Renato Rovai
Kassab ressuscita o Pefelê com o PSD
A eleição de Lula em 2002 fez com que boa parte das oligarquias que se organizavam em torno do PFL tivesse de ir para a oposição. Algo inédito, pelo menos desde 1964. Afinal, o PFL saiu da costela do PDS para criar a Aliança Liberal, que construiu a vitória de Tancredo Neves contra Paulo Maluf.
Antes disso, durante toda a ditadura, os pefelistas estiveram no poder,como Arena e depois PDS. Quando o governo Sarney começa a fazer água, o PFL não se intímida. Fica até o final do mandato e lança Aureliano Chavez à presidência,rompendo com o PMDB que foi às urnas com Ulisses Guimarães.
Mas a candidatura de Aureliano não era para valer. E os líderes do PFL sabiam disso. Alguns tentaram, com a anuência de Sarney, lançar o apresentador Silvio Santos. Mas boa parte foi para a canoa da campanha de Fernando Collor. Avistando no líder alagoano a possibilidade de continuar na situação e no governo. O que aconteceu.
O governo Collor dura pouco, mas o PFL participou ativamente daquela “empreitada”. Sendo que o ex-senador Jorge Bornhausen, que agora leva seu grupo político para o PSD, foi o principal ministro do final do período final da era Collor.
Com a posse de Itamar Franco o PFL se mantém no poder.E depois fecha uma aliança com o PSDB,indicando Marco Maciel para vice de FHC.
Com a chegada de Lula à presidência, os pefelistas imaginavam que iriam ter um pequeno tempo de férias, mas que em breve voltariam ao centro do poder nacional por conta da inexperiência do petista.
Até por isso em 2005, os pefelistas foram os mais raivosos na cruzada para derrubar Lula. Fizeram política com sangue na boca e o mesmo Bornhausen chegou a decretar que “era o fim dessa raça”, no caso, do PT e dos petistas. A tentativa de criar um clima de impeachment não deu certo e o pior (para eles) aconteceu. Lula se reelegeu e depois veio Dilma.
Nesse interim o PFL ainda mudou de nome para ver se conseguia recuperar a imagem e se adaptar aos novos tempos.
Mas o DEM nasceu como um partido de oposição ao governo. E isso não resolveu o problema daqueles que sempre estiveram no poder.
Kassab percebeu que havia um vácuo. E como em política não há vácuo nem espaço vazio ele decidiu criar um partido pronto para ser situação.
Em todos os lugares. Independente de quem estivesse no governo.
Esse é o grande poder de atração do PSD, que está aliado em todas as partes com aqueles que são governo. Independente se os governos são liderados por petistas, tucanos, peemedebistas ou por gente de qualquer outro partido.
Kassab recriou o PFL. Um partido que não é de centro, nem de direita e nem de esquerda. É de governo.No estilo mais fisiologista possível.
O PSD não veio para acabar com o DEM. Engana-se quem pensa assim.
Ele nasce para rescussitar o PFL.
Isso pode ser conjunturalmente bom aqui ou ali. E até para o atual governo federal parece que vai ajudar a ampliar a base. Mas para o país e para a qualidade da nossa política partidária é péssimo.
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