quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

BRASIL - Guerra nos próximos 20 anos?

Carlos Chagas


É bom prestar atenção na pesquisa divulgada pelo IPEA, a respeito do nosso futuro militar. Conforme as respostas, 50% dos consultados acreditam que nos próximos vinte anos o Brasil será alvo de agressão militar estrangeira, tendo em vista interesses sobre a Amazônia. Em paralelo, 45% entendem que a agressão se dará por conta do pré-sal.

Esta semana, reunida com os principais oficiais-generais, a presidente Dilma reconheceu a necessidade do aparelhamento das forças armadas, capaz de diminuir nossas vulnerabilidades e modernizar os meios operativos. Foi a primeira vez que quebrou o gelo entre o palácio do Planalto e os quartéis, insatisfeitos com o sucateamento de nosso material bélico.

Quando se fala em perspectiva de agressão estrangeira, vale à pena ser direto. Não serão o Uruguai, a Argentina, muito menos a Venezuela, a Bolívia e o Paraguai a ameaçar a soberania brasileira. Nem a Rússia, já que a antiga União Soviética saiu pelo ralo levando com ela a ideologia marxista. Quando se visualizam perigos, eles só podem provir da potência única e dominante no planeta, os Estados Unidos.

Sobre a Amazônia, de lá já ouvimos frases inquietantes, como a de Bill Clinton, para quem a soberania brasileira na região deveria ser relativa. Ou a de George W. Bush, que sugeriu a troca de dívidas por florestas. Diante de uma hipotética invasão, até hoje muito mais econômica do que militar, nossa reação deveria seguir as lições do saudoso general Andrada Serpa, para quem nossos guerreiros deveriam transformar-se em guerrilheiros, ou seja, entrar eles entram, mas sair, nem tanto.

A respeito do pré-sal, torna-se necessário atentar para a coincidência de que meses antes de o governo Lula anunciar a descoberta daquela imensa riqueza, os Estados Unidos já sabiam e recriaram a Quinta Frota de sua Marinha de Guerra, para policiar o Atlântico Sul com porta-aviões, submarinos nucleares, montes de navios e de fuzileiros navais. Não será para vigiar a Costa do Marfim, a Nigéria ou Angola, do lado de lá.

A proporção de forças surge trágica: enquanto nos arrastamos sem poder comprar 36 caças para substituir os poucos que se tornarão obsoletos em três anos, cada um dos vinte porta-aviões americanos dispõe de 90 deles, de última geração. O nosso navio-aeródromo não sai do porto há cinco anos. Dos nossos seis submarinos, só dois funcionam, todos movidos a óleo diesel, porque o nuclear, se ficar pronto, será em 2022.
Tribuna da Internet.

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