Quem acompanha o noticiário político dos últimos dias pode pensar que a próxima eleição presidencial vai acontecer em duas semanas, mas só iremos às urnas daqui a dois anos.
Temos muito tempo pela frente para definir agora como estará o cenário em 2014. Basta lembrar que, dois anos antes das eleições, ninguém apostava que Fernando Collor (1989), Fernando Henrique Cardoso (1994) e Dilma Rousseff (2010) pudessem chegar à Presidência da República.
Com almoços, jantares e muitos agrados, a presidente Dilma Rousseff saiu na frente nas articulações para segurar a sua base aliada até a disputa pela reeleição.
Após as eleições municipais, ela já se reuniu com os principais partidos, a começar pelo PT e PMDB, conversou com o PSB de Eduardo Campos e Cid Gomes, separadamente, e nesta segunda-feira completa o ritual num jantar com o PSD de Gilberto Kassab, a nova sigla do poder que já nasceu grande e governista.
Em princípio, tudo bem para os planos da presidente, que vai promover um "ajuste ministerial" no começo do próximo ano para deixar todo mundo contente e poder tocar o barco sem muita marola na segunda metade do seu mandato.
Resta saber com que força a economia brasileira chegará a 2014 e como Dilma se sairá no enfrentamento dos crescentes problemas na infraestrutura, que não são poucos nem pequenos.
Os partidos brasileiros, como sabemos, costumam ser muito pragmáticos nestas questões e, por mais agradáveis que tenham sido os ágapes no Palácio da Alvorada, nada garante a fidelidade eterna dos hoje aliados.
De certo, até agora, temos apenas a criação do 40º ministério, o da Micro e Pequena Empresa, que deverá ficar com Kassab ou quem ele indicar. Dilma não quer falar deste assunto de mudanças no ministério agora porque tem outras questões mais graves e urgentes para resolver, como a paralisação das obras da transposição do São Francisco em plena temporada de seca no nordeste.
Além da pendenga interminável sobre os royalties do petróleo, que ameaça ir parar no STF e atrasar o cronograma dos leilões, o colega Merchiades Filho, em sua coluna de hoje na "Folha", elenca outras áreas sem solução à vista: a do setor elétrico, que ainda não aceitou a mudança nas regras do jogo para baratear as tarifas de energia; as licitações dos aeroportos, que continuam emperradam, enquanto o trem-bala não sai do papel e o plano logístico para os portos continua em discussão.
"Dilma partiu de diagnósticos certos: os gargalos da infraestrutura precisam ser enfrentados e o quadro de depressão econômica reduz a resistência a mexidas regulatórias. Mas, não tendo até agora encaixado uma bola, ela corre o risco de ficar carimbada como a presidente que não produz e não deixa produzir", alerta o colunista.
Do outro lado do campo sucessório, a oposição tucana segue paralisada em sua interminável crise existencial. E o agora "candidato natural" Aécio Neves, sem a sombra de José Serra, não consegue alinhavar qualquer proposta nova para se opor ao governo.
Correndo por fora, mesmo permanecendo por ora na base aliada, Eduardo Campos vasculha um espaço para a terceira via, esperando para ver o que acontece até 2014 chegar e só então decidir o que vai fazer na vida.
Para quem está na arquibancada, o jogo ainda vai demorar para começar.
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