Depois de alguns meses de pouca expressão como senador, o ex-juiz Sergio Moro está de volta aos holofotes. Nos últimos dois dias, o interesse pelo nome do ex-juiz no Google chegou a disparar 3200%.
Os motivos são dois. Na terça, em entrevista ao Brasil 247, Lula mencionou que, enquanto esteve na prisão, costumava dizer a procuradores que iam visitá-lo: '(...) não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro.'
No mesmo dia, Moro acusou o presidente de ensejar "risco pessoal" contra ele. No dia seguinte, um fato novo engrossou esta narrativa: a Polícia Federal deflagrou uma operação contra membros do PCC que, segundo as investigações, planejavam atacar Moro e outras autoridades do sistema prisional. O plano, já em execução, previa até o aluguel de propriedades que serviriam de cativeiro.
Em meio à repercussão, Lula deu outra declaração que causou frisson. Questionado sobre o caso, ele disse achar ser "uma armação" de Moro o plano descrito pela PF.
É fácil compreender o sincericídio de Lula enquanto vítima de uma farsa judicial que o manteve por quase dois anos amargando na prisão. Enquanto presidente, não tanto. O destino, afinal, o reconduziu ao cargo mais importante da República. Já Moro, sem a toga e a guarida do bolsonarismo, passou os últimos meses perambulando pelos corredores do Congresso isolado.
Ao dedicar tanta atenção a Moro em declarações públicas – que, diferentemente dos tempos de sindicato, rodam a internet em segundos – Lula ameaça reconduzir o ex-juiz ao posto de estrela da oposição antipetista.
Além disso, essa sequência de fatos abriu um flanco que a extrema-direita volte a explorar, ad nauseam, supostas relações entre a esquerda brasileira e o crime organizado. Ou pior: especular conexões políticas e pessoais do ex-presidente com os suspeitos. Um prato cheio para fake news e teorias conspiratórias. E oportunidade para que a Lava Jato, após uma sequência de derrotas e a desmoralização, retome sua agenda destrutiva.
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