terça-feira, 11 de outubro de 2011

POLÍTICA - Kassab e o fator Meirelles na eleição paulistana.

Do Blog do Rovai

Kassab fez uma jogada de mestre ao filiar Henrique Meirelles ao PSD. Num único lance colocou tucanos e petistas numa situação de reflexão e angústia. Dificilmente o PSDB vai conseguir lançar um candidato mais rico e que represente melhor a elite paulistana do que Meirelles.

Ou seja, a tendência é que o ex-deputado por Goiás tenha uma votação estrondosa nos bairros nobres da cidade. E que por conta das “burras cheias” que terá para a campanha, consiga amealhar a maior parte das lideranças populares pragmáticas que um dia já foram malufistas, depois quercistas e que nos últimos tempos ficaram entre Serra, Kassab e Alckmim. Essas lideranças em geral se opõem ao PT porque seus adversários nos bairros são petistas. E costumam fazer campanha para quem tiver mais chances e pagar melhor.

Ninguém vai ter mais recursos do que Meirelles na campanha. Ele não é só da banca, ele é o homem de confiança da banca. Até por isso ficou oito anos liderando o BC de Lula.


Provavelmente a campanha do candidato-banqueiro vai ser mais rica do que a de Antônio Ermírio de Moraes, em 1986. Na ocasião, o homem do cimento distribuiu carros da marca Gol, zero bala, para apoiadores em todos os cantos do estado. Hoje um golzinho não é algo assim tão encantador. Mas, à época, era alvo de cobiça.

Além disso, conta a favor de Meirelles o fato de que vai ser o candidato do atual governo. E mesmo com Kassab tendo feito uma administração ruim, sua avaliação é regular. E o caixa do governo está abarrotado. Kassab tem mais de 10 bilhões para investir neste último ano de mandato.

Ou seja, sendo candidato Meirelles deve ir para o segundo turno.

Se isso vier a acontecer, o PSDB vai ter um abacaxi grandão para descascar. Dificilmente o partido de Alckmim e Serra vai conseguir construir uma candidatura para derrotar o candidato-banqueiro. Por isso, aliados de Serra já começam a defender uma chapa onde o fiel escudeiro do ex-governador, Andrea Matarazzo, poderia ser o vice de Meirelles.

Seria a chapa da burguesia financeira com a nobreza clássica. Algo não muito popular, mas que poderia evitar que o PSDB passasse um vexame no seu berço.

Alckmin é contra essa operação. Mas pode vir a aceitá-la se perceber que o risco de não levar seu candidato ao segundo turno é grande. E se conseguir de Kassab e de Meirelles o compromisso público de que o apoiarão na reeleição em 2014. Este blogueiro ingênuo dúvida que Alckmin tope assinar contratos com Kassab negociando o futuro. Mas não se pode descartar essa hipótese.

O PT dificilmente ficará de fora do segundo turno, independente de quem vier a ser seu candidato. Mas a entrada de Meirelles no jogo também cria dificuldades para o partido.

O PMDB, por exemplo, ficaria com o PT com ou com Meirelles, seu ex-filiado, num segundo turno? O PSB, que vislumbra uma aliança nacional com o PSD, iria deixar Kassab na mão em São Paulo? Lula teria como criticar Meirelles? Dilma poderia dizer que o banqueiro é pior que o professor ou que a ex-prefeita para administrar a maior cidade do país?

A eleição de São Paulo que tendia a ser uma disputa de muitos candidatos pode polarizar já no primeiro turno com a entrada de Meirelles no jogo. De cara, os partidos vão fazer suas contas e vão perceber que o custo da eleição aumentou. E que os principais financiadores vão ter um candidato em quem confiam integralmente.

Como gestor Kassab é uma lástima. Um prefeito que governa sem criatividade e fazendo no máximo mais do mesmo. Como político, é muito esperto. Conseguiu ser vice de Serra, quando Serra não queria e por imposição de Alckmin. Depois se tornou aliado de primeira hora do então prefeito e o ajudou a partir para o governo de São Paulo, deixando Alckmin na mão. Na sua reeleição, deu aquele famoso nó tático no atual governador, se reelegeu prefeito e ficou quietinho na disputa do governo do estado, deixando Serra tranqüilo para construir sua candidatura à presidência. E quando todos achavam que iria sair da prefeitura sem deixar saudades e sem projetos políticos, criou um partido político e mexeu com todo o quadro eleitoral municipal.

Para finalizar, arrumou um candidato forte à sua sucessão, em São Paulo.

Não é pouca coisa, convenhamos.

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