terça-feira, 6 de setembro de 2011

IGREJA - "Misericórdia aos católicos em segunda união"

Com um papa conservador como o atual, ajuda difícil que isso venha a acontecer.

''Misericórdia aos católicos em segunda união''. O apelo do presidente dos bispos da Alemanha.

O presidente da Conferência Episcopal Alemã, Robert Zollitsch, está convencido de que, em um futuro não muito distante, a Igreja Católica irá reformar a sua atitude para com os fiéis divorciados e em segunda união. "É uma questão de misericórdia. Em breve, falaremos disso intensamente", disse Zollitsch em entrevista à revista alemã Die Zeit. Ele não crê que o fim do celibato "seja a solução para a Igreja mundial, mas acredito que daremos passos à frente na questão das pessoas divorciadas e que se casaram novamente – e acredito que os daremos enquanto eu ainda estiver vivo", continuou o arcebispo de 73 anos de Friburgo.

A reportagem é de Alessandro Alviani, publicada no sítio Vatican Insider, 03-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Hoje, os católicos divorciados e em segunda união não podem tomar a comunhão. O tema tem um papel indireto às vésperas da visita do papa à Alemanha, agendada para os dias 22 a 25 de setembro: Bento XVI foi convidado pelo presidente alemão, Christian Wulff, católico separado e em segunda união. "Para mim", afirmou Zollitsch, Wulff "é um católico que vive a sua fé e sofre com a situação".

O presidente dos bispos alemães mostrou depois um certo descontentamento com a lentidão das reformas dentro da Igreja Católica: "Às vezes, eu também corro o risco de me cansar e penso: por que não se vai mais rápido? Às vezes, eu tenho que infundir em mim mesmo a paciência necessária". Em Roma, continuou Zollitsch, há ambientes que "imediatamente sentem o cheiro de apostasia quando, na Alemanha, discutimos de um modo um pouco mais controverso". Aqui, no entanto, "debatemos as questões de fé de uma forma diferente do que na Itália. Essa abertura à discussão que temos na Alemanha não é entendida facilmente em Roma", certamente não por parte do papa, mas de "alguns cardeais".

Trata-se, admitiu, de uma consequência da Reforma Protestante: "Em Roma, a Alemanha é vista – não pelo Santo Padre – como o país do cisma". No restante do mundo, a Igreja Católica alemã é apreciada, ao contrário, como uma financiadora. "Os alemães contam muito em qualquer lugar em que haja alguém que precisa de dinheiro", observou Zollitsch. Hoje, ele lembra, os custos para a formação dos sacerdotes na América Latina são em grande parte cobertos pela Alemanha, que também financia 60% dos padres do Sul da África.

Quanto à visita do papa à Alemanha, o presidente dos bispos alemães é claro: "Não devemos sobrecarregá-la de muitas expectativas: ele mesmo é muito realista e explica que não se pode pensar que, no dia seguinte a essa visita, tudo será diferente na Alemanha". Bento XVI, no entanto, lançará "um impulso" à questão do ecumenismo.

Na entrevista, Zollitsch fala, por fim, sobre a relação entre católicos e política. "Estou feliz por haver um partido que tem no seu nome o 'C' de "cristão", observa, referindo-se ao CDU, o Partido Cristão-Democrata da chanceler Angela Merkel, e ao seu irmão gêmeo bávaro CSU.

Porém, hoje, mais do que nunca, todo católico deve ponderar sozinho a sua decisão de voto, acrescentou o chefe da Conferência Episcopal, que também elogia os Verdes alemães: mudaram, e hoje, nas suas posições, há diversos pontos em comum com as convicções cristãs.

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