A evasão fiscal nos Estados Unidos atinge níveis alarmantes.
Supercasa de Bill Gates: a Microsoft é mestra em evasão de impostos
O artigo abaixo foi publicado, originalmente, no site Common Dreams. O autor é o jornalista Robert Scheer, editor do site Truthdig.com e colunista do jornal The San Francisco Chronicle.
Jovem:
procure um paraíso fiscal para evitar o pagamento de impostos. Fique
inteiramente à vontade em terras estrangeiras, e se você entrar em
apuros, o Tio Sam irá correndo para ajudá-lo diplomaticamente,
economicamente e militarmente, mesmo que você tenha conseguido evitar o
pagamento por esses serviços governamentais. Basta fingir que você é uma
corporação multinacional.
Essa
é a instrução sincera para o sucesso empresarial fornecida por 60 das
maiores empresas americanas que, segundo uma análise do jornal Wall
Street Journal, "colocaram um total 166 bilhões de dólares no ano
passado em paraísos fiscais". Mais de 40% de seus lucros escaparam,
assim, dos impostos cobrados nos Estados Unidos. Todos fazem isso,
incluindo Microsoft, GE, o gigante farmacêutico Abbott. Muitos, como a
GE, são tão bons nisso que têm evitado totalmente impostos nos anos
recentes.
Mas
todos eles ainda esperam que o Tio Sam venha em seu auxílio com poder
de fogo militar, no caso de os nativos ficarem inquietos e nacionalizar
ativos da empresa. Nós ainda temos um bloqueio contra a Cuba de Fidel
Castro porque, mais de meio século atrás, os cubanos ousaram
nacionalizar uma companhia telefônica de propriedade americana. Neste
mesmo período, temos consistentemente intervindo militarmente em outros
países para manter o controle das corporações dos EUA sobre os recursos
do mund. Países como Iraque e Líbia têm que permanecer seguros para
nossas companhias de petróleo.
Corporações
multinacionais dos EUA ainda precisam da Marinha para proteger as rotas
marítimas e do Departamento de Comércio dos Estados Unidos para
proteger os direitos autorais. Também esperam que o Banco Central e o
Departamento do Tesouro estejam aptos a fornecer ajuda e dinheiro
barato.
Eles
querem um governo dos EUA enorme para financiar avanços científicos,
educar a força de trabalho futura, sustentar a infraestrutura e fornecer
lei e ordem no âmbito doméstico, mas simplesmente não acham que devem
ter de pagar por isso. O governo dos EUA existe para fazer
principalmente o mundo seguro para as corporações multinacionais, mas
elas não sentem nenhuma obrigação de pagar por essa proteção.
Pense
nisso quando você for pagar seus impostos nas próximas semanas, e
considere que você tem que cobrir a lacuna deixada por travessuras dos
meninos grandes. Além disso, quando você contemplar os cortes dolorosos
que estão sendo feitos em projetos sociais, lembre que, como o Wall
Street Journal estimaou, aquilo que apenas 19 dessas empresas deixaram
de recolher em impostos seria mais do suficiente para cobrir os 85
bilhões de dólares que geraram um impasse em torno do Orçamento no
Congresso.
Os
mais hábeis neste jogo são as empresas de tecnologia e as de saúde,
que, como uma investigação do Senado no ano passado revelou, viraram
especialistas em transferir faturamento para países de impostos baixos.
No ano passado, a Microsoft elevou em 16 bilhões de dólares a parcela no
exterior de seu faturamento global. Com isso, 60, 8 bilhões do
faturamento da companhia em 2012 escaparam da tributação americana.
A
Oracle aumentou sua participação estrangeira em um terço, Incluindo
novas subsidiárias em países de impostos baixos como a Irlanda. A Abbott
estima que economizou 1,6 bilhão de dólares em impostos dos EUA através
de suas operações em mais de uma dúzia de países. Quase todo o
faturamento da Johnson & Johnson -- 14,8 de 14,9 bilhões dólares –
está declarado no exterior, mas mesmo assim a empresa afirma ser uma
empresa dos EUA.
Uma
das companhias mais familiares aos americanos, a GE, que em uma época
mais inocente contratou Ronald Reagan para fazer propaganda de seus
produtos, é uma das campeãs em evasão. Hoje dois terços dos empregados
da GE estão no exterior. A empresa evitou impostos nos Estados Unidos
nos últimos dois anos e tem 108 bilhões de dólares depositados no
exterior.
Reagan como garoto propaganda da GE
Dois
anos atrás, o presidente Obama nomeou o CEO da GE Jeffrey Immelt para
comandar seu Conselho de Empregos, apesar do fato de Immelt ter cortado a
força de trabalho de sua empresa dos EUA por um quinto. A excelênia da
GE não está mais na fabricação de aparelhos, mas na manipulação
financeira.
Para todas estas corporações, o amor pelo lucro é maior do que a lealdade para o país
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