ROLEZINHO: UMA COLOSTOMIA NO CINISMO E NO PRECONCEITO DE CLASSES. NO SHOPPING DA FAMÍLIA JEIRESSATI, PRETO, POBRE E PUTA, SÓ A SERVIÇO.
|Medo de 'rolezinho' faz JK Iguatemi barrar menores e até funcionários
Após pedido do shopping, Justiça estabeleceu multa para quem participasse do evento
11 de janeiro de 2014 | 18h 24
Alex Silva/Estadão
Polícia em frente ao shopping JK para impedir o rolezinho.
(Atualizado às 18h39)
SÃO PAULO - Marcado para o início da tarde deste sábado, 11, o "Rolezaum
no Shoppim", no JK Iguatemi, na zona sul de São Paulo, não aconteceu,
mas causou apreensão entre lojistas e a administração do shopping. O
evento tinha cerca de 2.200 confirmados no Facebook, mas segundo seu
próprio criador, o professor de Inglês Giancarlo Ferreira, de 23 anos,
tudo não passava de uma brincadeira. "Estamos buscando nossa criança
interior e essa é apenas uma maneira de conectar pessoas em um ambiente
seguro e confortável", disse ele.
As portas de abertura automática do shopping permaneceram desligadas até
por volta das 16h, e os seguranças organizaram uma espécie de
"seleção" na entrada. Menores de idade (ou quem parecesse menor de
idade) desacompanhados eram barrados e só podiam entrar se comprovassem
trabalhar no local.
"Eu cheguei e me pediram um documento. Quando apresentei, eles
perguntaram se eu trabalhava aqui e pediram um cartão da loja. Aí não
explicaram nada e me deixaram entrar", contou Enock Reis, de 21 anos,
vendedor da Luigi Bertolli.
Na entrada do shopping, um cartaz avisava que o "Rolezaum" tinha sido
proibido por uma liminar de Justiça e que os participantes poderiam
receber multar de R$ 10 mil. "A imprensa tem noticiado reiteradamente os
abusos cometidos por alguns manifestantes. Ressalta-se que não se
pretende impedir o direito de manifestação, mas este deve ser exercido
dentro de limites que facilmente se extraem da interpretação sistemática
do arcabouço constitucional", diz a liminar do juiz Alberto Gibin
Villela, da 14ª Vara Cível da Comarca de São Paulo.
O próprio Giancarlo não compareceu ao "Rolezaum". "Estava de ressaca e
não consegui acordar", contou ele, que também não sabe de ninguém que
tenha ido até o JK. De acordo com o professor, o shopping - um dos mais
caros da cidade - foi escolhido porque ainda não havia sido organizado
nenhum evento do tipo lá. "Não esperava toda essa repercussão",
garantiu. Giancarlo nega ainda que a brincadeira tenha sido uma crítica.
"Deixo as críticas sociais para a academia."
"Se eu soubesse desse evento nem teria vindo aqui. Poderia ter sido
roubado no meio da confusão. Vi carros da polícia quando cheguei, mas
imaginei que uma loja tinha sido assaltada, e não que havia
possibilidade de arrastão", comentou o consultor de vendas José Braz.
A notícia de que um "rolezinho" poderia ter acontecido no JK Iguatemi -
um dos shoppings mais caros da cidade - também causou descrença entre
alguns frequentadores. "Tem gente falando que esses rolezinhos são uma
manifestação de vanguarda, mas isso é uma grande bobagem. E duvido que
fosse acontecer aqui. Esse shopping é do Jereissati. Se acontece alguma
coisa, o governador manda um batalhão inteiro da Policia Militar",
afirmou o advogado João Antônio Carlos da Silva, que fazia compras ao
lado da mulher e da filha na tarde deste sábado.
Em nota, o shopping limitou-se a afirmar que "tem como procedimento
padrão atuar para garantir a segurança e a tranquilidade de seus
clientes, lojistas e colaboradores visando conforto nas compras, lazer,
cultura e entretenimento".
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