sexta-feira, 25 de novembro de 2011

POLÍTICA - Dilma pretende acabar com feudos partidários.

Dilma pretende acabar com feudos partidários na reforma ministerial.


Além de reduzir o número de Pastas, a presidente Dilma Rousseff estuda promover um rodízio no comando dos ministérios. A ideia é aproveitar a reforma ministerial que deve ser realizada em janeiro para tentar acabar com os feudos dos partidos na máquina pública.

A reportagem é de Fernando Exman e Claudia Safatle e publicada pelo jornal Valor, 25-11-2011.

Na avaliação do Planalto, além de ser um instrumento para frear as irregularidades na Esplanada dos Ministérios e demais órgãos federais, tal rodízio poderia promover uma maior equilíbrio entre as forças políticas que integram a base aliada. Alguns partidos têm uma representação no governo maior do que o seu peso no Parlamento, acreditam auxiliares da presidente. Atualmente, Dilma conta com 38 ministros.

O plano de Dilma, no entanto, tem potencial para provocar uma disputa entre os partidos que integram a ampla base que dá sustentação ao Executivo no Congresso. O PMDB, por exemplo, "sonha" com a chance de poder ocupar ministérios com maior peso político. A cúpula do partido acha que seus ministros comandam Pastas com pouca capilaridade, e teme que o atual perfil do ministério de Dilma prejudique a sigla nas eleições municipais de 2012.


O PMDB reclama, por exemplo, que os órgãos com mais poder nos ministérios da Agricultura e do Turismo estão nas mãos de outros partidos. Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é controlada pelo PTB, a Embratur é presidida por Flávio Dino (PCdoB). Os pemedebistas também se queixam por não terem conseguido ocupar cargos estratégicos no setor elétrico, o qual em teoria deveria ser comandado pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia).

O PT também trabalha para reconquistar áreas que antes já estiveram sob sua influência, como o Ministério do Trabalho. Quer aproveitar o enfraquecimento político do ministro Carlos Lupi e do PDT para retomar a vaga. Em outro front, esforça-se para não perder espaços. Dilma Rousseff estuda unificar as secretarias de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Políticas para Mulheres, que acolhem diferentes alas da legenda.

Dilma já sinalizou que não pretende demitir Lupi, alvo de uma série de acusações publicadas pela imprensa, antes da reforma ministerial. Se conseguir preservar sua administração de mais uma demissão causada por denúncias de irregularidades, a presidente pretende demitir Lupi e tirar o controle do Ministério do Trabalho do PDT. Após a reunião em que a cúpula do PDT reafirmou seu apoio a Lupi, líderes do partido já consideravam a possibilidade de sentar-se à mesa com Dilma para conversar sobre uma eventual troca de ministério.

Agrada ao Palácio do Planalto a ideia de o ex-senador Osmar Dias (PDT-PR) assumir o Ministério da Agricultura, hoje sob a chefia do PMDB. Atual vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil, Dias aceitou concorrer ao governo do Paraná para garantir um palanque forte a Dilma no Estado.

O Palácio do Planalto também considera desproporcional a representação do PCdoB no Executivo. O partido ocupa o Ministério do Esporte desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando a Pasta tinha um papel secundário. No entanto, o ministério ganhou maior importância nos últimos anos devido à organização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. Dilma poderia retirar o PCdoB da função, mas perdeu as condições políticas de realizar o remanejamento por causa da crise que levou à queda do Orlando Silva. No lugar do ex-ministro, a presidente nomeou no fim de outubro o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O PR, que perdeu a influência sobre o Ministério dos Transportes devido a denúncias de irregularidades, busca redefinir suas relações com o governo. Pretende retornar formalmente à base governista, mas está insatisfeito com o tratamento recebido na Pasta. Dilma nomeou Paulo Sérgio Passos, então secretário-executivo do ex-ministro e senador Alfredo Nascimento (AM), sem consultar a cúpula do partido. Passos é filiado ao PR, mas tem uma postura de independência em relação aos correligionários.

O PSB é outro partido que poderá ficar insatisfeito com a reforma ministerial. A presidente cogita reintegrar ao Ministério dos Transportes a Secretaria de Portos, cujo ministro foi indicado pela sigla.

Fonte:IHU

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