Enquanto os nossos “sabichões” não cansam de destilar seu despeito e rogar praga para o acordo obtido pelo Brasil no Irã, a parte do mundo que pensa acha exatemento o contrário. Hoje, o sr. Graham Fuller, ex-vice-presidente do Conselho de inteligência da CIA publica um artigo no Estadão dizendo que muito mais importantes que a eventual aprovação de sanções ao Irã na ONU “mais importante do que isso é a sutil mudança nas relações internacionais introduzida pelos gestos de Brasil e Turquia”.
Fuller afirma que “duas potências de médias proporções acabam de desafiar a tutela de Washington na definição da estratégia nuclear em relação ao Irã e seguiram uma iniciativa própria para persuadir o país a aceitar um acordo. Além de inteiramente independente, a iniciativa avançou mesmo diante dos alertas consideravelmente grosseiros feitos pelos americanos, que pediam aos países o abandono das tentativas de negociação – apesar de seus termos serem muito semelhantes aos da proposta feita ao Irã pelos EUA no ano passado. Para piorar, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, ousaram obter sucesso em suas negociações com o Irã, enquanto Washington previa publicamente seu fracasso certo (e tão esperado).”
Ele não faz fé alguma na adesão de China e Rússia ao projeto americano de aprovar as sanções: s”erá que realmente acreditamos que Hillary tenha conquistado o apoio de Rússia e China? Assim como a Teerã não faltaram incentivos para aceitar uma proposta feita por “iguais”, Rússia e China também encontram motivos de sobra para aprovar esta iniciativa de Brasil e Turquia. É verdade que os termos do acordo não são sem importância, mas, para esses países, é muito mais relevante a lenta e inexorável decadência da capacidade americana de ditar os termos da política internacional e de satisfazer seus próprios objetivos. É exatamente essa a meta principal da estratégia russa e chinesa na política externa. No fim, esses países não permitirão que a abordagem de linha dura dos EUA prevaleça sobre a iniciativa brasileira e turca no Conselho de Segurança da ONU, mesmo que sejam necessários alguns ajustes do acordo obtido por Brasil e Turquia.”
Vale a pena ler o artigo, na íntegra.
Este sujeito não foi, repito, vice do Conselho de inteligência da CIA por ser obtuso ou fanático. Foi porque é um analista extremamente considerado sobre o mundo islâmico. Aliás, se a CIA fosse composta por cérebros como os dos nossos “grandes comentaristas”, não representaria perigo algum.
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