quarta-feira, 9 de novembro de 2011

FUTEBOL - A Copa para os ricos.

Fifa estima 10% de ingressos populares


A categoria de ingressos "populares" para a Copa de 2014 deve corresponder a apenas 10% do total de bilhetes vendidos e distribuídos para os jogos. A estimativa é do secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, que participou, ontem, de audiência pública na Câmara para discutir a Lei Geral da Copa, conjunto de regras que devem normatizar o Mundial de futebol. De acordo com o representante da Fifa, essa porcentagem representa 300 mil ingressos.

A reportagem é de Daniela Martins e publicada pelo jornal Valor, 09-11-2011.

Na sessão, Valcke disse que a Fifa sugeriu a criação da Categoria 4, voltada para brasileiros idosos, estudantes e de baixa renda, com entradas que devem custar US$ 25, o equivalente a cerca de R$ 44. "Em vez de existirem diferentes grupos de meia-entrada, eu propus que implementemos uma Categoria 4 que será diferente e que será reservada apenas para os brasileiros", afirmou Valcke aos deputados.

De acordo com o secretário-geral, haverá preços especiais para os jogos de abertura e de encerramento. Valcke apontou que a presidente Dilma Rousseff debateu com a federação a questão da meia-entrada em sua visita a Bruxelas. A Fifa argumentou que há problemas técnicos para oferecer descontos para parcelas do público e, por isso, sugeriu a alternativa da criação de um grupo com ingressos mais baratos. Na sessão, o secretário afirmou que os ingressos da Categoria 1 poderão chegar a US$ 900, ou cerca de R$ 1.575.

Valcke reconheceu a tensão da Fifa com autoridades brasileiras sobre aspectos divergentes da Lei Geral da Copa. "Não há motivos para haver tensões entre nós. Ou estamos todos no mesmo barco ou não chegaremos juntos à Copa de 2014", alertou. E as divergências entre a federação internacional e o Brasil ficaram claras na audiência: parlamentares questionaram a criminalização do uso de marcas ligadas à Copa de 2014 e de ações de marketing em áreas próximas aos estádios de marcas que não sejam as dos patrocinadores, prevista no projeto da Lei Geral da Copa. Apesar de críticas, em poucos momento o clima foi de ataque aos organizadores do megaevento esportivo.

O secretário-geral da Fifa negou que as novas regras flexibilizem ou alterem normas brasileiras e firam a soberania nacional. Ele destacou que os "pedidos [feitos pela Fifa] estão de acordo com as garantias governamentais" e foram repassadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a uma comitiva do governo, ainda em 2007, quando o país foi anunciado como sede do megaevento esportivo. "Nunca pedimos garantias a mais", completou.

Valcke também deixou claro que Fifa não pretende abrir mão da prerrogativa de vender bebidas alcoólicas durante a Copa de 2014. "Não vou assumir nenhum compromisso de que álcool não será vendido [durante a Copa]. São compromissos que foram assumidos quando a [realização] Copa do Mundo foi entregue ao Brasil", afirmou.

O texto da Lei Geral retira a proibição de comercialização e consumo de bebidas alcoólicas em estádios, prevista no Estatuto do Torcedor. "A Fifa não está aqui para embebedar as pessoas", disparou. O secretário-geral da Fifa apontou que a Rússia e o Catar - próximas sedes da Copa - proíbem a venda de álcool por questões legal ou cultural e aceitaram a venda de bebida alcoólica por considerar a Copa do Mundo um evento privado.

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