Do blog do Rafael Castilho.
A Globo vem caindo de pau no Ministro Lupi porque viajou no avião de uma ONG. Agora viaja no avião da Chevron. Chega de hipocrisia.
Globo viaja no avião da Chevron para defender privataria!
O Jornal Nacional da Rede Globo destacou duas principais reportagens na noite do dia 17 de novembro.
A primeira expunha o constrangimento do Ministro do Trabalho Carlos Lupi sendo obrigado a assumir que viajara no avião particular de uma ONG prestadora de serviços do ministério.
A situação seria imoral e incompatível com o interesse público, já que este tipo de “gentileza” poderia interferir em possíveis decisões do ministro que viessem a favorecer esta ONG de “propriedade” de um empresário.
Outra notícia de destaque foi o sobrevôo da Bacia de Campos pela reportagem do JN para “tranqüilizar” a população quanto às dimensões do vazamento de óleo na costa brasileira.
Seria uma fatalidade acidental muito inferior ao desastre ocorrido na costa norte-americana meses atrás.
Ao final da matéria, meio envergonhada, Fátima Bernardes admite que para realização da reportagem “tranqüilizadora” a TV Globo utilizou um jatinho oferecido pela própria empresa Chevron, responsável pelo desastre na Bacia de Campos.
Empresas deste porte contratam escritórios de comunicação especializados em gerenciamento de crises.
A tarefa destes profissionais é negociar com os meios de comunicação e oferecer explicações que convençam a sociedade sobre a idoneidade da corporação.
Obviamente, a relação comercial entre as partes é um segredo empresarial.
Tudo muito protegido em nome da liberdade de imprensa.
Mas a Chevron pode dormir tranqüila quanto ao comportamento da imprensa neste caso do vazamento de óleo na Bacia de Campos. Para defender a privataria e garantir a entrega das riquezas brasileiras para as multinacionais a TV Globo e seus colegas da velha mídia topam qualquer coisa e prometem matérias tênues e silenciosas quanto ao desastre natural que se avizinha.
As privatizações no Brasil ocorreram principalmente na década de 90 e foram defendidas com voracidade pela velha mídia.
A promessa era que o Brasil deixaria de gastar bilhões com empresas estatais deficitárias e sobraria muito dinheiro para o Estado concentrar suas ações e resolver a situação da Saúde e da Educação no país.
Outra promessa era a eficiência. Empresas estatais seriam elefantes brancos e incapazes de gerenciar grandes negócios. Sendo assim, as empresas privadas seriam muito mais eficientes em seus empreendimentos e trariam benefícios para toda a sociedade.
Mais de uma década depois, vemos que o déficit do Brasil com a saúde e a educação permanece grande e o Brasil perdeu a capacidade de orientar os investimentos das estatais privatizadas em benefício da infra-estrutura econômica nacional.
Um exemplo disso foi o comportamento da Vale do Rio Doce logo após a crise de 2008. A empresa demitiu milhares de trabalhadores e se negou a investir em produtos de maior benefício para a cadeia produtiva do setor de minérios no Brasil.
Prefere vender matéria prima ao invés de investir em siderúrgicas e exportar um produto com valor agregado.
Além do mais foi encomendar navios na Coréia ao invés de prestigiar a indústria naval brasileira que o governo Lula recuperou. Tudo em nome do lucro.
A eficiência também não foi o forte destas empresas privatizadas.
As empresas de telecomunicações submetem seus clientes à panes quase que diárias nos serviços de internet e telefonia e as tarifas de telefonia celular estão entre as mais caras do mundo.
As empresas de eletricidade obrigam a população a conviver com freqüentes apagões.
A precariedade nos investimentos é tanta que no Rio de Janeiro os bueiros explodem sobre a cabeça das pessoas.
Mais de cinqüenta anos depois da campanha do “petróleo é nosso”, os liberais continuam defendendo a entrega do Pré-Sal para os oligopólios privados multinacionais.
O desastre na Bacia de Campos só vem reforçar para a população a incompetência e a negligência destas empresas que visam apenas o lucro imediato e pouco investem em segurança e tecnologia, marcas da nossa PETROBRAS.
Ao invés disso, a empresa texana Chevron parece preferir investir em cortejar a TV Globo para evitar danos a sua marca já manchada de petróleo e sangue das guerras no Oriente Médio
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