Pedro do Coutto
Pelo que está publicado na reportagem de Roberto Maltchik, O Globo de ontem, e também em função dos fatos que acontecem nessa matéria, o empresário Carlos Ramos Cachoeira é uma espécie de Homem Fatal de Nelson Rodrigues. Está na galeria onde se encontram o Sobrenatural de Almeida, o Boca de Ouro, o Gravatinha, o Contínuo da Redação, tipos imortalizados pelo gênio que, vivo fosse, completaria cem anos em 2012. O Homem Fatal, creio, é o personagem no qual melhor se encaixa Carlinhos Cachoeira. Isso porque todos aqueles de quem se aproximou, de um modo ou outro sofreram (ou sofrem) reflexos negativos. Alguns bem claros, outros enigmáticos.
No ano de 2000, lembra Roberto Maltchik, o Ministério Público de Goiás recorreu ao Supremo contra uma lei estadual, sancionada no primeiro mandato de Marconi Pirilo, que criou a videoloteria explorada pela empresa Gerplan, de propriedade do Homem Fatal. Foi sorteado relator da matéria o ministro Cezar Peluso. E assim passaram-se cinco anos.
Em 2005, transferiu o processo para o ministro Gilmar Mendes que, dois anos depois, mandou arquivar a ação, portanto em 2007. Não se entende, francamente, como uma solução tão simples demorou todo esse tempo. Nesse ritmo – pode-se supor – as decisões judiciais sobre os processos de hoje vão demandar pelo menos cem anos. Talvez mais. O STF, divulgou recentemente o próprio Peluso, recebe em torno de mil recursos por mês. Mas esta é outra questão.
Voltemos a Cachoeira. São em grande número as demissões de pessoas em consequência de contatos que mantiveram com ele. Não vale a pena nem citar a tempestade em que se envolveu o senador Demóstenes Torres. A chefe de gabinete do novamente governador Marconi Perilo agora pediu demissão. Foi demitido um diretor do INCRA. A exoneração atingiu também um funcionário do Palácio do Planalto, como O Globo publicou. Há poucos dias, o diretor presidente da Delta, Fernando Cavendish, revelou ter demitido um diretor da empresa porque manteve ligação com Cachoeira e teve sua conversa gravada pela Polícia Federal.
O Homem Fatal teve sua prisão decretada e, para defendê-lo, contratou o ex-ministro da Justiça Thomaz Bastos. O senador Demóstenes Torres caiu no alçapão que separa os interesses públicos dos negócios particulares. Pior: desceu ao porão onde se localiza a usina das transações ilegais, portanto criminosas. Demóstenes Torres foi delegado de Polícia e Promotor Público.
No momento o Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams, pede ao ministro Gilmar Mendes que reveja seu despacho de há cinco anos, pois decidiu pela prescrição, quando o caso, a seu ver, não estava prescrito. Desencadeador de tempestades, Cachoeira, pela desenvoltura com que atuava, vai se tornar um personagem inesquecível. Pelo menos durante um bom tempo. Sucede no centro do palco outro homem fatal, Zuleido Veras, diretor presidente da Gautama. Foram tantas as complicações que emergiram de sua atuação à frente daquela empreiteira de obras públicas, que Zuleido assumia o papel de resolver problemas financeiros de políticos.
Mas não foi o protagonista mais famoso. O protagonista mais famoso foi Assis Paim Cunha, dono da Brastel, convocado a Brasília pelo ministro da Fazenda, Ernane Galveas, e pelo presidente do Banco Central, Carlos Geraldo Langoni, para resolver a questão da insolvência da Corretora Laureano. Governo João Figueiredo. Até um avião no Aeroporto Santos Dumont foi colocado à sua disposição. Paim Cunha deslumbrou. Emitiu um volume de letras de câmbio que o levaram à falência. E ao descrédito público Galveas e Langoni.
