quinta-feira, 12 de abril de 2012

MÍDIA - A imprensa golpista e o Demóstenes.

Do blog ECONOMIA&POLÍTICA

A imprensa transformou Demóstenes em figura nacional



Do Diário do Centro do Mundo

Demóstenes

Texto de Paulo Nogueira

Usou e foi usado

A imprensa operou uma mágica em Demóstenes Torres: transformou rapidamente um político paroquial e inexpressivo numa personalidade nacional.

Demóstenes, para ganhar uma cobertura extraordinária de jornais e revistas, seguiu a receita clássica: falou o que os outros queriam ouvir. Basicamente, um discurso arquiconservador enfeitado por uma pregação moralista em que o governo era combatido pela ótica da corrupção.

Com isso, Demóstenes se tornou uma presença ubíqua, previsível e maçante na mídia. Ele se juntaria a um coral conservador do qual fazem parte articulistas como Merval Pereira, Ali Kamel, Marco Antonio Villa, Luiz Felipe Condé e Arnaldo Jabor. Todos eles falam, essencialmente, a mesma coisa, frases como que extraídas dos discursos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher nos anos 1980. (Curioso que a nenhum deles ocorra fazer, já com a distância que vinte anos permitem, o balanço da obra que Reagan e Thatcher legaram aos Estados Unidos, ele, e ao Reino Unido, ela: declínio econômico acrescentado de uma elevação notável da desigualdade social. Cada um de seu lado do Atlântico, os dois criaram o que um economista americano chamou, num livro recente, de Nanny State ao contrário – Estados-Babás para os ricos.)
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É vital que haja microfones para o pensamento conservador. Mas onde o contraponto para ajudar o leitor a formar opinião? Hoje, esse contraponto está praticamente confinado à internet no Brasil. Até por razões econômicas – o consumidor de notícias que não se sente representado é sinônimo de perda de circulação e de audiência – é imperioso para a indústria da mídia brasileira a retomada do equilíbrio perdido. O Deus Mercado, para usar uma expressão cara ao conservadorismo, demanda isso. Os leitores — eu incluído — ficarão felizes.

Demóstenes floresceu exatamente num ambiente de perda de pluralidade de idéias na mídia brasileira. Picaretas aparecem assim, porque a filtragem fica rala. Basta dizer coisas como as que Demóstenes dizia, e seu celular vai tocar, chamado por jornalistas que precisam de frases para preencher textos com idéias preestabelecidas. Das entrevistas telefônicas a convites para participar de programas na Globonews ou escrever colunas é um passo. (Numa rápida pesquisa que fiz, vi que Demóstenes tinha até uma coluna no blog de Ricardo Noblat, das Organizações Globo.)

Demóstenes pertencia claramente à categoria dos conservadores de conveniência. Espertalhões como ele sabem como atrair os holofotes, e se adaptam às circunstâncias. Se para conseguir espaço ele tivesse que adotar uma retórica de esquerda, com certeza Demóstenes andaria com um chaveiro de Marx no bolso e repetiria frases de Lenine. Homens como ele têm uma única ideologia: a do dinheiro.

Demóstenes usou a imprensa, com motivos pecuniários, para se promover. Foi usado por ela, por motivos ideológicos. E quem perdeu nisso foi o Brasil: é nociva para a democracia a crença de que todo político é corrupto. E é difícil fugir dessa conclusão ao ler a história de Demóstenes.

Há uma espécie de justiça poética no fato de que a notícia mais importante da política brasileira em muitos anos tenha nascido não da mídia — mas da Polícia Federal. Para a qual seguem aplausos de pé.

Clap, clap, clap

COMENTÁRIO E & P

Quem assistiu o Canal Livre (?) no qual Joemir Betting, Mitre e Teles entrevistaram o Demóstenes Torres pode constatar o que Paulo Nogueira escreveu. Os três jornalistas puxaram o saco do cara o programa inteiro. Dava a impressão de que eram filiados ao DEM. E o Demóstenes se mostrou um político totalmente despreparado, oco, sem projeto de povo e de nação. Se limitou a falar mal do Bolsa Família e frases vazias. E os três jornalistas babando pelas imbecilidades que o senador dizia. O jornalismo brasileiro é ridículo, comprometido com interesses privados e contra o povo brasileiro. Não há nenhuma racionalidade no que dizem. Os jornalistas que alçam postos mais altos são ideologicamente de direita, aliados ao PSDB e DEM, alguns até fascistas, que apoiaram o golpe de estado de 1964 e apoiariam outro golpe se fosse para implantar um regime de direita no Brasil como o de 1964. A maioria defende os interesses dos Estados Unidos, o que ganham com isso ainda não se sabe. Defendem juros altos, como os jornais O Globo e O Estadão criticando a baixa de juros dos bancos estatais quando os juros que os bancos cobram no Brasil não diferem muito do juro cobrado pelos agiotas. É por enaltecer indivíduos como Demóstenes e a prática contra o desenvolvimento brasileiro que a imprensa mercantil perdeu credibilidade. Será que apenas Demóstenes é o bandido nessa história? A imprensa, que o criou, para usá-lo contra o governo brasileiro, não é da mesma laia que Demóstenes?

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