quarta-feira, 30 de novembro de 2011

POLÍTICA - Serra fala de um país que não existe mais.

Em sua palestra em fórum promovido pela FIESP, José Serra vai contra as avaliações internacionais sobre o Brasil. Certamente o faz na condição de ser um dos candidatos da oposição a presidente da República em 2014 - o futuro é que dirá se será ele ou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

As análises internacionais são unânimes no sentido de que caminhamos para ser a 5ª economia do mundo, já que a Europa não vai crescer nos próximos anos e o nosso país, sim, ficará atrás apenas dos Estados Unidos, China, Alemanha e Japão. Não é pouca coisa.

José Serra vê apenas números e não o social. Não vê as mudanças na distribuição de renda no país; a criação nos últimos anos de 20 milhões de empregos - 17 milhões destes formais, com carteira assinada; e nem a redução da pobreza e da miséria.

José Serra fala de uma época que já não existe

Assim, José se prende a uma época que já não existe, de inflação alta, economia fechada, ausência de planejamento, direção, gestão e execução no setor público, e se apega à questão do sistema político-eleitoral.

Aí, volta a falar na história de loteamento de cargos. Sem mencionar que seu partido o pratica nos sete Estados que governa - dentre os quais São Paulo, Minas, Paraná - e o mais grave, se opõe ao fim das nomeações de cargos de confiança ao não apoiar a Reforma Política.

Comete um grave deslize

Em sua análise, ele devia estar se lembrando dos anos FHC com câmbio fixo. Ele participou daquele governo por oito anos ocupando dois ministérios, os do Planejamento e da Saúde. Aquele governo manteve câmbio fixo e os juros reais chegaram até 27,5% durante três anos, o que dobrou a dívida interna do país. Também aumentou em 7% a carga tributária e vendeu de graça US$ 100 bilhões de patrimônio público na privataria que promoveu.

José comete um grave deslize ao afirmar que o Brasil não baixou os juros na crise 2008-2009, já que as taxas baixaram, sim, em 3%.

O problema é que os juros voltaram a subir no fim de 2010. Na minha opinião, equivocadamente. Agora estamos pagando o preço de uma desaceleração acentuada de nossa economia. Que, mesmo assim, vai crescer mais de 3% este ano e criar mais de dois milhões de empregos.

Felizmente os juros começaram a cair desde agosto e espero que caiam mais, voltando aos 8% de 2010. O espírito pessimista, que não acredita no Brasil, pertence única e exclusivamente aos tucanos donos e monopolizadores do complexo de vira latas típico das elites do país. Elas e os tucanos - e se misturam e se confundem - jamais acreditaram não apenas no Brasil, nem em seu povo.

Ninguém acreditou mais quando no governo, e ninguém acredita mais no Brasil do que o presidente Lula. E ninguém representou melhor o Brasil e seu povo no mundo como o fez o presidente Lula. Lamentável, portanto, a fala de José Serra em todos sentidos. Só Freud a explica.
Fonte: Blog do Zé Dirceu.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

MÍDIA - Globo e Collor contra Lula, tudo a ver.

Do blog do Ricardo Kotscho.

Memória: Globo e Collor contra Lula, tudo a ver.



O problema de ficar velho nesta profissão de jornalista é que a gente viu,

ouviu e viveu as coisas de perto, testemunha ocular e auricular.

Sempre que ressurge no noticiário uma história de 20, 30, 40 anos atrás,

pedem-me para escrever sobre o evento.

Estudantes frequentemente me procuram para contar como aconteceram

variados episódios da vida brasileira no último meio século.

De vez em quando, a memória falha, mas tem certas passagens que testemunhei

e nunca vou esquecer.

Uma delas, certamente, foi o que aconteceu no debate decisivo entre Collor

e Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 1989.

Eu era assessor de imprensa do então candidato Lula e participava das

reuniões com as emissoras e representantes dos adversários para definir o

formato dos debates na televisão junto com algum dirigente do PT ou outro

membro da campanha.

Na última reunião para o segundo debate, na TV Bandeirantes, em São Paulo,

fui sozinho no meu carro para a emissora porque morava lá perto.

Cheguei cedo e me surpreendi quando vi Cláudio Humberto, o assessor de

imprensa de Collor, entrando na sala junto com Alberico Souza Cruz, da TV

Globo, promovido a diretor de jornalismo após a campanha..

Até brinquei com eles _ "estou f...." _, mas me garantiram que tudo não

passara de uma coincidência.

Os dois pegaram por acaso o mesmo vôo no Rio para São Paulo.

Por acaso também, certamente, os dois tinham as mesmas propostas para o

debate e eu me senti meio isolado na discussão.

Lembrei-me na manhã desta terça-feira de novembro de 2011 do que aconteceu

naquela tarde do final de 1989 ao ler na "Folha" o título da página

A11: "Ex-executivo da Globo mentiu sobre debate, diz Collor".

A polêmica surgiu após uma entrevista concedida no sábado à Globo News por

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, manda-chuva da Globo na

época, que agora está lançando seu livro de memórias.

Nesta entrevista, Boni contou como a principal rede de televisão do país

ajudou o candidato Fernando Collor de Mello na preparação para o debate

decisivo.

"Nós fomos procurados pela assessoria do Collor", revelou Boni, ao contar

que recebeu ordens de Miguel Pires Gonçalves, então superintendente da

Globo, para que "desse alguns palpites" na preparação do candidato do PRN.

Boni contou mais: "Conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um pouco de

suor com uma glicerinazinha, e colocamos as pastas todas que estavam ali,

com supostas denúncias contra o Lula, mas que estavam vazias ou com papéis

em branco".

Principal executivo da Rede Globo na época, Boni afirmou na entrevista

que "todo aquele material foi produzido, na parte formal", cabendo a

Collor "o conteúdo".

Collor, ao seu estilo deixa que eu chuto, negou tudo: "Nunca pedi a ninguém

para falar com o Boni, meu contato era direto com o doutor Roberto

(Roberto Marinho, dono da emissora). Nunca tirei a gravata nos debates.

Mentira. Suor: nem natural nem aspergido pelo Boni. Glicerina: mais uma

viajada na maionese. Pastas vazias: ao contrário, cheias de papéis,

números da economia, que sequer utilizei. Em resumo, o Boni despirocou".

O que de fato aconteceu do outro lado da disputa presidencial, só os dois

podem dizer. Da minha parte, só sei que Collor sofreu uma derrota

acachapante, como se diz no futebol, no primeiro debate, na TV Manchete,

no Rio, e resolveu partir para o tudo ou nada no segundo.

Furioso, demitiu quase toda sua equipe de campanha naquela mesma noite ao

voltar para o hotel. Chamou seu irmão Leopoldo Collor de Mello,

ex-executivo da Rede Globo, para comandar a mudança, contratou novos

marqueteiros, gastou o que tinha e o que não tinha, dinheiro não era

problema.

Levou os últimos dias da campanha para a sarjeta e assim surgiu garboso e

desafiante no palco do segundo debate. Estava de gravata e carregava um

monte de pastas.

Também escrevi um livro de memórias para me ajudar nestas horas ("Do Golpe

ao Planalto _ Uma vida de Repórter", Companhia das Letras, 2006) e foi de

lá que tirei o texto transcrito abaixo sobre o que vi acontecer naquela

noite:



Chovia forte em São Bernanrdo do Campo, e estava em cima da hora para irmos

à TV Bandeirantes, no Morumbi. Lula já se encontrava no carro com Marisa

quando Marcos, o filho mais velho, veio avisar que ligaram de Brasília

informando que Collor levaria algumas pastas amarelas para o debate, com

novas acusações contra ele no campo pessoal. No estúdio, Lula seguiu para

o seu púlpito, sem sequer olhar para o oponente.

Mas, em vez de partir para o ataque, quando Boris Casoy lhe fez a primeira

pergunta _ sobre a queda do Muro de Berlim, poucas semanas antes _, ele

entrou direto na resposta. Com as mangas compridas do paletó escuro

cobrindo-lhe até a metade das mãos, dispersivo, Lula em nada lembrava o

candidato combativo da campanha.

Quando o debate terminou, eu o aguardava no corredor que liga os estúdios à

sala reservada aos candidatos. Ele me deu um tapa nas costas e balançou a

cabeça: "Perdemos a eleição. Eu me sinto como um lutador sonado".

Já de madrugada, fomos jantar em sua casa, mas a comida ficou esfriando na

mesa. Nas 48 horas seguintes, Lula ainda seria obrigado a enfrentar toda

espécie de boatos difundidos pela imprensa marrom e no boca a boca. Caso

vencesse a eleição, diziam, fecharia os templos não católicos, tomaria

casas, barracos, carros, televisões, bicicletas e até galinhas de quem

tivesse duas para dividir com os mais pobres.

(...) Sábio Frei Chico, o irmão mais velho de Lula que o levou para o

sindicalismo.

Homem de boa paz e comunista, ele foi buscar lá nas origens da família as

explicações para a implosão do candidato no final da campanha,

especialmente no último debate: "Lá em Pernambuco, quando alguém ofende a

família, o sertanejo só tem dois tipos de reação: ou mata o desafeto ou

fica magoado. Lula ficou magoado...".

Deu para perceber isso na edição do debate que foi ao ar no telejornal

Hoje, da TV Globo, na hora do almoço do dia seguinte. Lula não estava bem,

perdeu.

Mas o que se viu à noite, no Jornal Nacional, da mesma emissora, foi o

resumo de outro debate.

Editaram só os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.

O resultado do jogo, que tinha sido 2 X 1 na edição do Hoje,

transformou-se magicamente em 10 X 0.

Empolgados, os seguidores de Collor, quietinhos até então, saíram às ruas

com bandeiras para comemorar.

A história pode ser reescrita de várias formas, mas os fatos não podem ser

reinventados.

MÍDIA - Paranoia petista?

(Sônia Montenegro)

Que NUNCA MAIS se diga que é paranóia do PT ou da esquerda, quando afirmam que a “grande” imprensa brasileira é parcial e descaradamente contra eles.


Em entrevista à GloboNews ontem, no programa Dossiê GloboNews, ao jornalista Geneton Moraes Neto, o ex-todo-poderoso da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, afirmou que a Globo foi procurada pelo comitê do Collor, quando da 1ª eleição direta para a presidência da República em 1989, e o candidato foi orientado pela equipe de marqueteiros da emissora.


Era consenso de que Lula vencera o 1º debate, portanto, tinham que reverter o quadro para o 2º, contra o enorme perigo que seria a eleição de Lula, e então fabricaram a imagem do Collor.

Colocaram nele um silicone no rosto para dar a aparência de suor e tiraram a gravata, para disfarçar sua aparência de “mauricinho”, dando-lhe um aspecto mais “popular”.


Arbitrariamente, a emissora já tinha exibido parte do programa eleitoral do Collor no Jornal Nacional, que antecede a novela no horário nobre da emissora, vista por um número de espectadores muito maior do que o da audiência do horário eleitoral gratuito, do depoimento de Miriam Cordeiro, antiga namorada e mãe de uma filha de Lula, quando ele era viúvo, dizendo que ele ofereceu dinheiro para que ela provocasse um aborto.

Tempos depois ela se confessou “arrependida”, e que o fez por de 24 mil dólares.


Mas o Boni disse ainda diz que colocaram na mesa do Collor, uma série de pastas, induzindo que seriam novas denúncias contra Lula.

Por mais que Lula tivesse a sua consciência tranquila, tinha sido acusado de forma vil, com o respaldo da maior emissora do país, portanto, até prova em contrário, qualquer denúncia seria “verdadeira”, e lá poderia conter outras tantas mentiras, que a Globo se encarregaria de dar fé.

Durante o debate, o Collor fingia que ia consultar as pastas e, no final, mostrou que estavam vazias, fato confirmado pelo Boni na entrevista.

O candidato escolhido pela emissora sofreu impeachment.

O candidato que ela prejudicou, governou por 8 anos e terminou o mandato com 87% de aprovação popular, o que o levou a eleger sua sucessora, mas a Globo garante que quer o bem do povo brasileiro.

MÍDIA - Representante da WikiLeaks: "somos a CIA do povo.

Porta-voz do WikiLeaks analisa as estratégias da organização e os impactos que sua atuação vem causando no mundo

Igor Felippe Santos, João Brant, Maria Mello e Pedro Carrano

de Foz do Iguaçu (PR)

Regido pelo princípio de que a livre circulação de informações emancipa os povos para que empreendam suas lutas, o WikiLeaks – organização responsável pela divulgação de documentos confidenciais que revelam a má conduta de governos, empresas e organizações no mundo inteiro – chegou a tornar públicos, até dezembro do ano passado, cerca de 250 mil documentos diplomáticos estadunidenses.

Por sua luta, tem sido penalizado por grandes conglomerados financeiros, como Mastercard, Visa, American Express, Bank of America etc., que têm bloqueado a transferência de doações feitas por simpatizantes no mundo inteiro, por meio de seus cartões de crédito.

Apesar da tentativa de miná-la, a organização continua ativa e recebendo doações. O jornalista investigativo islandês Kristinn Hrafnsson, seu porta-voz, falou sobre o assunto ao Brasil de Fato, durante sua participação no I Encontro Mundial de Blogueiros, realizado entre os dias 27 e 29 de outubro, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Brasil de Fato – Como você chegou ao WikiLeaks?

Kristinn Hrafnsson – Depois de trabalhar mais de 20 anos com jornalismo, tornava-me mais e mais exasperado com o fato de os jornalistas não estarem cumprindo com seu papel de expor a má conduta dos governos.

O jornalismo é reflexo do que acontece na Europa e nos EUA, com a noção errada de objetividade. Os jornalistas se impõem uma castração quando vão cobrir os fatos, sob o pretexto de uma pretensa objetividade.

Comecei a ser muito crítico com o jornalismo. Eu tinha estado no Afeganistão, no Iraque, cobria eventos internacionais. Claro que eu estava com nojo da cobertura da imprensa sobre as questões do meu país, momentos antes das invasões ao Iraque e Afeganistão.

Mas, relação a estas, via-se que os jornalistas estavam sendo alimentados com mentiras como se fossem bebês para justificar o envolvimento militar estadunidense na região.

Onde você trabalhava?

Na televisão islandesa. Em 2008, houve a bolha com os bancos na Islândia, mais um exemplo de mentiras que os jornalistas compraram. Em quatro dias ela estourou e colapsou todo o sistema bancário.

As pessoas que não tinham nenhuma experiência em promover manifestações políticas foram às ruas e ameaçaram queimar o parlamento. Foi, basicamente, o que derrubou o governo, um processo popular.

Quando a poeira começou a baixar, começamos a receber informações de como os bancos armavam as fraudes; o trabalho interno. O que todos achavam que era um milagre econômico era simplesmente o trabalho de jovens banqueiros com tendências doentias por jogos. Em 2009 eu conheci o WikiLeaks, quando ele expôs pela primeira vez esse sistema ao publicar a carta de empréstimos do maior banco da Islândia.

Eles eram tão poderosos que controlavam governos e as instituições que deveriam monitorá-los. Para mim, foi um momento chave de mudança quando eu percebi que ele podia expor o que meus colegas jornalistas não expunham, as falcatruas.

Nesse período, conheci Julian Assange na Islândia e nos tornamos amigos. Ele me contou que a proposta do WikiLeaks era baseada no ideal dos hackers australianos do final dos anos 1980, e, embora o termo hacker tenha hoje uma conotação ruim, trabalhava com a ideia clara e simples de que a informação deve ser pública.

No momento em que me engajei, esse movimento estava crescendo em espiral, vindo à tona esses vazamentos massivos que temos publicado desde abril do ano passado.

O primeiro foi o vídeo do helicóptero num ataque ao Iraque [Assassinato colateral], que me deixou muito chocado.

A ideologia do WikiLeaks é muito simples e direta: trata-se de liberdade de informação, transparência e importância dos informantes que ajudam a revelar corrupção e má conduta.

Quando a notícia é apropriadamente disseminada, pode ser um veículo de mudança social, para trazer o que chamamos de justiça.


Qual balanço vocês fazem do resultado desses vazamentos?

É difícil avaliar os impactos, mas talvez o mais forte tenha sido o psicológico. Por mostrar que uma organização pequena pode expor as grandes más ações das nações mais poderosas, que tem o impacto de dar poder ao povo e convencê-lo de que a justiça é possível. De que é possível trazer mudanças sociais por meio da ação direta.

Nós mostramos tantas informações novas sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, expondo suas realidades, que foi possível contar o que realmente aconteceu a partir dos próprios atores que dela participaram, dos papéis oficiais.

Os papéis jogaram luz sobre a vocação imperialista dos EUA no mundo e mostraram como eles operam em cada país, além das informações de má conduta que os próprios EUA encontraram nesses países.

Você vê relação entre os vazamentos do WikiLeaks e a Primavera Árabe e os movimentos “Occupy”?

É quase certo que, quando começamos a expor os papéis da Tunísia, por exemplo, isso foi como um catalisador que deixou as pessoas mais furiosas para fazer a transformação.

Não queremos superestimar o papel do WikiLeaks, mas acredito que as pessoas ficaram mais dispostas após os vazamentos. Mas o real ponto de virada foi a autoimolação do jovem Mohamed na praça, que derrubou o Ben Ali em dez dias.

Não quero exagerar, mas acredito que alguma dose de contribuição foi dada naqueles processos. Quando as pessoas derrubaram os ditadores na Tunísia e Egito, perceberam que podiam derrubar também os maiores ditadores de todos, os bancos, o capital financeiro, as grandes corporações, que na realidade causaram mais estragos do que qualquer praga.

Não houve mudanças, mesmo com esse efeito devastador. Foram socorridos financeiramente, não houve regulação do sistema financeiro em lugar nenhum. Os movimentos “occupy” são grandes apoiadores do WikiLeaks, reconhecem-se de alguma forma como lugar de inspiração.

Começaram pequenos e foram crescendo, e a expectativa é a de que haja mais impulso e ganhe um papel mais proeminente. Esperamos poder entregar ainda muito mais informação sobre as instituições financeiras, que em geral trazem muito segredo e muita corrupção, geralmente em graus próximos, proporcionais.

Da mesma forma em que segredos de Estado são geralmente justificados para proteger as pessoas contra o terrorismo etc, no caso financeiro, os segredos dos bancos são considerados essenciais, mas na prática são uma forma de esconder as “falcatruas”.

Operação militar no Iraque: informações jogaram

luz sobre a vocação imperialista estadunidense

Vocês trabalham com informações prontas ou há situações em que, a partir do vazamento de um documento, é preciso investigar mais, aprofundar a apuração? Apenas a exposição da informação é suficiente?

Fizemos isso seja por nossa própria conta ou via parceria com outros órgãos de mídia. Depende basicamente da natureza do material.

No caso do vídeo do helicóptero, trouxemos mais informações internas e divulgamos as duas coisas ao mesmo tempo, o vídeo e as informações mais detalhadas.

Claro que as informações do Iraque e do Afeganistão tornaram o WikiLeaks mais famoso, mas antes disso já vínhamos trabalhando informações sobre falcatruas em todas as partes do mundo, como o banco do Julius Baer na Suíça, a Igreja da Cientologia, o despejo de lixo tóxico na África, corrupção no governo queniano... Havia um largo escopo de informações que foram sendo reveladas aos poucos, e quando você as junta vê que não é uma agenda meramente antiestadunidense.

O trabalho do WikiLeaks mostrou a hipocrisia do discurso da liberdade de expressão e do direito à informação.

Você diria que as garantias legais de liberdade de expressão nas democracias ocidentais são fracas?

Um dos aspectos psicológicos mais interessantes do trabalho é justamente expor essa hipocrisia. É hilário, por exemplo, comparar um discurso da Hillary Clinton, em janeiro de 2010, falando da importância da internet para informantes conseguirem vazar esquemas de corrupção na China, e alguns meses depois se deparar com a mesma exposição, mas de seu próprio governo. O tom mudou completamente.

Expusemos também a hipocrisia na mídia corporativa; revelamos, por exemplo, quão suscetíveis são empresas como o New York Times e o The Guardian para uma cultura de autocensura e de cooperação com o governo. Esses são alguns efeitos colaterais da nossa atuação. No que se refere à legislação, é frustrante ver como, ao invés de se partir de um ponto extremo de que tudo deve ser livre, com algumas exceções muito bem definidas, quando se vai trabalhar no aspecto legal em relação à democratização da informação parte-se do contrário: o segredo é a regra, apenas algumas coisas devem ser públicas, o que fere a lógica do direito público ao acesso à informação.

Há também a tendência, em grande parte dos governos ocidentais, de privatizar parte importante da esfera pública, jogando o que devia ser público para o privado e acabando com a liberdade de informação.

Esse é um dos problemas que fazem a ideia da liberdade de informação menos efetiva.

Qual seria a grande mudança no WikiLeaks desde o início do trabalho? Aumentou a credibilidade ou o impacto, ou eles vêm juntos? O WikiLeaks pode, hoje, garantir que se houver uma informação ele vai divulgar e que, se divulgar, ela vai repercutir?

Nós publicamos informações que foram escondidas ou suprimidas e que são de relevância política, histórica, social ou econômica. Nós somos o refúgio dessas informações. Somos a agência de inteligência do povo. A CIA do povo.

De quanto o WikiLeaks precisa para continuar trabalhando?

3,2 milhões de dólares. Uma boa parte vai ser usada para promover batalhas legais contra as corporações financeiras que estão fazendo o bloqueio econômico ao WikiLeaks, como Visa, Mastercard, PayPal, Bank of America, Western Union... vamos destruir esses canalhas. Estamos falando de expor governos, mas, pela resposta que essas organizações financeiras deram ao nosso trabalho, fica claro a quem esses governos estão ligados. Visa, American Express, estão todos ao nosso redor, e mantêm a ideia de que não são políticos, de que funcionam para todos...

Você pode dar seu dinheiro para a Ku Klux Klan com seu Visa, patrocinar zoofilia com seu Mastercard, pode bancar movimentos nazi da Europa, grupos de extrema direita, você pode comprar quase tudo, menos doar para o WikiLeaks. (Colaborou Natália Viana)

MÍDIA - Vídeo: Boni assume que Globo favoreceu Collor em 89.

Do blog do Rovai






No programa Dossiê Globo News do último dia 26, o diretor da Globo, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, confessa que no último debate de 1989, fez assessoria ao candidadato do então PRN via TV Globo e que

“tirou a gravata de Collor e colocou suor com umas glicerinazinhas” para torná-lo mais simpático. “Porque para o telespectador Lula era o povo e o Collor a autoridade.”

Diz também que (ele e o pessoal da TV) “colocamos as pastas ali vazias para dar impressão de que havia várias denúncias contra o Lula”. E acrescenta que: ” me lembrei do Jânio e só não coloquei umas caspazinhas no Collor porque ele não aceitou”.

Assista ao vídeo abaixo. Lembre-se, a TV Globo é uma concessão pública.



Em tese deveria tratar com equidade todos os candidatos, mas aí não seria a Globo.

Se o processo de concessões de veículos de comunicação fosse algo sério no Brasil, isso seria prova documental para a não-renovação da concessão da Globo.

Mas quem tem peito de enfrentar a poderosa Globo?

Único que teve coragem foi o velho Brizola, num direito de resposta a ele concedido por decisão judicial.

Via Leitor: Quem me passou o link deste vídeo foi o Marcão Palhares.

Eu, Dória, não me lembro do Collor sem gravata e suando. Quem estava suando era o Lula. Acho que o Boni está inventando.

A manipulação que houve foi na edição do Jornal Nacional.

Pode ser que eu esteja enganado, mas a dúvida poderá ser desfeita assistindo o vídeo do último debate. Vou procurar revê-lo.
Meus leitores na certa vão me ajudar a saber quem está certo.

Não sei qual é a do Boni. Será que o cara está magoado com a Globo?

MÍDIA - Strip-tease da imprensa.

Livro escrito por dois consagrados jornalistas, Palmério Dória (não é meu parente) e Mylton Severiano, aponta revelações que já eram conhecidas nos bastidores da política mas que, por motivos óbvios, eram escondidas pela grande imprensa.

Estes autores já haviam publicado no ano passado o maior bestseller nacional de 2010, "Honoráveis Bandidos -Um retrato do Brasil na era Sarney".

O capítulo 2, usa revelações do WikiLeaks que vêm desnudando a atuação de conhecidos jornalistas "platinados",como foi o caso do William Waak e outros, flagrados como informantes do governo americano.

São estes que querem dar lição de moral e se consideram "formadores de opinião".

