Ontem havia comentado que a Dilma só perderia em função de um "golpe midiático" ou fraude eleitoral.
O golpe midiático já começou.
A veja TUMULTUA A ELEIÇÃO COM O FANTASMA DO IMPEACHMENT DE DILMA
Por Celso Lungaretti, no seu blogue.
O risco contra o qual venho há tempos alertando acaba de se materializar: a veja antecipou
em um dia a distribuição da edição 2.397, de forma a colocar a eleição
presidencial sob a lâmina de uma guilhotina: a do impeachment da
presidenta Dilma Rousseff.
É manipulação às escâncaras, um óbvio crime eleitoral.
A
revista normalmente entra em bancas no sábado e tem sua capa e resumo
das principais matérias divulgada na noite de 6ª feira. Todo o
cronograma foi adiantado em 24 horas, só cabendo uma explicação: o
objetivo foi permitir que Aécio Neves aproveitasse a munição nova no
debate final da Globo, além de aumentar estrategicamente o prazo para a bomba repercutir, produzindo consequências nas urnas.
E qual é esta bomba,
afinal? Trata-se da atribuição, ao delator premiado Alberto Youssef, da
seguinte afirmação, ao ser interrogado por um delegado da Polícia
Federal:
— O Planalto sabia de tudo!
O delegado teria perguntado a quem no [Palácio do] Planalto o doleiro aludia, recebendo como resposta: "Lula e Dilma".
Reinaldo Azevedo, o blogueiro mais reacionário da revista mais reaça do
Brasil, duas semanas atrás já antecipara que a direita poderia partir
para o impeachment, neste parágrafo de sua coluna semanal na Folha de S. Paulo:
Reinaldo Azevedo é o principal arauto do impeachment |
"Prestem atenção! Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mal começaram a falar. A depender do rumo que as coisas tomem e do resultado das urnas, o país voltará a flertar, no próximo quadriênio, com o impeachment, somando, então, a crise política a uma economia combalida".
Só perfeitos ingênuos acreditarão que ele já não soubesse qual seria a derradeira cartada da veja.
Agora, ao trombetear a nova denúncia no seu blogue, ele é mais explícito ainda:
"Se as acusações de Youssef se confirmarem, é claro que Dilma Rousseff tem de ser impedida de governar caso venha a ser reeleita, mas em razão de um processo de impeachment, regulado pela Lei 1.079..."
E, para martelar bem a ideia, ele a repetiu no final do seu post, grifando a ameaça para torná-la ainda mais ribombante:
"Se Dilma for reeleita e se for verdade o que diz o doleiro, DEVEMOS RECORRER ÀS LEIS DA DEMOCRACIA — não a revoluções e a golpes — para impedir que governe".
Evidentemente, os grãos petistas falarão em terrorismo eleitoral, minimizando a possibilidade de os acontecimentos se encaminharem em tal direção.
Mas,
se precedentes valem alguma coisa, a permanência de Getúlio Vargas no
poder foi duas vezes interrompida por manobras semelhantes:
- em 1945, os Estados Unidos jogaram todo seu peso de bastidores para forçá-lo (da mesma forma que o argentino Juan Domingo Perón) a deixar o poder;
- e, como o ciclo varguista persistiu, com a eleição do poste que ele apadrinhou (Eurico Gaspar Dutra) seguida por sua volta ao Palácio do Catete em 1951, a direita militar exigiu que renunciasse para não ser deposto, tendo ele preferido uma outra opção, o suicídio.
Outro
precedente agourento é o de 1964: o PCB subestimou o risco de golpe de
estado, não montando nenhum dispositivo militar próprio para defender o
mandato legítimo de João Goulart, daí os golpistas terem derrubado o
governo com a facilidade de quem tira doce da boca de uma criança.
Se
as agora coisas chegarem a tal extremo, a História certamente se
repetirá, pois inexiste dispositivo militar autônomo ou contingentes
populares preparados para reagirem à altura. O PT não fez a lição de
casa.
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