Huck, o pré-Doria, e seu “Partido Novo”
Um bom repórter – neste caso uma repórter, Julia Duailibi – sabe dizer tudo apenas descrevendo fatos e situações.
A matéria com que ela narra as tratativas entre Luciano Huck – o outro neoqueridinho de FHC, além de Doria – para ser candidato de um certo “Partido Novo” à presidência é uma pintura do quem é essa gente e o que ela significa.
Em meados de abril, durante o feriado
da Páscoa, um iate de 120 pés, quatro andares, quatro suítes e duas
cozinhas atracou na Lagoa Azul, em Angra dos Reis, litoral do Rio de
Janeiro. Uma lancha menor foi ao encontro da embarcação, entre famílias
em veraneio e turistas com boias em formato de espaguete. Elas
emparelharam para que o engenheiro e administrador de empresas João
Amoedo e sua mulher pudessem entrar no barco maior. Ali, Amoedo teve um
encontro reservado sobre a conjuntura política do país e o NOVO, partido
do qual é fundador e presidente. Novo, por sinal, foi o adjetivo usado
por Fernando Henrique Cardoso, em uma entrevista à Folha de S.Paulo no começo da semana,
para qualificar o dono do iate com quem Amoedo conversou: o
apresentador de tevê Luciano Huck, apontado pelo ex-presidente como uma
das novidades para a eleição presidencial de 2018.
Um iate de quatro andares! Fui pesquisar e o “mimo” custou R$ 30 milhões, o suficiente para comprar 20 “triplex” como o que se acusa Lula de ter.Este encontro, conta Julia, ocorre depois de outro “no começo de abril deste ano, em Cambridge, durante a Brazil Conference, evento organizado pelos alunos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e de Harvard no qual Huck foi aplaudido de pé.”
Dai em diante uma mosca azul quase tão grande quanto o iate parece ter pousado no nariz do apresentador e ele considera um voo solo, já que aparentemente gorou o plano original de fazê-lo vice de Aécio.
Huck tem ótima relação com FHC e com
o presidente do partido – o senador Aécio Neves, de Minas Gerais –, de
quem é amigo. O mineiro já chegou a dizer que Huck poderia personificar a
renovação do PSDB, inclusive numa disputa majoritária em que Aécio, é
claro, seria o candidato a presidente.
Como não tem mais Aécio, não teria mais Huck tucano, porque o lugar de aventureiro está ocupado no ninho:
“Doria, pelo menos, já tem a
prefeitura para mostrar e é bem avaliado. Huck vai mostrar o quê?
Sorteio de casa nova ou arrumação de carro velho?”, afirmou um líder
tucano sobre as atrações populares do programa do apresentador, aos
sábados, na Rede Globo.
Mas o senhor Dionísio, que tem uma carreira feita no Citibank,
Unibanco, Itaú BBA e na João Fortes Engenharia (aquela empresa cujo
proprietário, Márcio Fortes, é acusado de receber milhões em caixa 2 da
Odebrecht), poderia resolver isso.Quem sabe convida o pessoal do Bolsa Família para dar umas voltas do iate, com direito a farofa e peixe-frito? Se quiserem, bebida por suas próprias contas, podem até fazer feito o Lula e levar uma daquelas geladeiras de isopor.
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