segunda-feira, 5 de novembro de 2012

POLÍTICA - Eleições americanas.

Conheça dez curiosidades sobre as eleições nos EUA

BBC Brasil




Você já ouviu bastante sobre as políticas de Obama e Romney para melhorar os Estados Unidos, mas... e outras questões menos comuns da eleição americana?

O que significa o gesto estranho que Obama faz com seu polegar? Por que os políticos são chamados de "Sr. Presidente" e "Sr. Governador" para o resto da vida, mesmo quando já deixaram os cargos?

Confira dez curiosidades sobre as eleições presidenciais americanas e sobre a atual campanha.

1) Por que a eleição é sempre na terça-feira?
O comparecimento às urnas nos Estados Unidos está entre os mais baixos entre as democracias. Mais de um quarto das pessoas não vota alegando estar ocupadas demais. Apesar disso, o esforço para mudar o pleito para os fins de semana fracassou, e a tradição é mantida até hoje.

A terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro é a data oficial das eleições americanas desde 1845. Em meados do século 19, os Estados Unidos eram uma nação agrária, e os fazendeiros precisavam de muito tempo para ir aos locais de votação.

Sábado era dia de trabalho, domingo era dia de descanso obrigatório, quarta-feira era dia de mercado. Com isso, a escolha para a votação foi a terça-feira.

2) Os óculos escuros
Joe Biden
Joe Biden faz campanha usando óculos escuros. Por que isso é tão incomum?

Existe algo de peculiar nesta foto? Sim, o vice-presidente Joe Biden está usando óculos escuros em plena campanha eleitoral.

Políticos quase nunca são fotografados usando óculos escuros, especialmente durante atos eleitorais.

Obama desafia o sol forte sem ajuda de óculos escuros quando joga golfe diante das câmeras, e Romney foi retratado recentemente a bordo de um jet-ski também sem o aparato visual.

O consultor de imagem pública Parker Geiger, de Atlanta, diz que as pessoas tendem a confiar menos em alguém se não conseguem ver seus olhos.

"Você simplesmente não consegue ter uma sensação sobre o indivíduo. Não existe contato visual, e é assim que se constroi a confiança. Óculos escuros colocam uma barreira entre você e os demais. Se costuma dizer que os olhos são a janela para a alma, e se eu não consigo ver sua alma, como posso confiar em você?"

3) Em Nevada, é possível votar em "nenhum dos candidatos"
Se você não gosta de um artigo em uma loja, é só não comprá-lo.

O Estado de Nevada é o único que possui a opção "Nenhum destes candidatos" na cédula. A opção está lá desde 1976, e muitos eleitores a escolhem.

A opção é curiosa no sistema eleitoral americano porque – ao contrário do Brasil – o voto não é obrigatório. Caso não queiram votar em ninguém, os eleitores não precisam nem compararecer às urnas.

Apesar disso, em 2010, após uma acirrada campanha eleitoral por uma vaga no Senado, 2,25% dos eleitores escolheram "nenhum" na cédula. O democrata Harry Reid acabou derrotando o republicano Sharon Angle.

4) O gesto do polegar

Romney e Obama
Obama faz seu peculiar gesto com o polegar em debate com Romney

Uma presença constante nos três debates presidenciais foi o polegar de Obama. Em todos os eventos, o presidente falava gesticulando com seu punho firmemente fechado, e o polegar levemente acentuado.

A especialista em linguagem coroporal Patti Wood afirma que o gesto – que pode parecer pouco natural – provavelmente foi ensinado a Obama, em um esforço para tentar fazê-lo parecer mais seguro.

"É uma arma simbólica", diz Wood. "Os oradores recebem aulas de como parecer forte e poderoso, e como conquistar a atenção da plateia."

Em um nível inconsciente, ela diz que o gesto é até mesmo fálico.

"É um gesto sexual masculino. Homens mostram seus polegares e isso diz: 'Eu sou um homem'."

5) Cargos são para a vida toda
Mitt Romney foi governador do Estado de Massachusetts por quatro anos, mas já deixou o cargo há seis anos. Ainda assim, ele é chamado de governador Romney por onde passa, como se fosse um título de nobreza, e não um cargo eletivo.

Os Estados Unidos só têm um presidente por vez, mas mesmo assim George W. Bush e Bill Clinton ainda são chamados de presidente, mesmo quando incluídos em uma frase com Obama.

Por mais estranho que possa ser ouvir a frase "presidentes Clinton e Obama" no noticiário, o "título vitalício" é amplamente aceito, tradicional e até mesmo adequado, segundo Daniel Post Senning, especialista em etiqueta política.

"Isso mostra o apreço que temos por esses cargos – que isto é uma democracia, e que posições importantes viram algo como títulos profissionais", diz Senning.

"É como quando um médico ou um juiz se aposenta. Eles investiram tanto na sua identidade profissional que muitos mantém seus títulos profissionais."

6) O "perdedor" da eleição pode ser o eleito
George Bush e Rutherford B. Hayes
George W. Bush, em 2000, Rutherford B. Hayes, em 1876, foram eleitos sem maioria dos votos

Em quatro ocasiões na história dos Estados Unidos, o candidato com menor número de votos acabou sendo eleito presidente.

