Globo será punida por crime eleitoral?
Por Altamiro Borges
Outra representação
também poderia ser protocolada pelo combativo Eduardo Guimarães contra a mesma
TV Globo por ela omitir os resultados das últimas pesquisas sobre as eleições
para a prefeitura paulistana. O Jornal Nacional simplesmente não divulgou as
duas mais recentes sondagens do Ibope, contratadas pela própria emissora, que
apontam folgada vantagem de Fernando Haddad – 49% das intenções de voto contra
36% do tucano José Serra. A escancarada omissão caracterizaria outro “crime
eleitoral”.
O Movimento dos Sem Mídia (MSM), liderado pelo blogueiro
Eduardo Guimarães, ingressou hoje à tarde com uma representação na Procuradoria
Geral Eleitoral (PGE) contra a TV Globo. O motivo da ação foi a descarada edição
do Jornal Nacional de quarta-feira (24), que usou longos 18 minutos para fazer
escarcéu com o julgamento do chamado “mensalão do PT”. O MSM argumenta que a
emissora cometeu “crime eleitoral” visando interferir nos resultados do pleito
de domingo próximo.
Kamel e João Roberto Marinho
Segundo o sítio Brasil 247, a decisão de esconder os
resultados das pesquisas partiu diretamente de Ali Kamel, diretor da Central
Globo de Jornalismo, e de João Roberto Marinho, um dos três filhos do falecido
chefão do império midiático. “Na quarta-feira, 24, ao saber que pesquisa
encomendada pela própria Rede Globo ao Ibope havia apontado larga dianteira de
Fernando Haddad sobre José Serra, Kamel correu para a sala de João Roberto
Marinho e, ainda mais rápido, ordenou que nenhum dos telejornais da casa
noticiaria o fato. Os números, afinal, estavam em desacordo com os interesses do
patrão".
As duas manobras grosseiras da poderosa emissora – realce
para o julgamento do “mensalão petista” e omissão dos resultados das pesquisas
eleitorais - deveriam servir de alerta para o governo federal. Até hoje a
presidenta Dilma Rousseff vacila em apresentar para debate na sociedade uma
proposta de novo marco regulatório para a comunicação. As emissoras de rádio e
tevê exploram concessões publicas e, na maioria dos países do planeta, elas são
reguladas por leis para evitar deformações. No Brasil, elas fazem o que
querem!
"Masoquismo midiático" do governo
A representação do MSM questiona a própria outorga da TV
Globo. Nada mais justo. Afinal, ela teria cometido mais um dos tantos crimes que
já patrocinou em sua longa história golpista – contra Leonel Brizola, contra a
campanha das Diretas-Já, contra o ex-presidente Lula, contra os movimentos
sociais e contra tudo o que há de progressista no país. Mas, apesar de
representar um risco para a democracia, o governo não toma qualquer atitude.
Pelo contrário, Dilma continua alimentando cobras!
Como afirma o deputado petista Fernando Ferro, o governo
padece de uma espécie de “masoquismo midiático”. Ele apanha e continua bancando
milhões de reais em publicidade oficial. “Dos R$ 161 milhões repassados às
emissoras de rádios, TV, jornais, revistas e sites, desde o início do governo
Dilma, R$ 50 milhões foram destinados apenas para a TV Globo, quase um terço de
toda a verba publicitária – ao todo, o Sistema Globo de Comunicações recebeu R$
55 milhões”. E ele conclui de forma corajosa:
“Em outros termos, pagamos uma mídia para nos atacar, nos
destruir e se organizar em quadrilhas, como no caso da dobradinha
Veja/Cachoeira. Isto não é justo. Não é correto. Precisamos rever a distribuição
de verbas publicitárias, que hoje se constituem num verdadeiro acinte à
democracia. Não se trata apenas de regular os meios de comunicação, devemos
promover uma justa redistribuição das verbas publicitárias... Ou tomamos gosto
por rituais de sadomasoquismo midiático ou praticamos a gentileza dos
submissos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário