Aécio começa em São Paulo articulação para as eleições de 2014.
Pedro do Coutto
Ao incentivar uma coligação entre o PSDB e o PMDB, em torno da Prefeitura da cidade de São Paulo nas urnas de 2012, o senador Aécio Neves jogou um lance de dados em torno de sua candidatura ao Planalto na sucessão presidencial de 2014. Sem dúvida. Ele inclui em sua estratégia o esforço para derrotar Fernando Haddad, candidato do PT, que constituiria uma etapa para abalar a força da liderança exercida pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma Roussef. É vital para a oposição. Não só a capital paulista, mas também as prefeituras do Rio e Belo Horizonte.
Em Minas, Aécio testará a força de sua base. No Rio, uma incógnita. O PSDB deve concorrer com o deputado Otávio Leite, mas é quase impossível firmar uma aliança viável. Eduardo Paes, com apoio do governador Sergio Cabral, parte buscando a reeleição, desta vez tendo a seu lado um vice indicado pelo PT, Adilson Pires.
Uma corrente do Partido dos Trabalhadores reagiu contrariamente, pensando certamente que uma vitória de Sergio Cabral dificultará a candidatura Lindberg Farias ao governo estadual daqui a três anos. Porém mesmo que haja uma cisão no PT, esta não poderá fortalecer o PSDB. Assim, em termos de Aécio Neves, qualquer desfecho não o beneficiará. O confronto cinge-se ao PMDB e ao PT.
Para o ex-governador mineiro, inclusive, o crescimento do PT no RJ o atrapalhará até mais, em 2014, do que uma eventual vitória de Paes em 2012. Se o PT embalar no Rio, melhor será para a reeleição de Dilma Roussef. Portanto pior para ele próprio, Aécio, que precisa vencer em Belo Horizonte.
O principal oponente será o candidato do PT, talvez Patrus Ananias, que perdeu em 2010 a prévia partidária quanto a vaga do Senado, para Fernando Pimentel. Nas urnas, venceram Aécio e Itamar Franco. Em São Paulo, Aécio Neves ataca o PT. Em Minas é atacado por ele. Assim, enquanto uma névoa de indefinição envolve Rio e Belo Horizonte, uma onda de afirmação de liderança petista estará em disputa na capital do Estado de São Paulo. Isso porque a repercussão do resultado será enorme.
Afinal de contas, o ministro Fernando Haddad é um candidato imposto à legenda pelo comando de Lula. As prévias partidárias, que ele afastou de cogitação, tendiam para a senadora Marta Suplicy, obrigada pelas circunstâncias a retirar-se da disputa. Mas, de fato, ainda não definitivamente. Ela joga com a hipótese de Haddad não decolar como figura de salvação para o PT e de forte importância para a própria Dilma Roussef quando enfrentar o episódio de sua própria sucessão.
A reportagem de Cátia Seabra e Daniela Lima, Folha de São Paulo de sexta-feira 23, destacou bem a articulação desencadeada pelo senador Aécio Neves. A foto que acompanha o texto é de Lula Marques. Aécio, ao mesmo tempo em que incentiva Gabriel Chalita, deixa uma porta aberta para José Serra, uma vez que a candidatura deste deixará para ele o caminho do PSDB totalmente aberto.
O senador mineiro, neste caso, seria o único nome de que a oposição pode dispor. Para Aécio, o ideal seria uma chapa Serra/Chalita, este vice. Mas esta perspectiva não parece interessar ao deputado mais votado do PMDB paulista. Que teria ele a ganhar conquistando a vice? Nada. Teria acrescentado para José Serra e Aécio, distanciando-se em consequência do governo federal.
Para Chalita, no fundo, só a candidatura a prefeito pode interessar. Aécio, sem dúvida, conta com esta hipótese, porém ainda não pode defendê-la enquanto Serra não se definir concreta e totalmente quanto a vir novamente disputar o posto. Estratégico para outubro de 2014. Uma alvorada política para o futuro próximo. Sob a ótica de análise de hoje. Amanhã pode ser diferente. Este é o risco dos comentários e comentaristas.
Fonte:Tribuna da Internet
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