O Mainardi então, nem se fala. É pena que perdi a gravação de uma conversa dele com o Reynaldo Azevedo, logo que saiu o resultado das eleições do primeiro turno da eleição passada. Faziam profecias incríveis e estavam comemorando por antecipação, a vitória, segundo eles, "acachapante", no segundo turno, do Serra sobre a Dilma, que entre outros adjetivos pejorativos, chamavam de "poste". IMPERDÍVEL!

Estes são, o que no passado eram chamados de "quintas-colunas", termo este cunhado durante a guerra civil espanhola.

O jornalista Sebastião Nery comenta o livro dos jornalistas acima citados, que tem tudo para ser o best-seller deste ano.

Strip-tease da imprensa


Sebastião Nery, na Tribuna da Internet.


“A escolha do principal candidato a presidente pelas oposições, e de seu vice, havia sido uma novela. Policial. José Serra esperou o último minuto, do último dia do prazo legal, para dizer que era candidato, deixando aflitos os Grandes Irmãos: Folha, Estadão, Globo, Veja, Época, o Grupo RBS e outros irmãozinhos pequenos Brasil afora”.

“Seus colunistas até abandonaram temporariamente a função de informar para se tornarem conselheiros e incentivadores – “Vai que é sua, Serra!”.

Parecia que era mesmo, pois, ao raiar de 2010, ele tinha 41% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff”.

“Só um ano depois se saberia, mas naquele início de 2010 os “colonistas” da Veja e do Globo, Diogo Mainardi e Merval Pereira, não só aconselhavam e incentivavam Serra, como eram informantes dos Estados Unidos, na pessoa do cônsul daquele país no Rio de Janeiro”.

MAINARDI

“Os textos, publicados em 10 de março de 2011 por Maria Frô e Miguel do Rosário no blog Gonzum, mostram que Diogo e Merval embolsaram o ouro de Washington (se fizeram o serviço de graça, fica mais feio ainda).
A notícia se baseou em telegramas do saite “Wikileaks”, repassados para um grupo de blogs, inclusive o Gonzum”.

“Os telegramas mostram que os leitores de Diogo e Merval estavam lendo gato por lebre e o cônsul ouviu gato por lebre. Os dois gatos, Merval e Diogo, não acertavam uma, erravam todas na mosca. Diz o “Wikileaks”:

“Em almoço privado dia 12 de janeiro (2010), o colunista político da revista Veja Diogo Mainardi disse ao cônsul que a proposta d o nome de Marina Silva como vice na chapa de Serra foi baseada em conversa entre Serra e ele, quando Serra disse que Marina seria a “companheira de chapa de seus sonhos”.


“Serra expôs as vantagens: a história de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda contrabalançariam a atração que Lula exerce sobre os pobres; e poriam Dilma em desvantagem na esquerda. Marina ajudaria Serra a superar o peso da associação com o governo FHC que Dilma usaria. Serra falou, Diogo publicou como se fosse idéia sua”.

MERVAL(o imortal)

“Mainardi contou ao cônsul que o governador de Minas Aécio Neves disse a ele, no início de janeiro, que permanecia “completamente aberto’ à possibilidade de ser candidato a vice na chapa de Serra.

Deu errado: Aécio estava era “completamente fechado” à hipótese de ser vice de Serra.

“Apesar de Aécio dizer publicamente que concorreria ao Senado. Mainardi disse ao cônsul que ele planejava esperar um cenário no qual o PSDB o convidasse, por volta de março, para compor a chapa. Deu errado.

Para não atrapalhar o PSDB, Aécio comporia a chapa ao lado de Serra, na opinião de Mainardi, Deu errado”.

“Era a mesma opinião de Merval Pereira, do Globo, que se reuniu com o cônsul dia 21 de janeiro. Disse ao cônsul que conversou na véspera com Aécio Neves, que lhe disse estar “firmemente comprometido” a ajudar Serra fosse como fosse, inclusive como vice.

Não se engana um cônsul desta maneira. Na opinião de Merval, uma chapa Serra-Neves venceria. Disse também acreditar que não só Aécio iria aceitar ser vice de Serra, mas também que Marina apoiaria Serra num segundo turno. Tudo errado”.

O LIVRO

Essa historia rocambolesca é apenas o começo do capitulo 2 (são 20) de um livro-bomba sobre a imprensa brasileira : – “Crime de Imprensa” – “Um retrato da Mídia Brasileira Murdoquizada” – “Pequenos e Grandes Golpes dos Grandes Irmãos da Midia” (“Na Maioria dos Casos a Mídia é Ponta de Lança Para Grandes Negócios” – Mino Carta).

O livro é de dois consagrados jornalistas brasileiros – Palmerio Doria e Mylton Severiano – autores do maior best-seller nacional do ano passado: – “Honoráveis Bandidos – Um Retrato do Brasil na Era Sarney” (Geração).
“Crime de Imprensa” é da Ed. Plena – (SP – (11) 3853.7505 – (11) 9941.7440. editor@plenaeditorial,com.br www. plenaeditorial.com.br

Vai ser lançado nas faculdades de Jornalismo. Primeira: amanhã, quarta, 30, na ECA – USP – a partir das 19:30, auditório Freitas Nobre – Cidade Universitária (palestra dos autores e discussão do tema).

Também terá lançamentos nas bancas de jornal. O primeiro foi na sexta feira, 25, na Banca Bruno, Avenida Paulista – São Paulo.

Já li. Imperdível. Livro corajoso e fascinante. Traz todos os golpes da campanha eleitoral Serra x Dilma. Um striptease da nossa grande imprensa.

MÍDIA - Belo Monte segundo estudantes da Unicamp.

Do blog "Brasil, mostra a tua cara".

Estudantes de engenharia parodiam globais em vídeo pró-Belo Monte

Da Folha

Alunos de engenharia civil e economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), defensores da construção da usina de Belo Monte no rio Xingu (PA), produziram vídeo em resposta ao projeto "Gota D'Água", que reúne atores da TV Globo numa campanha contra a instalação da hidrelétrica.




No vídeo, os estudantes usam roteiro semelhante ao utilizado na gravação dos artistas.


O grupo criou ainda o movimento "Tempestade em Copo D'Água", uma sátira a campanha original.


Sobre o alagamento de área verde para a instalação da usina, os alunos argumentam que a "floresta já vem sendo desmatada ilegalmente na Amazônia a troco de nenhum ganho econômico e social". Eles defendem ainda o "emprego de recursos gerados pela usina em benefícios para a região".


Para Sebastião de Amorim, professor da Unicamp que participa do vídeo, "Belo Monte será um belíssimo projeto sobre os aspectos econômico, social e ambiental".

MÍDIA - Astros da Globo sobre Belo Monte.

Astros da Globo sobre Belo Monte: ingênuos, desinformados ou mentirosos?
A verdade sobre Belo Monte e sobre a gente


A verdade surge do entrevero, como dizia a minha pampeana avó Jovita. A minha avó Jovita podia ser um tanto assustadora, mas era sábia, agora eu sei.

E, na semana passada, eu tirei sarro dos bonitinhos da Globo dizendo aquelas coisinhas de teleprompter no vídeo contra Belo Monte. Tirei sarro do que eles diziam e do jeito que diziam, porque já que gosto de gente falando o que sabe, detesto gente dando texto. Pronto, caiu o mundo.

Uma das críticas foi a de que eu teria sido deselegante para com os globais. Pois eu discordo, embora um neto da minha avó Jovita pouco se importe com as aparências. Eu poderia ter sido menos elegante e ter falado que eles mentem. No vídeo eles dizem barbaridades, como a afirmação de que o lago vai alagar o Parque do Xingu (que fica no Mato Grosso, a 1300 km dali), que o lago formado vai alagar 640 km2 de floresta (são 516 km 2, e mais de 2/3 da área já são o curso do rio ou desmatados), que tribos indígenas vão ser desalojadas (não é verdade) e que o dinheiro que financia a obra vem dos nossos impostos, o que de novo é mentira, porque o dinheiro do BNDES não vem de impostos, como sabe qualquer um que queira saber e não falar besteira em público.

Ou os atores foram ingênuos ou mentirosos, e eu até fico com a primeira hipótese, que combina mais com o psiqué du rôle deles. Mas alguém construiu uma mensagem mentirosa para tungar milhares de assinaturas de pessoas como você, sinceramente interessadas no país e no futuro. O que você acha disso?

Outros me dizem que o certo é "ouvir os muitos cientistas que se pronunciam a respeito do assunto". Eu, louco por verdades que sou, recebo essa pérola de um doutor em meio-ambiente que vive na Catalunha (e me chamou de ignorante em tudo) "...A energia eólica nao somente fica na beira da praia e estraga o visual, isso é uma falta de informação. Em Osório, no sul do país, encontra-se um dos maiores parques eólicos do Brasil, e tudo isso nas montanhas."

O nobre doutor não sabe que eu estive no local em agosto, e olhem a tal eólica nas montanhas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:P1240012.JPG

Então, caros leitores, dá pra confiar na isenção de alguém e na sua capacidade de produzir verdades por ele ter um doutorado em alguma coisa? Se ele gosta de verdades tanto quando o doutor acima, quanto adianta ouvir o que ele diz, se queremos verdades?

E essa é a questão: queremos a verdade ou queremos chupeta?

O Manuel, aqui em casa, com duas semanas de vida já sabe a diferença entre uma e outra. A verdade exige bem mais esforço, mas dela sai leite. A chupeta é fácil, e engana, por um tempo, mas ele precisa mesmo é do leite.

Os globais do vídeo ficaram enchendo a gente de chupeta. "Pra que hidroelétrica, tem solar, tem eólica". Um sujeito que não sabe pra que lado fica o Xingu, sabe o que eólica ou solar representam ou podem representar hoje? Você colocaria o seu destino e o do país na cabeça dessa gente? Somos bebês? Vocês são, caros leitores? Vocês acreditam mesmo em verdades fáceis e almoços grátis?

Claro que um projeto de hidrelétrica na Amazônia é um projeto de hidrelétrica na Amazônia. Claro que algo desse porte vai levar muita gente para lugares que já são disfuncionais hoje. Claro que o lago formado vai ter impacto, algo difícil de avaliar. Tomando como comparação Itaipu, parece que os ganhos superaram as perdas, e elas incluem as Sete Quedas. Sem Itaipu, nossa história seria outra, e bem mais carbônica, não? Gente vai ser movida pra lá e pra cá, o que acontece o tempo inteiro, porque nenhum lugar permanece estagnado e igual para sempre. Para alguns, vai ser bom, para outros, não. Afetados por isso tudo somos os 190 milhões, ainda mais se ficarmos sem energia suficiente, a única coisa, salvo perder a Copa de 2014 na final e em casa de novo, capaz de acabar com a gente.

Querem um santuário, criem um santuário. E se a nação decidir, depois de muito debate, tornar a Amazônia um santuário, que assim seja. Mas quem vai explicar isso para os vinte milhões de habitantes que já estão lá? Querem que o Brasil deixe de ser injusto com os indígenas? Querem devolver o país a eles, a única forma de corrigir a injustiça essencial? Ok, vamos pra onde?

Não existe almoço grátis. Verdade, certamente, tem custo.

A questão real e que me aflige, ainda mais com um filho de apenas duas semanas e que vai herdar esse século, é a nossa incapacidade para debater e buscar a verdade. Fracassamos vergonhosamente em uma decisão tão simples quanto a da proibição das armas. Seríamos incapazes hoje de debater e decidir de maneira inteligente e verdadeira sobre questões de igualdade e os direitos de minorias. Sobre a reforma política. Sobre o sistema educacional. Sobre as drogas. Sobre o importantíssimo Código Florestal. Sobre a eticamente complexíssima questão do aborto.

Somos incapazes porque somos seduzidos por chupetas, em nossa busca da verdade. Fracassamos porque, em uma era de tanta informação, afundamos nos preconceitos e cedemos aos discursos maniqueístas e reducionistas.

Eu quero acreditar em mim e em vocês, em nossa capacidade de sermos maiores do que a nossa própria miopia. Eu quero tanto que vou compartilhar o infalível método Avó Jovita de localizar a verdade, onde quer que ela esteja, baseado em um conceito muito simples: a verdade dói.

Querem ver? Não, mulheres não são mais sensíveis do que os homens. Não, Deus não vai garantir o seu sucesso simplesmente porque você paga o dízimo. Aliás, ele nem existe, ao menos não do jeito que venderam pra você. Sim, a homeopatia não passa de uma besteira. Não, o Gremão não é imortal. Sim, precisamos e muito de energia, e sim, hidrelétricas estão, longe, entre as melhores soluções, ao menos até a cientista nuclear Denise Richards inventar a fusão a frio. Sim, países ricos têm melhores condições de enfrentar e vencer as sérias questões do ambiente, e esse é um bom motivo para trabalharmos para o Brasil prosperar. Sim, o atual modelo de produção precisa ser trocado por outro. Não, ainda não sabemos como fazer isso. Não, ele não quer ser seu amigo. Não, ela não ama você.

Viram? Fácil. Agora vão lá fora e apliquem o método. Afastem as chupetas e leiam a Veja e a imprensa de verdade com o cuidado de quem busca bola em espinheiro, sabendo que nos espinhos estará a verdade. A verdade dói, sim, mas ainda é a única forma de sairmos dos buracos em que nos enfiamos ou nos enfiam. Ela dói, mas cura, que nem mercúrio-cromo. Saudades do mercúrio-cromo. Saudades da minha avó que nunca, nunca mesmo, mentiu pra mim.


Marcelo Carneiro da Cunha / Terra Magazine

POLÍTICA - João Faustino, o amigo de Serra, é um homem de sorte.

Do blog do Rovai

João Faustino, suplente de senador de Agripino Maia, membro da executiva nacional do PSDB, secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e subchefe da Casa Civil do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), pode ter tido sua prisão decretada de forma injusta. É possível. Claro que é possível. Mas também pode ser que ele seja culpado.

Ele foi preso na Operação Sinal Fechado, realizada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Militar no Rio Grande do Norte. Ele é mais 13 pessoas.

A acusação contra eles é de que fariam parte de um mega-esquema de fraudes envolvendo o Detran e as tais inspeções veiculares. É um esquema filhote do que está sendo investigado na prefeitura de São Paulo (SP) e que envolve o prefeito Kassab.


João Faustino, aliás, mesmo sendo potiguar conhece bem São Paulo. Como já disse acima, quando Serra ocupava o Palácio dos Bandeirantes, Faustino despachava diretamente com ele. Foi subchefe da Casa Civil por dois anos e meio. O titular da pasta era Aloysio Nunes Ferreira, hoje senador tucano.

Consta que quando Serra saiu candidato, teria sido guindado a responsável pela arrecadação de fundos em outros estados, já que em São Paulo o responsável pela tarefa era um certo Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto.

Também foi investigado pela Polícia Federal por suspeitas de desvios de recursos no Rodoanel.

Mesmo com todos esses ingredientes esse caso não ganhou as manchetes dos portais, dos jornais televisivos e também não vai virar capa daquela tal revista semanal. Nem dos ditos jornalões.

Isso não interessa. Como também não interessam a história do Caso Controlar, nem a das emendas do governo paulista ou a denúncia de esquema na licitação da linha 5 do Metrô.

O João Faustino não é da base do governo Dilma, não é amigo do Lula, não é petista, comunista ou de esquerda.

João Faustino é tucano, suplente de senador do DEM, amigo de Serra, Aloysio Nunes e FHC.

E ainda deve ter muitos amigos empresários. Os tais corruptores que nunca aparecem em denúncia nenhuma.

Convenhamos, João Faustino tem salvaguardas.

É o que podemos chamar de um homem de sorte. Se seu partido fosse outro, o Brasil inteiro já saberia detalhes de sua vida. E seu rosto seria o novo símbolo da corrupção nacional.

E, convenhamos, João Faustino pode ser inocente.

Talvez por isso a mídia comercial esteja tratando o caso com tanto cuidado…

CRISE EUROPÉIA - Abandonar um navio que afunda?

Abandonar um navio que afunda? Um plano para sair do euro.

por Yannis Varoufakis

Como sabem os visitantes habituais deste blog, considero que o colapso da eurozona será o arauto de uma década de 1930 pós-moderna. Se bem que virulentamente oposto à criação da eurozona, no seu momento de crise tenho estado a fazer campanha pelo salvamento do euro . Naturalmente, como correctamente escreveu aqui Alain Parguez, é impossível salvar alguém, ou alguma coisa, que não queira ser salva. Nesta mensagem, ainda que não recuando no meu compromisso pessoal de continuar a tentar salvar uma união monetária inclinada à auto-destruição, relatarei uma ideia de como um estado membro periférico podia tentar minimizar os (enormes) custos sócio-económicos de uma saída da eurozona que lhe é imposta pela sua franca desintegração.

O referido plano foi elaborado tendo em mente a Irlanda. Seus autores são Warren Mosler (administrador de investimentos e criador do swap hipotecário e do actual contrato swap Eurofutures) e Philip Pilkington, jornalista e escritor residente em Dublim, Irlanda. O seu ponto de partida é um diagnóstico (perfeitamente correcto): os "programas de austeridade" são "um fracasso abjecto e ainda assim responsáveis europeus consideram-nos como o único jogo possível. Assim, podemos apenas concluir nesta fase, uma vez que os responsáveis europeus sabem que programas de austeridade não funcionam, que eles estão a prossegui-los por razões políticas ao invés de razões económicas".

Por razões que tenho apresentado reiteradamente , se não derrubado este projecto político conduzirá, talvez não intencionalmente, ao colapso da eurozona. Deveria um país como a Irlanda esperar até a chegada do fim amargo ou deveria ele preparar-se para uma saída antes de ter sido martelado o prego final no caixão do euro? Mosler e Pilkington argumentam em favor de uma saída. Mas como pode a Irlanda, ou a propósito Portugal ou Grécia ou Itália, sair sem que o céu lhes caia sobre as suas cabeças? Aqui está o que eles propõem. Para o texto completo clique aqui .

1. Ao anunciar que o país está a deixar a Eurozona, o governo daquele país anunciaria que estaria a efectuar pagamentos – a funcionários do governo, etc – exclusivamente na nova divisa. Portanto o governo cessaria de utilizar o euro como um meio de pagamento.

2. O governo também anunciaria que só aceitaria pagamentos de impostos na nova divisa. Isto asseguraria que a divisa era valiosa e, pelo menos por algum tempo, de oferta muito escassa.

E isso é quase tudo. O governo gasta para abastecer-se e com isso injecta a nova divisa na economia enquanto a sua nova política de tributação assegura que ela é procurada pelos agentes económico e, portanto, valiosa. O gasto governamental é portanto a torneira através da qual o governo injecta a nova divisa na economia e a tributação é o escoadouro que assegura a procura da nova divisa pelos cidadãos.

A ideia aqui é adoptar uma abordagem "não interventiva" ("hands off"). Se o governo de um dado país anunciasse uma saída da Eurozona e a seguir congelasse contas bancárias e conversão à força seria o caos. Os cidadãos do país correriam aos bancos e tentariam desesperadamente manter tantos euros em cash quanto fosse possível na previsão de que eles seriam mais valiosos do que a nova divisa.

De acordo com o plano acima, entretanto, as contas bancárias dos cidadãos seriam deixadas em paz. Isso os prepararia para converterem seus euros na nova divisa a uma taxa de câmbio flutuante estabelecida pelo mercado. Eles, naturalmente, teriam de procurar a nova divisa quanto tivessem de pagar impostos e assim venderiam bens e serviços denominados na nova divisa. Isto "monetiza" a economia na nova divisa enquanto, ao mesmo tempo, ajuda a estabelecer o valor de mercado da dita divisa.

Minha reacção a este plano é simples: É um roteiro para quem pensa que o sistema euro ultrapassou o ponto de não retorno. Uma vez que esse ponto tenha sido ultrapassado, talvez seja essencial ir nesta direcção suavemente. Contudo, não acredito que a eurozona haja, actualmente, ultrapassado o ponto de não retorno. Ainda é possível salvar a divisa comum por meio de algo afim à nossa Modest Proposal . Isso pode exigir mais intervenção por parte do BCE do que prevê a Modest Proposal (graças ao terrível atraso na implementação de um plano racional, continuando ao invés disso no actual caminho insustentável) mas ainda é, penso, factível.

A razão porque estou convencido de que isto ainda não é o momento de abandonar o navio é o enorme custo humano da ruptura da eurozona. Considere-se por exemplo o que acontecerá se na verdade adoptarmos o plano de saída acima.

Todos os contratos do governo com o sector privado (externo e interno) serão renegociados na nova divisa após a depreciação inicial desta última. Por outras palavras, fornecedores internos enfrentarão um grande corte (haircut) instantaneamente. Muitos deles declararão bancarrota, com outra grande perda de empregos.


Os bancos ficarão a seco e não serão mantidos abertos pelo BCE. O que significa que o único meio para a Irlanda ou a Grécia ou qualquer outro país adoptar este plano e poder manter seus bancos abertos é eles serem recapitalizados na nova divisa interna pelo Banco Central. Mas isto significa que depósitos nas contas bancárias serão, de facto, convertidos dos euros para a nova divisa, anulando portanto a medida benéfica das conversões não compulsórias dos haveres do banco para a nova divisa ( ver acima ).


Os autores afirmam que os efeitos nefastos acima serão diminuídos pela nova independência monetária do governo a qual lhe permitirá descontinuar programas de austeridade imediatamente e adoptar política fiscal contra-cíclica, como fez a Argentina após o seu incumprimento e o cessamento da ligação peso-dólar. Pode ser assim as todas as comparações com a Argentina devem ser adoptadas com uma grande pitada de sal. Pois a recuperação da Argentina, e das políticas fiscais associadas, foram muito menos devidas à sua independência renovada e muito mais relacionadas a uma inesperada subida na procura de soja pela China.


Se bem que seja verdadeiro que uma divisa mais fraca promoverá exportações, isso também terá um efeito devastador. A criação de um país de dois níveis. Um que tem acesso a euros entesourados e outro que não tem. O primeiro adquirirá imenso poder sócio-económico sobre o último, forjando portanto uma nova forma de desigualdade que está destinada a operar como uma quebra no desenvolvimento por algum tempo – tal como a desigualdade que se desenvolveu no período pós 1970s fez enorme dano ao desenvolvimento real dos nossos países (em contraste com o crescimento do PIB) na segunda fase do pós guerra.


Finalmente, mas certamente não o menos importante, mesmo que um país saia da eurozona desta maneira, a eurozona será descosturada (will unwind) dentro de 24 horas. O Sistema Europeu de Bancos Centrais dissolver-se-á instantaneamente, os spreads italianos atingirão níveis gregos, a França tornar-se-á instantaneamente um país classificado como AA ou AB e, antes que possamos assobiar a 9ª Sinfonia, a Alemanha terá declarado a re-constituição do DM. Uma recessão maciça atingirá então os países que comporão a nova zona DM (Áustria, Holanda, possivelmente Finlândia, Polónia e Eslováquia) enquanto o resto da antiga eurozona trabalhará sob estagflação significativa. As novas guerras de divisas intra-europeias suprimirão, em uníssono com a recessão/estagflação em curso, o comércio internacional e europeu e, portanto, os EUA afundarão dentro de uma nova Grande Recessão. A década pós-moderna de 1930, de que continuo a falar, será uma realidade trágica.
Em suma, este plano pode acabar por ser o único meio de saída para um navio que se encaminha para rochedos. Devemos mantê-lo em mente uma vez que os nossos líderes europeus com propensões sanguinárias colocaram, e mantêm, todo um Continente no caminho pejado de rochas. Mas ainda não é o momento para adoptá-lo. Pois ele virá a um incrível custo humano, um custo que ainda pode ser evitado (assumindo que estou certo ao dizer que o ponto de não retorno não foi alcançado – ainda). Ainda temos uma possibilidade de lançar a ponte e mudar a rota. Se isso falhar, um plano como este de Mosler e Pilkington pode ser o equivalente dos nossos barcos salva-vidas. Deveríamos, contudo, manter sempre em mente que nossos barcos salva-vidas serão lançados em mares gélidos e, enquanto neles desamparados, muito perecerão.


27/Novembro/2011

Ver também:

Acerca das barreiras técnicas para o abandono do euro

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

POLÍTICA - Faustino preso; Serra mudo. E a mídia?

do BLOG DO MIRO

Por Altamiro Borges

Na quinta-feira passada, a operação “Sinal Fechado” do Ministério Público Federal resultou no pedido de prisão de 14 pessoas no Rio Grande do Norte. Elas são acusadas de fraudes bilionárias na inspeção veicular – o mesmo esquema que bloqueou os bens do prefeito Gilberto Kassab. A mídia até tem tratado do escândalo na capital paulista, mas evita destacar as prisões em Natal. Por que será?

