Vista do Planalto Central, não se tem ilusão sobre a virulência da
velha mídia em 2014. Mas há dúvidas sobre a intensidade dos ataques em
relação às últimas eleições.
Hoje em dia, a situação dos grupos de mídia é significativamente
mais frágil do que a de quatro anos atrás. E não há sinais de que o PSDB
disponha de fôlego financeiro para apoiar a campanha midiática.
- Tome-se o caso do Estadão, diz um dos estrategistas do governo.
Está à venda. Hoje em dia, consegue a cobertura mais sóbria, separando a
notícia dos editoriais. Daqui para frente o que irá fazer? Atropelar o
noticiário para fazer política ou preservar a imagem para ser vendido?
A mídia impressa já jogou a toalha em relação ao papel. O Globo já
deu início a uma estratégia para, dentro de cinco anos, abandonar
definitivamente o papel. Vindo para a Internet, os jornais têm
audiência, mas sem o peso enorme dos tempos em que a informação
concentrava-se em quatro grupos e nas manchetes do papel impresso.
Por isso, a estratégia do Planalto será deixar que o avanço da
Internet democratize as comunicações e o poder dos grupos de mídia se
dilua naturalmente.
Lamenta-se a mudança de rota do Valor Econômico, até algum tempo
atrás considerado o mais sóbrio dos diários. Houve uma mudança
perceptível no tom do noticiário e nas manchetes após uma reportagem
sobre o estilo de governar de Dilma Rousseff, que acabou disseminando a
imagem de arbitrária e casca grossa.
A reportagem baseou-se exclusivamente no depoimento do ex-MInistro
Nelson Jobim, que saiu magoado do governo. Várias fontes do Palácio
foram consultadas e rebateram a maneira como se traçou o perfil. Foi em
vão. A reportagem captou um sentimento difuso sobre a suposta grosseria
de Dilma e acabou alimentando a onda. Deste então, houve a mudança na
linha editorial.
Não foi possível entender as razões do MEC ter adquirido mais de R$
2,5 milhoes em assinaturas da revista Nova Escola, da Editora Abril.
Não se negociou nenhuma trégua com a Abril. Pelo contrário, há semanas
correm boatos de mais uma das capas tradicionais de Veja contra um
auxiliar direto de Dilma. Além disso, a linha da revista,
preconceituosa, ideológica, não recomendaria nenhuma publicação da Abril
como material educacional, ainda mais em compra oficial do MEC.
Não foi possível apurar as circunstâncias que cercaram essa compra.
Mas atendeu a interesses internos do próprio MEC, não do Planalto.
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