Isso acontece porque o vencedor da eleição presidencial precisa conquistar a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, composto por delegados alocados aos Estados de acordo com o tamanho da população. Na maioria dos Estados, o vencedor da maioria acaba levando todos os delegados do Estado no Colégio Eleitoral.

A eleição presidencial americana pode ser vista, na verdade, como 51 pleitos separados (em 50 Estados e na capital, Washington). Quem ganhar 270 votos no Colégio Eleitoral é eleito presidente.

Recentemente, em 2000, George W. Bush recebeu meio milhão de votos a menos do que Al Gore, mas conquistou 271 delegados no Colégio Eleitoral, e acabou vencendo.

É totalmente aceito o fato de que isso pode acontecer novamente agora. Um cenário previsto por analistas indica que Obama conquistaria a maioria dos votos no Colégio Eleitoral e se reelegeria, mas Romney seria o vencedor do "voto popular nacional", ao conquistar muitos eleitores em lugares populosos como Texas e Geórgia.

7) Presidente Romney e vice-presidente Biden. É possível?
Mitt Romney
Um governo com o presidente Mitt Romney e o vice Joe Biden. É possível?

Analistas costumam dizer que a política americana está em seu momento mais dividido em mais de um século. Mas a coisa pode, em tese, piorar muito ainda, com o republicano Romney eleito, e o vice-presidente democrata Joe Biden "reeleito".

Pela Constituição americana, se o pleito terminar empatado no Colégio Eleitoral (algo que acontece em diversas simulações), a decisão sobre o presidente caberia à Câmara dos Representantes.

A maioria nesta casa do Congresso deve permanecer na mão dos republicanos, que escolheriam Romney para a Presidência.

Mas pela mesma cláusula, o vice-presidente é indicado pelo Senado, que deve continuar nas mãos dos democratas, que elegeriam Biden.

"Um empate histórico – que provocaria manifestações que fariam a briga recente sobre o programa de saúde do governo parecer uma parada de Dia de Ações de Graças – parece uma conclusão lógica da paralisia partidária", escreveu na terça-feira a colunista do New York Times Maureen Dowd.

8) Por que essa obsessão com a palavra "folks" ("pessoal" ou "caras", em português)?
"O 'pessoal' ('folks', em inglês) aqui em Iowa entende isso – você não pode fazer a economia crescer de cima para baixo", disse Obama, no dia 17 do mês passado.

"Eu sei que o pessoal está sofrendo", disse Romney no dia 10.

Obama e Romney usam bastante a palavra informal e popular "folks" – muito mais do que se esperaria, considerando o nível cultural e econômico dos dois candidatos.

A palavra é antiga no vocabulário inglês e é mais usada no sul dos Estados Unidos. Essa região é, de acordo com os esterótipos, mais "pé no chão" e menos "metida" do que o resto do país. Mas nem Obama, nem Romney são do sul.

Grant Barrett, editor do dicionário Oxford de gírias políticas americanas, diz que "folks" é uma palavra mais acolhedora e inclusiva do que "people" ("povo" ou "pessoas"), apesar de ter um significado quase idêntico.

"A política americana é um jogo de sulistas", diz Barrett. "É um jogo de falantes, e os sulistas são falantes. No cenário nacional, muitas vezes fomos dominados pelos sulistas."

9) Só um terço dos EUA decide o pleito

Mapa
Estados em azul mostram vitória de Obama; vermelho, vitória de Romney; os demais estão em aberto

No dia 6 de novembro, a eleição americana será decidida por menos de um terço da população. O resultado na maioria dos Estados do país, incluindo quatro dos cinco mais populosos, é tão previsível que candidatos republicanos e democratas sequer se dão ao trabalho de visitá-los durante a campanha.

Eles preferem garantir o apoio nos Estados onde já lideram e concentrar a campanha nos "Estados pêndulo", os indecisos que acabarão decidindo quem obterá 270 votos no Colégio Eleitoral.

A eleição acaba sendo decidida mesmo pelos "Estados pêndulo", onde vivem 30% dos americanos. Para os 70% dos americanos em lugares como Califórnia, Texas, Geórgia e Nova York, seus votos são importantes para confirmar o resultado previsto nas pesquisas, mas dificilmente mudarão o rumo do pleito.

10) Na Dakota do Norte, é possível votar sem se registrar
Dakota do Norte

A Dakota do Norte é o único Estado que não exige que o eleitor se registre. Apesar de ter sido um dos primeiros a fazer o registro de eleitores, no século 19, o sistema foi abolido em 1951.

"O sistema de votação da Dakota do Norte, e a ausência de registro, é baseado no caráter rural do Estado, que tem pequenos pontos de votação", afirma o site do governo do Estado.

"Os pequenos pontos de votação têm o objetivo de garantir que os mesários conheçam quem aparece para votar no dia das eleições, e possam facilmente identificar quem não deveria estar votando ali."

Os eleitores precisam ter mais de 18 anos e estar vivendo na região há pelo menos 30 dias. E ainda assim precisam apresentar documentos de identificação.

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