Ele
O
deputado republicano Mike Rogers, presidente do Comitê de Inteligência
da Câmara, renovou suas alegações de que Edward Snowden recebeu ajuda
“de fora” na coleta e vazamento de arquivos da NSA. Embora essa
declaração esteja rendendo machetes, a verdadeira notícia é que Rogers
está realizando uma campanha de desinformação contra Snowden.
"Eu
acredito que há uma razão para ele acabar nas mãos, nos braços
amorosos, de um agente da FSB [o serviço de espionagem russo] em Moscou.
Eu não acho que seja uma coincidência", Rogers declarou .
Significativamente,
as alegações feitas por Rogers não têm nada de novo. Não só não existe
qualquer nova prova ou indicação nesse sentido, como ele está repetindo o
que já disse em dezembro.
"Sabemos
que ele fez algumas coisas que estavam além de sua habilidades. O que
significa que teve a ajuda de outra pessoa para tentar roubar as coisas
dos Estados Undos, o povo dos Estados Unidos e os dados confidenciais
que usamos para manter a América segura", afirmou Rogers no fim do ano
passado.
Ao levantar essa suspeita, Rogers está tentando levar Snowden ao tribunal da opinião pública.
Consciente
de que a mídia internacional tende a retratar Snowden como um heroi -- o
New York Times pediu-lhe clemência --, Rogers está empreendendo uma
campanha de difamação, fazendo acusações infundadas e posando como o
mensageiro de um furo histórico que não passa de especulação.
Não
há nenhum resquício de evidência para justificar essas declarações. No
mês passado, um relatório da NSA concluiu não havia nada que dissesse
que Snowden tinha tido auxílio interno ou externo.
De
acordo com o New York Times, os agentes do FBI que trabalham no caso
continuam sustentando que ele baixou sozinho, metodicamente, os arquivos
ao longo de vários meses enquanto trabalhava no Havaí.
Além
do mais, se Snowden foi realmente conivente com o FSB, é duvidoso que
teria fugido para Hong Kong, onde poderia facilmente ter sido preso ou
sequestrado por agentes da CIA e enviado de volta para os EUA para
enfrentar acusações de traição.
Muito
provavelmente, Snowden é exatamente o que aparenta ser: um ser humano
apenas decente que optou por agir como um herói, parafraseando o grande
romancista John Le Carré em sua descrição de Barley Scott Blair, o
personagem principal de “A Casa da Rússia”.
Se
sua mãe era uma comunista, se ele estudou as obras de Louis Althusser
ou Jurgen Habermas em seu tempo livre ou se mantinha um pôster de Che
Guevara em seu apartamento no Havaí, Edward Snowden revelou ao mundo que
o Big Brother está aqui nos observando muito mais de perto do que
qualquer um de nós ousaria imaginar.
Nada
muda o fato de que ele nos contou a verdade sobre a guerra de alta
tecnologia que está sendo travada a cada segundo de nossas vidas.
Agora: por que o Brasil não tira Edward Snowden do frio?
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