Em meados dos anos 1980, muitos estados africanos sofreram políticas de “ajustes estruturais”, sugeridas ou impostas pelo FMI e pelo Banco Mundial, que representaram cortes do gasto social e que tiveram um efeito devastador em suas economias. Hoje, “a Europa parece, em parte, querer dirigir as mesmas políticas para seus próprios países”.
A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 07-11-2011. A tradução é do Cepat.
A afirmação é da Rádio Vaticana, que entrevistou o economista Riccardo Moro, diretor da Fundação Justiça e Solidariedade da Conferência dos Bispos da Itália (CEI), e o jornalista africano Filomeno Lopes. “Atualmente há na Europa quem, como o presidente do BCE, Draghi, pede também políticas expansivas para sair do vau”, explicou Moro. “Por conseguinte, é verdade que no passado o ocidente interveio com arrogância nas crises dos países em vias de desenvolvimento e tão somente agora, graças ao trabalho da sociedade civil, parece ter aprendido em parte a lição”.
“Antes de nos indignarmos com as políticas dos governos europeus em tempo de crise – acrescentou Filomeno Lopes – talvez devêssemos refletir sobre onde nós estávamos quando políticas inclusive piores se impunham aos países em vias de desenvolvimento. E nos perguntar se hoje não estejam pagando, em parte, as consequências daquela indiferença. Ver a crise europeia do ponto de vista africano pode ser útil para obter um ensinamento dos sofrimentos a que essas populações foram submetidas”.
“Muitos africanos que sofrem com a falta de alimentos ficariam perplexos diante da dramatização com que a crise econômica da União Europeia é descrita”, indicou Filomeno Lopes. “Embora seja certo – concluiu – que a crise da economia ocidental tem a ver com números muito altos comparados com aqueles da economia africana, também é certo que no continente negro vivem muito mais pessoas. E, no entanto, aquelas crises os deixavam indiferentes...”.
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