quarta-feira, 20 de março de 2013

POLÍTICA - Serra é um morto-vivo políticamente.

Serra está de volta à sucessão presidencial. Não quer apoiar Aécio e ameaça deixar o PSDB.

Carlos Newton

O partido dos tucanos está voando de banda, sem saber o rumo certo. A ala paulista, que comanda o partido com mão de ferro desde sua fundação, não quer abrir espaço para os mineiros, e o governador Geraldo Alckmin já disse e redisse ao senador Aécio Neves que discorda do seu projeto de assumir a presidência do PSDB neste ano para preparar o lançamento de sua candidatura ao Planalto em 2014.

Na semana passada, Alckmin manifestou sua discordância em um jantar no apartamento de Aécio em Brasília, na frente de outros cinco governadores tucanos e dos principais dirigentes da sigla. Alckmin afirmou que Aécio “não precisaria” presidir o PSDB para se viabilizar como candidato e sugeriu que a projeção que ele ganharia no cargo seria prejudicial para suas aspirações presidenciais, ao colocá-lo em atrito permanente com o governo. Os outros governadores ficaram calados.
A escolha de Aécio como presidente do PSDB é considerada, por seus aliados, uma etapa essencial. Eles farão uma nova ofensiva para tentar vencer as resistências dos tucanos paulistas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já marcou um encontro com Alckmin.
Não vai adiantar nada, mas FHC quer ouvir os argumentos do governador e vai pedir sua ajuda para apaziguar as relações de Aécio com o ex-governador José Serra, que sonha em ser candidato novamente e até ameaça deixar o partido.
Aliados de Serra dizem que ele não apoiará a candidatura de Aécio e poderá até abandonar o PSDB se seu grupo não ganhar cargos na burocracia partidária. O isolamento poderia ainda levar Serra a trocar o PSDB pelo PPS.
O certo é que Serra não apoiará Aécio em hipótese alguma. Está dando o troco, porque na eleição de 2002, Aécio ficou mineiramente em cima do muro e não apoiou Serra contra Lula.
AÉCIO BUSCA DIÁLOGO
A repórter Gabriela Guerreiro, da Folha, revela que, na tentativa de minar as resistências à sua eleição para a presidência do PSDB,  Aécio esteve na noite de segunda-feira (18) em São Paulo, onde se reuniu com Serra por três horas. Na terça-feira (19), foi a vez de Alckmin conversar com o senador.
Alckmin repetiu que não quer Aécio assuma controle do PSDB. O senador e governador deixaram o encontro afirmando que, até maio, irão encontrar uma saída para eleger uma “boa direção partidária”.
Aécio disse que o PSDB de São Paulo e Serra terão “grande destaque” no projeto da sigla. “A minha convicção é que teremos o Serra não apenas dentro do projeto, mas com destaque nesse projeto”, afirmou, acrescentando que Serra não pediu cargos na futura executiva do PSDB, que será eleita na convenção marcada para maio.
Aécio negou que Serra esteja disposto a se filiar a PPS.  “Serra conversa com muita gente. Mas não há nenhum sinal de que ele vá [para o PPS]. Não vejo nenhum movimento que o distancie do PSDB. Temos o mesmo objetivo em comum, de apresentar uma alternativa a esse modelo que está aí”, disse Aécio.
Traduzindo: muita conversa fiada e nada decidido. O PSDB segue em crise.

CORRIDA SUCESSÓRIA
No momento, são pré-candidatos à eleição presidencial os seguintes personagens: Dilma e Lula, pelo PT;  Aécio e Serra, pelo PSDB; Campos, pelo PSB; Marina, pela Rede; Gabeira, pelo PV, e até Ciro Gomes, que pode ter uma recaída, abandonar o PSB e se filiar a algum partido até o final de setembro deste ano, prazo fatal para troca-troca de legendas.
Como cada partido só pode lançar um candidato, se Lula quiser disputar, Dilma terá de buscar alternativa no PDT ou até no PSB, com Eduardo Campos de vice. E se o PSDB confirmar Aécio, Serra sai e concorre pelo PPS, embolando tudo.
Está ficando interessante essa sucessão.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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