Um dos envolvidos no escândalo potiguar, já preso e acusado de ser o chefão da quadrilha, é o tucano ricaço João Faustino, suplente do senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Mais grave ainda: Faustino foi um dos homens-fortes da campanha de José Serra em 2010. Enquanto o esquecido Paulo Preto chefiava a arrecadação de recursos financeiros em São Paulo, ele fazia a coleta nacional.

As relações entre Faustino e Serra são antigas. Ele foi o seu subchefe da Casa Civil em São Paulo, subordinado ao ex-secretário Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador no ano passado. Quando o grão-tucano se afastou do cargo de governador para disputar o pleito presidencial, Faustino foi acionado para o comando da campanha nacional – principalmente na área de arrecadação de recursos.

Até agora, José Serra, que adora se fingir de paladino da ética, nada falou sobre Faustino. Nem sequer prestou apoio ao seu amigo preso, ao antigo colaborador no Palácio dos Bandeirantes – bem diferente da postura “solidária e humanista” do demo Agripino Maia, outro ícone da “ética”, que logo inocentou seu suplente ricaço. Ingrato, o falante Serra está calado.

Cadê a Veja e o Jornal Nacional?

Já a mídia hegemônica, sempre tão imparcial e neutra, evita dar destaque para a prisão do arrecadador tucano, homem-forte de Serra. Faustino ainda não virou capa da Veja. Willian Bonner e Fátima Bernardes não fizeram cara de nojo no Jornal Nacional da TV Globo. Os jornalões dão apenas pequenas notinhas, nada de manchetes ou das tais reportagens “investigativas”. Estranho, não é?

E olha que o caso é cabeludo. Renata Lo Prete, da Folha, informa hoje (27) que “tucanos graúdos se mobilizam intensamente nos bastidores para avaliar a situação e projetar os danos da prisão de Faustino, que foi o número dois do hoje senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) na Casa Civil durante o governo de José Serra”. Então, por que a mídia não faz seu costumeiro escarcéu? Ela é seletiva?

POLÍTICA - Tem que aprender com o Lula.

Estratégia de alianças de Haddad em SP é reprovada pelo PT

Agência Brasil

Haddad conversou com dirigentes do PCdoB para pedir apoio nas eleições municipais em São Paulo.

Marina Dias


A estratégia do ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, de pedir apoio ao PCdoB pessoalmente para as eleições do próximo ano desagradou à cúpula do PT paulistano. Dirigentes do partido avaliam que Haddad errou ao marcar um jantar na quarta-feira (23), em Brasília, com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e com o ex-ministro do Esporte Orlando Silva. O encontro não foi positivo para o petista.

Rabelo e Silva afirmaram que o PCdoB irá lançar o vereador Netinho de Paula como candidato à sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD). "Haddad tinha que ter mandado um emissário para preparar o terreno. Ir pessoalmente foi um erro", avaliou um cacique do PT.

A avaliação é a de que Haddad lançou mão de uma investida direta muito cedo e acabou valorizando o passe do PCdoB. O partido foi aliado do PT nas três últimas eleições municipais em São Paulo e a maior parte dos petistas não acredita que os comunistas terão um candidato próprio à Prefeitura.

Saia justa

Outra situação da qual o ministro Fernando Haddad não saiu confortável foi a convenção estadual do nanico Partido Humanista da Solidariedade (PHS), no último domingo (20). O pré-candidato do PT foi convidado para uma palestra e, quando chegou ao local do evento, na Assembleia Legislativa de São Paulo, deu de cara com uma homenagem ao governador tucano Geraldo Alckmin e ficou bastante irritado.

Mais uma vez, petistas ligados ao ministro não gostaram da agenda. Segundo eles, é necessário fazer reuniões com partidos grandes, como PDT e PR, tradicionais aliados do PT em São Paulo, antes de abordar os menores para pedir apoio. "E, mesmo assim, é preciso enviar emissários às reuniões, e não o próprio candidato. Pelo menos nesse primeiro momento", finaliza um petista

FUTEBOL - Mancini é condenado na Itália.

Mancini é condenado a dois anos e oito meses por estupro na Itália


O meia Mancini, atualmente jogando no Atlético-MG, está, definitivamente, em maus lençois. O jogador foi condenado na Itália nesta manhã a dois anos e oito meses pelo crime de estupro e lesão corporal a uma brasileira. O crime teria ocorrido numa festa dada pelo atleta do Milan à época e atual jogador do Flamengo, Ronaldinho Gaúcho.

Segundo o que foi apurado pela promotoria, Mancini, ainda jogador da Internazionale, teria se beneficiado do estado de embriaguez da mulher e a estuprado no apartamento dela, aproveitando-se do fato de ela estar inconsciente.

O atleta, que esteve em campo ontem, na vitória sobre o Botafogo por 4 a 0, admitiu ser inocente e que irá recorrer da decisão da justiça italiana. ""Sou inocente e vou recorrer da decisão", afirmou por meio da assessoria de imprensa do Galo.

Conforme publicou o jornal italiano "La Gazzetta Dello Sport", um amigo de Mancini, Gerardo Eugenio do Nascimento, também foi condenado — a 8 meses de prisão — por ter convencido a moça de retirar a acusação contra o jogador.
Fonte: SRZD

ECONOMIA - "Caso os mercados não forem controlados, eles destruirão o capitalismo"

''Caso os mercados não forem controlados, eles destruirão o capitalismo'', afirma Nobel de Economia.


Em sua passagem pela Espanha, o prêmio Nobel Joseph Stiglitz afirmou que as políticas de ajuste são uma receita para crescer menos, gerar mais desemprego e aprofundar a recessão. Propôs impulsionar a demanda estimulando o consumo e os investimentos.

A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 25-11-2011. A tradução é do Cepat.

“A austeridade é uma receita para o suicídio”, sentenciou na semana passada na Espanha o prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz. De visita à Península Ibérica, o prestigiado economista advertiu o presidente espanhol, Mariano Rajoy, que as políticas de ajuste “são uma receita para crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego”. Na cidade de La Coruña, Stiglitz rechaçou a redução de salários e dos níveis de proteção social. Em compensação, assinalou que o problema é “a falta de demanda” e, portanto, a política econômica deve estimular o consumo e os investimentos. “Há uma tendência dos mercados sem controle de cometer excessos de todo tipo e, caso os mercados não forem controlados, eles destruirão o capitalismo”, arrematou o norte-americano.

Na Espanha, o “desemprego” sobe para 21,2% da população economicamente ativa, mais de cinco milhões de pessoas, e golpeia com mais intensidade os jovens, onde a taxa ultrapassa os 40%. A fórmula de Rajoy para enfrentar a crise é simples e está em sintonia com as recomendações do FMI e da União Europeia: “São necessários recortes em tudo”, ao mesmo tempo que se comprometeu a “manter o poder aquisitivo das pensões”. “Temo muito que vão se centrar na austeridade, e esta é uma receita para um crescimento menor, para uma recessão e para mais desemprego. A austeridade é uma receita para o suicídio”, lamentou Stiglitz.

O ex-vice-presidente do Banco Mundial destacou que “é preciso dar-se conta de que a austeridade por si só não vai resolver os problemas porque não vai estimular o crescimento; a menos que a Espanha não cometa nenhum erro, acerte 100% e aplique medidas para suavizar a política de austeridade, sair da crise levará muitos anos”.

O professor da Universidade de Colúmbia não reclama o default das economias periféricas europeias nem o abandono do euro, mas adverte que o enfoque do ajuste nasce de um diagnóstico errado. Stiglitz considerou que as “reformas estruturais”, histórico eufemismo para o ajuste fiscal, aplicadas em países como a Grécia, Portugal ou Itália, “foram construídas para melhorar a economia pelo lado da oferta, não pelo lado da demanda, quando o problema real é a falta de demanda”.

O prêmio Nobel questionou o papel do Banco Central Europeu em crises como a que a Grécia está atravessando, onde o organismo “colocou os interesses dos bancos acima dos interesses dos cidadãos”. Nesse sentido, Stiglitz explicou que no BCE “as decisões são tomadas por um grupo secreto de pessoas, a International Swaps and Derivatives Association (ISDA), um grupo de especuladores. É inaceitável que se confie a tomada de decisões a um determinado grupo de particulares, sobretudo a este grupo”. A ISDA é a associação que controla os produtos financeiros derivados, fundamentalmente os ativos over-the-counter que são negociados diretamente entre os privados sem nenhum tipo de intervenção de um organismo regulador.

