Geraldo Gomes no blog do Luis Nassif.
Quando Lula começou a fazer as indicações para o STF a midia entrou em parafuso. Da Secom, em 2003, reproduzindo artigo do Correio Brasiliense:
Da equipe do Correio
Editoriais e colunas dos grandes jornais e os blogs e sites da grande mídia na internet praticamente trucidaram Barbosa.
Na imprensa paulista, por exemplo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja saíram, furiosamente, em defesa de Gilmar Mendes contra Joaquim Barbosa. Em 24 de abril de 2009, a Folha publica o editorial “Altercação no STF”.
O previsível editorial, já no primeiro parágrafo, demonstrava a que vinha: “O ministro Joaquim Barbosa excedeu-se na áspera discussão travada anteontem com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Não se justificam os argumentos “ad hominem” e a linguagem desabrida empregada por Barbosa em sessão aberta na mais alta corte brasileira (…)”
No mesmo dia, o Estadão, sempre mais passional, partiu para o insulto em editorial sob o título “Falta de compostura”: “(…) Na sessão de quarta-feira, durante o julgamento de um recurso do governo do Paraná contra decisão do STF, que em 2006 considerou inconstitucional a lei que criou o fundo de previdência do Estado, o ministro Joaquim Barbosa, que dialogava com o presidente da Corte, Gilmar Mendes, perdeu a compostura (…)”
Na coluna de Eliane Cantanhêde, na Folha, tudo no Day After da “altercação” entre Barbosa e Mendes, não foi diferente: “(…)Era uma discussão técnica qualquer, os dois (Barbosa e Mendes) se desentenderam e Barbosa perdeu a compostura (…)” No blog de Reinaldo Azevedo, no portal da revista Veja, o pitbull da publicação repisa a questão racial em relação a Joaquim Barbosa: “(…) Eu tenho verdadeiro horror, asco mesmo, de quem costuma reivindicar o lugar do oprimido (…)”
Os anos foram se passando e Barbosa acabou ficando com a relatoria do inquérito do mensalão. A partir dali, quando foi ficando claro que o fato de ter sido indicado por Lula não estava pesando no viés que assumira em relação ao caso, o discurso midiático contra si foi sendo abrandado, chegando, hoje, a se tornar o novo queridinho da mídia no STF.
Uma coisa é certa: a conduta de Barbosa no âmbito do inquérito do mensalão lhe valeu “redenção” na mídia. De juiz que chegara ao STF pelo único “mérito” de ser negro e de “juiz de Lula”, converteu-se em profundo conhecedor da lei e exemplo de “isenção” – sem, por óbvio, a ressalva de que o mérito de nomear um juiz “isento” é de Lula.
Hoje, como se sabe, é o queridinho da mídia golpista que na certa vai promover sua indicação para concorrer com a Dilma em 2014.
Estou aguardando como será seu comportamento no julgamento do mensalão do PSDB, do qual também é o relator.
Isso se ocorrer tal julgamento.
A reação da mídia à indicação de Barbosa em 2003
08/ 05/ 2003 - CORREIO BRAZILIENSE
Preocupação com a exclusão social e capacidade profissional foram os critérios do presidente para escolher os novos integrantes do Supremo. Pela primeira vez um negro ocupará uma vaga na mais alta corte de justiça do país.
ADRIANO CEOLIN E RODRIGO RANGEL
Da equipe do Correio
De olho nas reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva completou ontem a lista de suas três primeiras indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF). Até o final do mandato ele escolherá mais dois. Em solenidade no Palácio do Planalto, o presidente confirmou os nomes do procurador da República Joaquim Benedito Barbosa Gomes e do desembargador Antonio Cezar Peluso. Anteontem, Lula já havia anunciado em Aracaju o nome do sergipano Carlos Ayres Britto. A lista tornou-se um marco histórico para o Judiciário: Joaquim Benedito é o primeiro negro indicado para um posto no STF.
Lula ressaltou que questões pessoais não pesaram na escolha. ‘‘Estou vendo o doutor Peluso pela primeira vez hoje, não o conhecia’’, afirmou o presidente. Ao citar Ayres Britto, que não estava presente, Lula fez uma ressalva: ‘‘Ele é um companheiro mais próximo’’, afirmou, referindo-se ao único dos três que é filiado ao PT.
O presidente não deixou escapar a preocupação com as reformas constitucionais, recorrente em seus últimos discursos. ‘‘Estou satisfeito com a escolha, sobretudo porque acho que neste momento o Brasil precisa de muita tranqüilidade e de muita seriedade para que possamos levar avante as reformas de que nós precisamos no país.’’
A relação entre as indicações e as reformas foi inevitável. Logo após a cerimônia, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reafirmou o que dissera antes — que a escolha dos nomes levou em consideração a afinidade com as propostas do governo enviadas ao Congresso. Perguntado se os futuros ministros estão afinados com as propostas, Bastos foi lacônico: ‘‘Com certeza’’.
Os dois ministros, porém, desconversaram. ‘‘Fui chamado a entrar nesse processo quando estava a 12 mil quilômetros de distância daqui, em atividade acadêmica nos Estados Unidos, o que indica total desvinculação com essa ou aquela reforma’’, afirmou Joaquim Benedito, no que foi seguido por Peluso. Afinados no discurso, os futuros ministros não quiseram se manifestar sobre a proposta de controle externo do Judiciário, defendida pelo governo. ‘‘Há certos assuntos sobre os quais, por uma questão de ética, prefiro não me pronunciar porque, senão, eu estaria antecipando a sabatina e até retirando do Senado a prerrogativa de ouvir pessoalmente as nossas opiniões.
Deputados e senadores comentaram as indicações de Lula. Iara Bernardi (PT-SP) disse ter recebido denúncia de que Joaquim Benedito foi processado em 1985 por ter agredido uma mulher. A bancada feminina na Câmara reclamou de Lula não ter escolhido uma mulher para o STF. A afirmação de Ayres Britto de que é petista convicto também provocou reações. ‘‘A sabatina no Senado é para identificar tendências ideológicas toleráveis. Engajamento partidário é a primeira vez que eu vejo’’, disse o deputado Vilmar Rocha (PFL-GO).
http://www.secom.unb.br/unbcliping/cp030508-03.htm
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