo o poder das campanhas se concentra nas mãos destes mágicos marqueteiros que têm a missão de transformar segundos de televisão em votos. Mágicos é uma força de expressão, claro, pois se fossem capazes de decidir os resultados todas as eleições terminariam empatadas. Os candidatos, afinal, também têm que fazer a sua parte.
Desde que a propaganda existe, um dos principais apelos publicitários sempre foi apresentar o "novo". É o "novo" modelo de carro, o "novo" perfume do sabonete, o "novo" lançamento imobiliário. E costuma ser assim também nas campanhas eleitorais com os candidatos da oposição se contrapondo aos que estão no poder defendendo a reeleição ou a continuidade.
O primeiro _ e desastroso _ exemplo que tivemos no Brasil do "novo" na propaganda política foi o da campanha presidencial de Fernando Collor, em 1989, que tinha pouco tempo de televisão, mas um monumental esquema publicitário, financeiro e midiático.
Na verdade, o marketing eleitoral de Collor começou bem antes da campanha propriamente dita, com a promoção do "caçador de marajás" na grande imprensa, que o apoiou ostensivamente. Ninguém mais lembra o nome de quem foi o marqueteiro de Collor, mas hoje tenho a impressão de que tenha sido ele mesmo.
Quem primeiro ganhou fama no ramo e se tornou uma estrela da categoria foi o meu amigo Duda Mendonça, que já tinha trabalhado antes com Collor e ganhou fama ao ressuscitar Paulo Maluf como prefeito eleito de São Paulo, ainda fazendo de Celso Pitta o seu sucessor. Duda não cuidou só do marketing: teve papel decisivo na própria escolha do candidato Pitta, uma "cara nova" do velho malufismo, que agora se aliou ao PT.
Muitos anos depois, Duda seria o marqueteiro da campanha vitoriosa de Lula, em 2002, depois de três derrotas do PT nas eleições presidenciais anteriores. Enquanto Duda agora se prepara para enfrentar o julgamento do mensalão, em que é um dos réus por ter recebido pagamento em contas no exterior, dois discípulos dele têm papel de destaque na campanha paulistana de 2012.
De um lado, com o petista Fernando Haddad, está João Santana, que já havia feito a campanha de reeleição de Lula, em 2006, e depois foi o responsável por tornar conhecida a atual presidente Dilma Rousseff, também uma "cara nova", que nunca havia disputado qualquer eleição antes.
De outro, encontramos Manoel Canabarro, marqueteiro do também "novo" Gabriel Chalita, do PMDB, que como Santana esteve na equipe de Duda na campanha de Lula em 2002.
Santana e Canabarro têm agora o grande desafio de tornar seus candidatos mais conhecidos para enfrentar o veterano José Serra, do PSDB, líder nas pesquisas, que disputa a eleição municipal pela quarta vez, sob o comando do marqueteiro Luiz Gonzales, um ex-diretor da TV Globo que se especializou em comandar o marketing das campanhas tucanas. Desta vez, Duda ficará de fora.
"Um novo homem para um novo tempo" é o slogan de João Santana para Haddad, que até agora não decolou. Um pouco na mesma linha é o ponto de venda de Celso Russomanno, do PRB, a grande surpresa desta campanha, segundo colocado nas pesquisas: "Uma nova história para São Paulo". Chalita vai de "São Paulo em primeiro lugar".
Nas mãos de marqueteiros experientes, se dará mais uma vez a disputa entre o "velho", a continuidade da administração Serra-Kassab, e o "novo", representado pelas candidaturas oposicionistas de Russomanno, Haddad e Chalita.
Quem vai levar? Façam as suas apostas.
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Dilma fora das eleições
Ao anunciar à imprensa na tarde desta terça-feira que a presidente Dilma Rousseff pretende ficar fora do processo eleitoral, a ministra Ideli Salvatti não contou nenhuma grande novidade aos leitores do Balaio.
Na terça-feira da semana passada, dia 26 de junho, este blog publicou um texto com o seguinte título: "CPI, mensalão e eleições: Dilma quer distância". Ali já estavam os motivos para Dilma tomar esta decisão.
Costumo brincar com os amigos que aqui vocês vão encontrar as mesmas notícias comentadas em outros blogs _ a diferença é que no Balaio você fica sabendo antes.
Blog Balaio,do Ricardo Kotscho.
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