Como explicar fatos assim? Não tem lógica. São alucinações
Fonte: Tribuna da Internet
Pelo que está publicado na reportagem de Roberto Maltchik, O Globo de ontem, e também em função dos fatos que acontecem nessa matéria, o empresário Carlos Ramos Cachoeira é uma espécie de Homem Fatal de Nelson Rodrigues. Está na galeria onde se encontram o Sobrenatural de Almeida, o Boca de Ouro, o Gravatinha, o Contínuo da Redação, tipos imortalizados pelo gênio que, vivo fosse, completaria cem anos em 2012. O Homem Fatal, creio, é o personagem no qual melhor se encaixa Carlinhos Cachoeira. Isso porque todos aqueles de quem se aproximou, de um modo ou outro sofreram (ou sofrem) reflexos negativos. Alguns bem claros, outros enigmáticos.
No ano de 2000, lembra Roberto Maltchik, o Ministério Público de Goiás recorreu ao Supremo contra uma lei estadual, sancionada no primeiro mandato de Marconi Pirilo, que criou a videoloteria explorada pela empresa Gerplan, de propriedade do Homem Fatal. Foi sorteado relator da matéria o ministro Cezar Peluso. E assim passaram-se cinco anos.
Em 2005, transferiu o processo para o ministro Gilmar Mendes que, dois anos depois, mandou arquivar a ação, portanto em 2007. Não se entende, francamente, como uma solução tão simples demorou todo esse tempo. Nesse ritmo – pode-se supor – as decisões judiciais sobre os processos de hoje vão demandar pelo menos cem anos. Talvez mais. O STF, divulgou recentemente o próprio Peluso, recebe em torno de mil recursos por mês. Mas esta é outra questão.
Voltemos a Cachoeira. São em grande número as demissões de pessoas em consequência de contatos que mantiveram com ele. Não vale a pena nem citar a tempestade em que se envolveu o senador Demóstenes Torres. A chefe de gabinete do novamente governador Marconi Perilo agora pediu demissão. Foi demitido um diretor do INCRA. A exoneração atingiu também um funcionário do Palácio do Planalto, como O Globo publicou. Há poucos dias, o diretor presidente da Delta, Fernando Cavendish, revelou ter demitido um diretor da empresa porque manteve ligação com Cachoeira e teve sua conversa gravada pela Polícia Federal.
O Homem Fatal teve sua prisão decretada e, para defendê-lo, contratou o ex-ministro da Justiça Thomaz Bastos. O senador Demóstenes Torres caiu no alçapão que separa os interesses públicos dos negócios particulares. Pior: desceu ao porão onde se localiza a usina das transações ilegais, portanto criminosas. Demóstenes Torres foi delegado de Polícia e Promotor Público.
No momento o Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams, pede ao ministro Gilmar Mendes que reveja seu despacho de há cinco anos, pois decidiu pela prescrição, quando o caso, a seu ver, não estava prescrito. Desencadeador de tempestades, Cachoeira, pela desenvoltura com que atuava, vai se tornar um personagem inesquecível. Pelo menos durante um bom tempo. Sucede no centro do palco outro homem fatal, Zuleido Veras, diretor presidente da Gautama. Foram tantas as complicações que emergiram de sua atuação à frente daquela empreiteira de obras públicas, que Zuleido assumia o papel de resolver problemas financeiros de políticos.
Mas não foi o protagonista mais famoso. O protagonista mais famoso foi Assis Paim Cunha, dono da Brastel, convocado a Brasília pelo ministro da Fazenda, Ernane Galveas, e pelo presidente do Banco Central, Carlos Geraldo Langoni, para resolver a questão da insolvência da Corretora Laureano. Governo João Figueiredo. Até um avião no Aeroporto Santos Dumont foi colocado à sua disposição. Paim Cunha deslumbrou. Emitiu um volume de letras de câmbio que o levaram à falência. E ao descrédito público Galveas e Langoni.
Como explicar fatos assim? Não tem lógica. São alucinações
Fonte: Tribuna da Internet
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