segunda-feira, 5 de novembro de 2012

COMÉRCIO INTERNACIONAL DO LIXO.





Comércio internacional de lixo já preocupa governos


Comerciantes clandestinos burlam as normas legais e transferem resíduos proibidos


POR JOÃO RICARDO GONÇALVES

Rio -  Remonta à Idade Média o ditado popular que diz que o lixo de um homem é o tesouro de outro. Hoje em dia, o “lixo” de um país passa a ser a riqueza de outro: nações exportam a cada ano centenas de toneladas de materiais que não desejam mais.

O comércio é feito de forma legal e ilegal, segundo autoridades, e causa ganhos e perdas. O governo brasileiro, por exemplo, trabalha para diminuir a quantidade dos resíduos trazidos de fora.

No Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, resíduos sólidos são divididos entre os que podem ser importados (sucata metálica, resíduos de PET e alumínio, entre outros); os que estão proibidos (metais pesados como chumbo, mercúrio e cádmio e eletrônicos usados, entre outros); e os que têm a importação controlada caso a caso.


Foto: O Dia
Arte: O Dia

Materiais que já são reciclados ou coletados por aqui são importados por dois motivos: é mais barato ou a capacidade de reciclagem não atende às necessidades da indústria. “Quando os resíduos estão dentro das regras, a legislação brasileira permite esse tipo de importação”, explica a gerente de resíduos perigosos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso.

Ela afirma, porém, que o governo sabe que há importadores que aproveitam para trazer materiais que não seriam aprovados, declarados como resíduos legais. É o caso de contêineres com lixo hospitalar que chegaram a Pernambuco ano passado, vindos dos EUA.

Em relação a resíduos com utilidade para a indústria, o governo pretende até 2014 diminuir a necessidade de importação. Uma das estratégias é obrigar municípios a adotar coleta seletiva, com a participação de catadores. Outra é estender a logística reversa — obrigatoriedade de fabricantes arcarem com embalagens — a mais produtos.

No caso do alumínio, a importação é necessária

Você sabe de onde saiu a latinha de cerveja que pretende beber hoje? São cada vez maiores as chances de ela ser feita de metal reciclado de fontes tão distintas como Estados Unidos, Albânia ou Oriente Médio. O motivo é que, mesmo com grandes índices de reciclagem, a indústria do alumínio precisa importar 40 mil toneladas de material por ano devido ao aquecimento da economia.

Na semana passada, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade informaram que o país reciclou 248,7 mil toneladas de latas de alumínio para bebidas, das 253,1 mil disponíveis no mercado em 2011. Ainda assim, o número não basta para abastecer a indústria.

Trazer de fora, segundo especialistas, ajuda ainda economizar a energia gasta na fabricação inicial das latas — a usada nas recicladas é 95% menor.

“As empresas que processam as latas têm capacidade instalada maior do que 100% do que é recolhido. Importar, então, se justifica do ponto de vista econômico e ambiental”, explica o coordenador da Comissão de Reciclagem da Abal, Carlos Roberto de Moraes.

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