Drones subaquáticos para as guerras dos EUA – Serão eles utilizados
contra o Irão?
por Julie Lévesque
A obscurecer os efeitos devastadores dos drones dos EUA que matam civis inocentes
por todo o mundo , é com um toque de humor e entusiasmo ligeiramente
inadequados que a empresa de consultoria militar Strike Fighter
Consulting louva os novos Veículos Subaquáticos Sem Tripulação da US Navy no
seu artigo recente "Unmanned Drones Take to the Seas". "Dá a impressão
que os pilotos de drones vão precisar lições de natação. A Armada dos
EUA actualmente está a experimentar uma nova geração de drones subaquáticos nas
águas junto a Newport, Rhode Island. A sua esperança é que estes drones venham a
ser os primeiros passos (ou o primeiro cachorrinho, se quiser) para um futuro de
submarinos autónomos. Estes drones, que são conhecidos tecnicamente como
Unmanned Underwater Vehicles (UUV) poderiam representar uma "alteração do jogo"
para a Armada, disse Christopher Egan, administrador de programa no Naval
Undersea Warfare Center. Tudo o que torna os drones
aéreos tão eficazes (effective) pode muito facilmente ser aplicado a
submarinos. (Dabney B., Unmanned Drones Take to the Seas , Strike Fighter Consulting
Inc, September 19, 2012, ênfase acrescentada.) De que espécie de
"eficiência" estamos a falar aqui? A guerra com drones tem sido
"eficiente" principalmente em matar civis inocentes, incluindo crianças, segundo
um estudo da Universidade de Stanford e da Universidade de Nova York.
Segundo o novo estudo, apenas uma em cada cinquenta vítimas do
programa da CIA de ataques "dirigidos" ("targeted") com drones em áreas
tribais do Paquistão são militantes conhecidos, ao passo que um número entre
2.562 e 3.325 pessoas foi morta no Paquistão entre Junho de 2004 e meados de
Setembro deste ano – das quais entre 474 e 881 era civis, incluindo 176
crianças. (The News International (Pakistan), Pakistan. CIA Annihilation From The Air: Drone Warfare's Invisible Dead ,
September 26, 2012)
Dizem-nos que estes novos "cost-efficient" drones
submarinos "poderiam ser utilizados para mapear o fundo do oceano, detectar
minas inimigas, colectar informação ou apoiar a guerra submarina [...] A Armada
espera que o Razor seja virtualmente indetectável pelos sistemas inimigos".
(Dabney B., op. cit.) No princípio deste ano a Aviation Week
publicou um artigo sobre Veículos Subaquáticos Não Tripulados de Grande
Deslocação (Large Displacement Unmanned Underwater Vehicle, LDUUV) o qual
confirma que a tecnologia drone subaquática não está bem estabelecida. Prevê-se
que o novo Large Displacement Unmanned Underwater Vehicle (LDUUV) seja utilizado
não após 2014:
O Large Displacement Unmanned Underwater Vehicle (LDUUV) será
grande e extremamente autónomo, executando missões a longas distâncias durante
meses. Ele actuará como um navio mãe (mothership), posicionando e
operando sensores estáticos e móveis para vigilância persistente em águas
costeiras. Finalmente, é provável que seja armado. O programa parece
ambicioso, mas grande parte da tecnologia já foi demonstrada.
[...] O LDUUV terá uma grande capacidade de carga útil,
tornando-o capaz de libertar sensores, bóias de comunicação, UUS mais
pequenos e armas. A ênfase actual da Armada está na vigilância persistente
"externa" ("over the horizon"). Contudo, o seu impacto mais
significativo poderia ser na guerra das minas, tanto ofensivas como defensivas.
E o LDUUV poderia tornar a colocação de minas mais controlável e
clandestina. No conceito de mina transformacional, o LDUUV coloca sensores
em rede numa área vasta. Estes rastreiam e identificam todo navio dentro da
sua amplitude. Dependendo da situação, qualquer navio pode ser atacado,
seja por uma arma ancorada ou por um torpedo vindo do próprio UUV.
[...] A Armada planeia divulgar um pedido de propostas
para o LDUUV em 2014. Em Outubro último o contra-almirante Barry Bruner, o
director de guerra subaquática da Armada, indicou que mais de 10 LDUUVs
seriam encomendados. O LDUUV está a ser encarado como um ajudante para
complementar submarinos tripulados. Contudo, se ele alcançar os objectivos
tecnológicos de resistência e autonomia, colocará questões sérias acerca do que
exactamente grandes embarcações não tripuladas poderiam afinal das contas não
fazer. (David Hambling, Large Displacement Unmanned Underwater Vehicle Steaming Ahead ,
Aviation Week, April 1, 2012, ênfase acrescentada.)
Se esta tecnologia foi demonstrada,
ela poderá ser utilizada para a guerra subaquática. Será que submarinos
armados não tripulados serão utilizados em "minagens clandestinas" contra o Irão
no Golfo Pérsico? A respeito disto, relatórios confirmam que actualmente
(Setembro/2012) estão a ser conduzidos exercícios militares próximos das águas
territoriais do Irão e são "destinados a simular a resposta do Irão a um ataque
dos EUA-Israel, nomeadamente que acções serão tomadas pelas forças aliadas em
resposta à retaliação militar pelo Irão". (Michel Chossudovsky, “Warship Diplomacy”: A Prelude to All Out War against Iran? ,
Global Research, September 26, 2012.) Drones subaquáticos fazem parte
dos jogos de guerra, informa a Bloomberg:
"O ''Mark 38 Mod 2,” de 25 mm guiado da BAE Systems Plc
(BA/) 25mm guided e o veículo subaquático não tripulado Kingfish estão
entre os programas que o Pentágono acelerou este ano sob uma iniciativa "Via
rápida" ("Fast Lane") para reagir a armas navais iranianas. Uma das
mais sérias ameaças, diz a Armada, são botes iranianos de alta velocidade que
podem empregar tácticas de "enxame". ( Bloomberg , September 19, 2012. ênfase acrescentada.)
Uma declaração recente do Director de Investigação do think
tank neocon Washington Institute for Near East Policy sugeriu que os EUA
deveriam provocar o Irão a "disparar o primeiro tiro".
"Estamos no jogo de utilizar meios encobertos contra os
iranianos. Podemos ficar mais sujos com isso [...] Os Estados Unidos –
juntamente com muitos parceiros internacionais que pode mobilizar – deveriam
mover-se para acções mais contundentes, sejam encobertas ou abertas,
publicamente proclamadas ou negáveis". (Patrick Clawson, citado em Michel
Chossudovsky, Neocon Washington Think Tank: The US should Provoke Iran into
“Firing the First Shot” , September 26, 2012.)
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