"Populismo" é invenção da direita
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
O conceito “populismo” sempre foi elástico e subjetivo. Contudo, em
alguns momentos da história chegou a fazer sentido. No século passado,
porém, não era usado apenas para caracterizar a forma de governar de
políticos de esquerda como hoje. O caudilho, que por definição governa
de forma populista, poderia ser partidário de qualquer ideologia.
Em resumo, caudilho seria um chefe político que governa acima dos partidos e que adota medidas populistas (demagógicas) que agradam aos governados independentemente de serem viáveis, o que, por essa teoria, no médio e no longo prazos terminariam por causar mais malefícios do que benefícios.
No Brasil, o “caudilho populista” mais famoso é Getúlio Vargas, ainda que outros políticos trabalhistas como Leonel Brizola tenham sido associados a essa pecha.
A história do “populismo”, no entanto, importa menos do que o uso contemporâneo desse conceito, tal como vem sendo empregado na América Latina e, mais precisamente, na América do Sul ao longo do século XXI, período em que líderes de esquerda ascenderam ao poder por toda a região e a revolucionaram econômica e socialmente.
O recém-falecido Hugo Chávez foi proclamado “caudilho” e “populista” por ter contrariado interesses econômicos dos Estados Unidos e de classe social na Venezuela, e exportado um modelo de organização social e econômica para vários outros países da região, dos quais os governantes também foram rotulados como “populistas”.
O conceito contemporâneo de populismo, assim, tem servido para grupos de direita tentarem subverter a imagem de governos que vem reduzindo a pobreza e distribuindo renda e que, por isso, tornaram-se extremamente populares.
Com efeito, para a direita latina o venezuelano Chávez foi populista, o brasileiro Lula é populista, o boliviano Evo Morales é populista, o equatoriano Rafael Correa é populista, e por aí vai.
A direita sempre tentou vender, sobretudo aos povos de Terceiro Mundo, a premissa de que para a vida de um povo melhorar ele precisa antes passar pelo inferno. Distribuir renda, reduzir a pobreza, gerar empregos suficientes para que a demanda por mão-de-obra aumente e, assim, os salários se valorizem, tudo isso seria negativo.
Acredite quem quiser.
Governante bom seria aquele que “planta” hoje para que o povo colha benefícios no futuro. E se essa premissa lhe soa familiar, não é à toa.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nunca foi chamado de populista porque seu governo dito “responsável” não trouxe benefícios imediatos – ou tardios. Por isso, você sempre lê ou escuta na mídia que FHC “plantou”.
FHC não é nem foi populista porque seu governo foi impopular – terminou seu segundo mandato com 85% de rejeição. E foi impopular porque ao fim de seus oito anos de governo a inflação, o desemprego e a dívida externa explodiram, o país não tinha crédito ou credibilidade no exterior, enfim, foi uma época em que a vida dos brasileiros piorou muito.
Eis por que todo reacionário, quando confrontado com a popularidade dos governantes latino-americanos mal chamados de “populistas”, vem com aquela história de que Hitler também era popular, como se impopularidade fosse sinônimo de qualidade de um governante.
Dia desses assisti ao filme A Dama de Ferro, com Meryl Streep no papel da ex-premiê britânica Margareth Tatcher. O que se nota é a verdadeira obsessão da direita pela impopularidade, que denotaria “coragem” de tomar medidas impopulares que, em tese, depois produziriam efeitos benfazejos – o que, como se sabe, nunca acontece.
Em resumo, é a velha história de primeiro fazer o bolo crescer para depois dividir. Contudo, como bem sabem os brasileiros, o bolo cresce, cresce e nunca é dividido coisa nenhuma.
Populismo, portanto, é um conceito que busca deturpar a popularidade de um político associando-a à demagogia, como se ser popular fosse indicativo de não ser bom governante quando é justamente o oposto, pois se quem governa é popular é porque seu governo está satisfazendo a população.
