segunda-feira, 2 de abril de 2012

POLITICA - Professor&Doutor

  

Professor & Doutor, que dupla do barulho!



demostenes cachoeira Professor & Doutor, que dupla do barulho!
O Doutor Demóstenes e o Professor Cachoeira/Foto: Montagem R7

Enquanto o Brasil todo não fala de outra coisa, não dá para mudar de assunto. Demóstenes vai renunciar? Vai pedir licença? Vai ser cassado? Ou vai sair assobiando como se não fosse com ele?
A semana começa com novas revelações dos incríveis diálogos entre Professor & Doutor, como carinhosamente se tratavam o "empresário de jogos" Carlinhos Cachoeira e o ainda senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que se tornou conhecido como o Grande Catão de Goiás.
Se alguém falasse em Professor & Doutor duas semanas atrás, poderíamos imaginar que se tratava apenas de mais uma dupla do gênero sertanejo universitário, o sucesso musical do momento.
Cachoeira está provisoriamente fora de circulação, hospedado no presídio de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde dificilmente terá um dia a companhia do seu grande parceiro. Caso contrário, os dois poderiam pensar nesta ideia se tiverem que mudar de ramo.
Muito mais do que bons amigos, Professor & Doutor eram sócios em mil e um interesses, que vão da nomeação de funcionários públicos a negócios envolvendo laboratórios, empreiteiras, empresas de segurança e comunicação, sem falar da legalização de jogos ilícitos, outro tema das conversas capturadas nas escutas telefônicas da Operação Monte Carlo deflagrada pela Polícia Federal.
Para se ter uma idéia da afinidade e do alto nível da dupla ao tratar de assuntos que passeiam por vários artigos do Código Penal, reproduzo abaixo alguns trechos dos já famosos diálogos telefônicos entre Professor & Doutor publicados pela revista "Veja" desta semana.
O primeiro trata de interesses do laboratório Vitapan, que pertence ao grupo de Cachoeira.
Demóstenes _ Fala, professor!
Cachoeira _ Doutor, aquele negócio daquele rapaz do Enio que trabalha na Anvisa, pô. Podia pôr ele com o Wladimir aí pro Wladimir olhar nossas coisas com ele. O tal de Rech... (cai a ligação).
Demóstenes _ Ô, Professor! Tá ouvindo aí?
Cachoeira _ Tô ouvindo. Aquele... O Norberto... Você teve com ele ontem pra olhar aqueles trem que eu pedi? (Norberto Rech, segundo a PF, é diretor adjunto da Anvisa, orgão do Ministério da Saúde que fiscaliza laboratórios).
O senador, ou melhor o Doutor, é rápido no gatilho, e dez minutos depois já dá o retorno para o Professor:
Demóstenes _ O Norberto tá esperando os dois lá às 2 da tarde. Eu falei pra ele (...) que a empresa está disposta a montar uma unidade lá em Santa Catarina. Então fala pro Wlademir dar corda nisso aí e depois nós descemos em Santa Catarina e falamos com o Enio, falamos com ele. Cê entendeu? Faz um acerto mais amplo. Entendeu?
Cachoeira _ Excelente, doutor. Obrigado!
Os diálogos seguintes, todos de abril do ano passado, mostram Demóstenes pedindo ajuda para uma agência de publicidade que quer participar de licitações para a Copa do Mundo, em Mato Grosso, e Cachoeira solicitando a intervenção do senador para resolver uma pendência no Ibama.
Demóstenes _ Tô achando que este trem de Ibama não vai resolver nada pra ele, não. Tô às ordens, mas acho que é melhor ir por cima. Eu tenho acesso bom à ministra.
Cachoeira _ À ministra?
Demóstenes _ Ministra! A Ministra lá do Meio Ambiente. O Ibama é subordinado a ela, uai!
E vai por aí. Poderia ser uma conversa entre cliente e despachante ou entre sócios de uma loja de carros usados, nada que pudesse lembrar a atividade de um senador da República, ainda mais daquele que se considerava _ e era tratado pela imprensa _ como o mais honesto de todos durante os seus nove anos no Congresso Nacional.
Poucos dias atrás, quando subiu à tribuna pela primeira e última vez para se defender das acusações, Demóstenes recebeu apartes de apoio de 44 senadores, todos se solidarizando com ele e elogiando a sua atuação como parlamentar probo e cidadão honrado.
Agora, foi abandonado até pelo DEM, partido que ele liderava no Senado antes de estourar a Operação Monte Carlo. Sob o alto comando de José Agripino Maia e ACM Neto, o partido deu um ultimato até a manhã desta terça-feira para o senador se explicar.
A esta altura do campeonato, porém, só o seu advogado de defesa, meu amigo Antonio Carlos de Almeida Castro, o popular Kakai, ainda acredita nas palavras do Doutor Demóstenes, amigo e parceiro do Professor Cachoeira. Até porque, advogado é pago para isso mesmo.
No texto do Balaio de domingo, comparei esta história toda a uma tragédia grega, mas agora, pensando bem, o enredo está ficando mais para uma chanchada, como escreveu meu colega Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa. Pena que Oscarito e Grande Otelo não estejam mais entre nós.
Segurem-se nas cadeiras e aguardem os próximos capítulos. Até agora, afinal, ainda não apareceu quase nada sobre as altas transações da dupla em Goiás, onde fica o centro operacional do grupo.
Fonte: Blog R7 do Ricardo Kotscho.

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