quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ECONOMIA - Contágio acelera, "mercados em pânico".

Numa União Europeia à beira da recessão, flagelada cada vez mais pela austeridade, a Espanha caminha rapidamente para a zona vermelha dos pedidos de resgate, onde a Itália se mantém dia após dia, surgindo agora a Bélgica a destacar-se com índices de risco recordes, do mesmo modo que, ainda que a um nível mais baixo, a França e a Áustria.


Os organismos estatísticos revelaram entretanto que a economia da Zona Euro cresceu 0,2 por cento no terceiro trimestre, o que traduz estagnação e a proximidade da entrada da recessão. Foto HowardLake/Flickr

Diz-se que só o Banco Central Europeu pode acalmar “o pânico dos mercados”, mas a Alemanha mantém a instituição sob controlo, apenas com alguma compra de títulos de dívida italianos. Entretanto a economia europeia está estagnada (cresceu 0,2 por cento no terceiro trimestre) e até o novo primeiro ministro grego assume que a austeridade afeta a dinâmica económica.

A declaração do primeiro ministro grego, Lucas Papademos, surpreende porque contem uma conclusão e a sua contrária. A intervenção do sucessor de Papandreu serviu para anunciar a adoção por Atenas do segundo plano de resgate imposto pela troika mas, ao mesmo tempo, Papademos considera que os resgates impõem a recessão. Em poucas palavras o chefe do governo de Atenas definiu o seu programa, se lhe for aplicado o histórico recente grego: mais resgates, mais austeridade, mais recessão, mais dívida.

Por essa razão, os juros da dívida grega mantinham-se terça-feira a níveis muito elevados, desmentindo as previsões segundo as quais o advento da era dos tecnocratas à cabeça dos governos iria “aliviar os mercados”.

Pelo contrário, o dia de ontem começou com alusões dos analistas citados pela comunicação social europeia ao “pânico dos mercados”. As razões enumeradas foram várias.

O chamado prémio de risco, relação entre os juros a 10 anos de um determinado país e os da Alemanha, continuaram ontem a bater recordes e num número cada vez mais elevado de países. Este é o “efeito de contágio” que “os mercados temem”, dizem analistas, um receio que se agravou desde que Itália desabou na fatídica “zona vermelha” acima dos 500 pontos, a partir dos quais os países deverão ter de se haver com a troika para tratar das suas dívidas – à custa das populações.

A troca de Berlusconi pelo tecnocrata Monti e a intervenção do Banco Central Europeu não tiveram resultados imediatos e o prémio de risco italiano não dá sinais de reversão, mantendo-se pelos 570 pontos.

O prémio de risco de Espanha está a bater recordes desde sexta-feira e atingiu terça-feira os 457 pontos, cada vez mais próximo dos 500. Subiu mais de 50 pontos em cinco dias e nas últimas horas o Tesouro espanhol constatou que os juros dos seus títulos de dívida estão a cinco por cento a um ano, valor também recorde. Valores assim só em 1997, ainda nos tempos da peseta.

A Bélgica posicionou-se, entretanto, como o alvo de contágio seguinte. O prémio de risco saltou bem para cima dos 300 pontos, correspondendo a uma aceleração desde que a crise se tornou evidente em Itália.

Os prémios de risco de França e Áustria sofreram também acelerações nos últimos dias e atingiram terça-feira as cifras recordes de 180 pontos, com tendência para continuar.

Os organismos estatísticos revelaram entretanto que a economia da Zona Euro cresceu 0,2 por cento no terceiro trimestre, o que traduz estagnação e a proximidade da entrada da recessão, tendo em conta o panorama geral económico e financeiro. Analistas surpreenderam-se que a França e a Alemanha tenham feito “melhor do que o previsto”, crescendo, respetivamente, 0,1 e 0,5 por cento.
Fonte:Esquerda.net

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