Pedro do Coutto
A pesquisa do Datafolha, encerrada quinta-feira e publicada na edição de sábado da Folha de São Paulo, reportagem de Fernando Rodrigues, confirma o forte avanço alcançado pela candidatura de Dilma Roussef às eleições presidenciais deste ano e também, o que é importante para análise dos números, um recuo acentuado de Jose Serra. O candidato da oposição desceu 5 degraus em relação ao levantamento de abril feito pelo mesmo instituto.
Para o Datafolha, Marina Silva permaneceu com 12%, Dilma avançou 6. Resultado final, ela 37 e o ex-governador de São Paulo também 37%. Traçando-se um panorama geral, os dados coincidem com os do Vox Populi, revelados há cerca de dez dias. O Vox Populi apontou uma subida de Roussef de 29 para 38 e uma queda de Serra de 38 para 35%. Os dois institutos concordaram com a progressão de Dilma e um declínio de Serra.
Se examinarmos com atenção, e sobretudo com isenção, vamos verificar que a subida de uma e a descida de outro, nas duas pesquisas conduzem à mesma soma de 12 pontos. Depois do resultado do Datafolha, não há como negar a evidência que os percentuais assinalam. Não se trata de torcer por esta ou aquele, trata-se de constatar. É preciso interpretar e dar personalidade aos números.
Eles acentuam uma tendência preocupante para Serra, da mesma forma que certamente entusiasmam Dilma. Isso porque enquanto a candidata de Lula encontra-se em ascensão, o candidato do PSDB tem que conter a redução das intenções de voto a seu favor. Este aspecto, inclusive, o Datafolha revela quando focaliza as taxas de rejeição, que também pesquisou. De abril a maio, o índice de rejeição de Dilma desceu de 24 para 20%. O de Serra cresceu de 24 para 27%. Enquanto isso, a aprovação do governo Lula aumentou no mesmo período de 70 para 76 pontos. Dezenove por cento o consideram regular. E apenas 5% ruim e péssimo. Uma pequena parcela, como se vê. Isto influi nos rumos da campanha.
O que José Serra fará para neutralizar esta realidade? Alguns comentaristas, entre eles o próprio Fernando Rodrigues, atribuem o avanço da ex-chefe da Casa Civil à presença do presidente da República no espaço partidário do PT, na televisão. Sem dúvida foi isso. E será isso principalmente a partir de agosto quando começa o horário político eleitoral livre na TV e no rádio. O tempo que cada candidato dispõe é uma face da questão, mas não toda ela. O espaço na mídia eletrônica tem que ser usado de forma convincente e despertar entusiasmo. Caso contrário, não adianta nada. Assim, o problema não é só o tempo, mas principalmente a utilização eficiente dele. Ser ou não ser, como disse o poeta, eis a questão essencial.
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