Por fim, uma péssima notícia para os devotos dessa teoria canhestra: após anos sendo governados por “populistas”, os povos da América Latina entenderam que não é preciso sofrer indefinidamente para que um dia – que nunca chega – atinjam o bem estar social. O conceito “populismo”, hoje, só faz sentido para uns poucos reacionários endinheirados.
Em resumo, caudilho seria um chefe político que governa acima dos partidos e que adota medidas populistas (demagógicas) que agradam aos governados independentemente de serem viáveis, o que, por essa teoria, no médio e no longo prazos terminariam por causar mais malefícios do que benefícios.
No Brasil, o “caudilho populista” mais famoso é Getúlio Vargas, ainda que outros políticos trabalhistas como Leonel Brizola tenham sido associados a essa pecha.
A história do “populismo”, no entanto, importa menos do que o uso contemporâneo desse conceito, tal como vem sendo empregado na América Latina e, mais precisamente, na América do Sul ao longo do século XXI, período em que líderes de esquerda ascenderam ao poder por toda a região e a revolucionaram econômica e socialmente.
O recém-falecido Hugo Chávez foi proclamado “caudilho” e “populista” por ter contrariado interesses econômicos dos Estados Unidos e de classe social na Venezuela, e exportado um modelo de organização social e econômica para vários outros países da região, dos quais os governantes também foram rotulados como “populistas”.
O conceito contemporâneo de populismo, assim, tem servido para grupos de direita tentarem subverter a imagem de governos que vem reduzindo a pobreza e distribuindo renda e que, por isso, tornaram-se extremamente populares.
Com efeito, para a direita latina o venezuelano Chávez foi populista, o brasileiro Lula é populista, o boliviano Evo Morales é populista, o equatoriano Rafael Correa é populista, e por aí vai.
A direita sempre tentou vender, sobretudo aos povos de Terceiro Mundo, a premissa de que para a vida de um povo melhorar ele precisa antes passar pelo inferno. Distribuir renda, reduzir a pobreza, gerar empregos suficientes para que a demanda por mão-de-obra aumente e, assim, os salários se valorizem, tudo isso seria negativo.
Acredite quem quiser.
Governante bom seria aquele que “planta” hoje para que o povo colha benefícios no futuro. E se essa premissa lhe soa familiar, não é à toa.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nunca foi chamado de populista porque seu governo dito “responsável” não trouxe benefícios imediatos – ou tardios. Por isso, você sempre lê ou escuta na mídia que FHC “plantou”.
FHC não é nem foi populista porque seu governo foi impopular – terminou seu segundo mandato com 85% de rejeição. E foi impopular porque ao fim de seus oito anos de governo a inflação, o desemprego e a dívida externa explodiram, o país não tinha crédito ou credibilidade no exterior, enfim, foi uma época em que a vida dos brasileiros piorou muito.
Eis por que todo reacionário, quando confrontado com a popularidade dos governantes latino-americanos mal chamados de “populistas”, vem com aquela história de que Hitler também era popular, como se impopularidade fosse sinônimo de qualidade de um governante.
Dia desses assisti ao filme A Dama de Ferro, com Meryl Streep no papel da ex-premiê britânica Margareth Tatcher. O que se nota é a verdadeira obsessão da direita pela impopularidade, que denotaria “coragem” de tomar medidas impopulares que, em tese, depois produziriam efeitos benfazejos – o que, como se sabe, nunca acontece.
Em resumo, é a velha história de primeiro fazer o bolo crescer para depois dividir. Contudo, como bem sabem os brasileiros, o bolo cresce, cresce e nunca é dividido coisa nenhuma.
Populismo, portanto, é um conceito que busca deturpar a popularidade de um político associando-a à demagogia, como se ser popular fosse indicativo de não ser bom governante quando é justamente o oposto, pois se quem governa é popular é porque seu governo está satisfazendo a população.
Por fim, uma péssima notícia para os devotos dessa teoria canhestra: após anos sendo governados por “populistas”, os povos da América Latina entenderam que não é preciso sofrer indefinidamente para que um dia – que nunca chega – atinjam o bem estar social. O conceito “populismo”, hoje, só faz sentido para uns poucos reacionários endinheirados.
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