Para aplicar as pressões do setor financeiro, Stiglitz propôs a criação de um organismo público que se encarregue das avaliações criditícias, de um fundo solidário que permita alcançar a estabilidade na Eurozona e a criação de eurobônus para financiar a região. “Há uma tendência dos mercados sem controle de cometerem excessos de todo tipo e, caso os mercados não forem controlados, eles destruirão o capitalismo”, afirmou o economista, que participará de um seminário em Buenos Aires no próximo dia 7 de dezembro.

POLÍTICA - Será que vão controlar o caso "Controlar"?

Do blog Tijolaço


As notas publicadas hoje na coluna de Renata Lo Prete na Folha de São Paulo, dando conta de que existem ligações entre o caso “Controlar-Kassab” e João Faustino, ex-secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e subchefe da Casa Civil do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dão a esperança de que o assunto saia das páginas locais dos jornais paulistas.

Ninguém está dando nada. O site NoMinuto, do Rio Grande do Norte, publicou as acusações do Ministério Público contra Faustino, chefe da campanha de Serra no Estado, num direcionamento de licitação para a inspeção veicular no Rio Grande do Norte nos mesmos moldes do feito no Município de São Paulo.

Neste arranjo, teria participado a mesma empresa Controlar, acusada de fraude em São Paulo.

A Controlar, depois de abiscoitar a concessão milionária em São Paulo, foi parcialmente vendida para um consórcio de empreiteiras. Seus donos, o casal Carlos e Abigail Suárez teriam ganho R$ 170 milhões na transação.

A informação é a de que há documentos provando que o casa distribuiu – e oficialmente, através de doações registradas – mais de R$ 2 milhões de seu patrimônio pessoal para diversos partidos e candidatos em 2010.

Isso, oficialmente. A caixa 2 ainda está por ser aberta

POLÍTICA - É por isso que o PIG é PIG.

Caso Controlar ou é por isso que o PiG é PiG

No dia 18 último, o presidente do Metrô foi afastado pela Justiça por descumprimento de ordem judicial. O caso em questão guardava relação com a concorrência da linha 5 do Metrô e o prejuízo calculado para o Estado pera 4 bilhões de reais.

Na quinta-feira passada, o MP pediu o afastamento do prefeito Gilberto Kassab por conta de prejuízos calculados em 1 bilhão de reais aos cofres públicos na licitação do Controlar.

Na sexta, a Justiça determinou nova licitação e bloqueou os bens de Kassab.


Os jornais de hoje ignoram ambos os casos nas suas manchetes. Um já caiu no esquecimento (Metrô) e o outro virou nota de rodapé (Controlar).

Algumas pessoas acham forte a expressão PiG. Consideram-na inadequada por conta de condenar os veículos de imprensa por um papel que também é deles, o de fazer oposição.

De fato, seria exagerado se a os veículos comerciais tratassem todos os lados envolvidos no noticiário político a partir dos mesmos critérios. Ou ao menos de critérios semelhantes.

Mas como isso está longe de acontecer, chamar os veículos comerciais de PiG não é exagero algum.

Aqui na Fórum, o Dennis de Oliveira já chamou à atenção para o poder das empresas que realizam a inspeção veicular em São Paulo neste post (http://www.revistaforum.com.br/dennisdeoliveira/2011/02/05/misterios-de-um-grupo-empresarial-que-governa-sao-paulo/) que acabou gerando este outro (http://www.revistaforum.com.br/dennisdeoliveira/2011/02/23/a-empresa-que-governa-a-cidade-de-sao-paulo/).

Kassab armou um esquema tão “perfeito” que inclusive se tornou modelo em outros estados, como no Rio Grande do Norte, onde foi fruto de uma operação policial (Sinal Fechado) que levou para a cadeia 14 pessoas.

Em São Paulo, que começou a vigir em 2008 foi assinado em 1996, doze anos antes. Ainda na gestão Maluf. Nada, absolutamente nada, tem prazo de validade tão longo para ser exercido. Concursos públicos, vestibulares etc, caducam em prazo muito mais exíguo. Por que um contrato assinado 12 anos antes foi resgatado sem que houvesse questionamento mídático algum?

Não é só questão de condescendência com o mal feito. Neste caso o buraco é mais embaixo. Nesta operação de captura do Estado por setores privados corruptos e corruptores a mídia comercial faz parte do esquema.

Já foi assim nas privatizações dos anos 90, quando nada era noticiado e nem denunciado.

O Caso Controlar e nem o do Metrô vão ficar nas manchetes porque são os aliados dos donos dos veículos de comunicação que estão envolvidos nele. Tanto os grupos empresariais que operam o serviço, quanto os governantes que o organizam.

É por isso que o PiG é PiG.

POLÍTICA - Nossa América

por Cláudio Lembo* Terra


Durante anos exportaram ideias. Pareciam titulares de toda a verdade. As correntes políticas ou os estudos jurídicos só tinham uma fonte. Era o pensamento europeu.


O resto do mundo era colônia, se não política, certamente mental. Todas as formas de pensar pareciam nascer no Velho Continente. As cidades e os costumes eram importados. Os valores locais, desprezados.


Neste clima de dominação, os povos tiveram suas línguas nativas obrigatoriamente marginalizadas. Falava-se o idioma materno no interior dos lares. Nunca em público.


Este cenário mostrou-se mais alarmante na América espanhola. A colonização hispânica cerceou todos os espaços aos povos indígenas. A língua obrigatória era o espanhol.


Não foi diferente nas margens do Atlântico. O guarani - e outros idiomas - foi proibido já no século XVIII por determinação expressa do Marquês de Pombal.


Perderam-se costumes e vivências, de maneira agressiva e predatória. Algumas regiões, graças aos esforços de poucos abnegados, preservaram línguas locais.


Aí esta o Paraguai falando o melodioso guarani. Lá em cima, na região andina, peruanos e chilenos procuram reaver os valores saqueados.


A América busca reaver seu passado e suas fontes originárias. Vai aos poucos se libertando do pior dos passados coloniais: a servidão mental. Já se pensa com valores locais.


Quando os povos da Bolívia levantam suas vozes é extremamente gratificante. O mesmo se dá com a auto-afirmação dos incas, que voltam a falar seus idiomas históricos.


Os brasileiros não necessitam praticar o esforço para reconquistar o passado. Os nossos povos sofreram uma integração plena. Hoje a língua é única - salvo limitadas exceções - e falada por duzentos milhões de pessoas. Verdadeiro milagre.


Este processo de descolonização se iniciou com o fim da segunda Guerra Mundial, lá no ano de 1945. Teve grande surto na Ásia e na África, onde as antigas colônias libertaram-se e criaram estados nacionais.


As lutas foram intensas e é sempre oportuno recordar as atrocidades cometidas pelos europeus nos combates pela independência dos povos africanos.


Foi deplorável o que praticaram os belgas. Impediram os nativos de ingressar em escolas e, quando a explosão libertária ocorreu, havia em todo o Congo apenas dezessete graduados.


Apenas um exemplo, entre muitos outros. Por que tantas recordações? Realmente assemelha-se a um saudosismo sem motivo. Não é bem assim. As notícias vindas das fontes europeias são preocupantes.


Desejam os líderes europeus impor seu pensamento econômico aos latino-americanos e, a todo o momento, anunciam a chegada do desastre econômico a este continente.


Erram. Muitos governantes da América do Sul se imbuíram dos valores de seus povos e já não aceitam passivamente imposições externas. Deram exemplos de sadia orientação econômica.


Politicamente, os ecos que vêm da Europa são negativos. Quando os gregos, massacrados pelo egoísmo financeiro dos banqueiros externos, desejaram ser ouvidos, foi negado.


Um referendo para captar a vontade popular sobre a crise econômico foi negado pelos europeus. Os gregos foram obrigados a se calar e aceitar a vontade de uns poucos tecnocratas.


Lamentável a posição de personalidades que deveriam ser herdeiros de tradições democráticas e de lutas em busca da participação popular. A colonização dos povos da Europa pelo sistema financeiro internacional tornou-se uma triste realidade.


Os povos latino-americanos em suas atitudes de auto-afirmação mostram-se mais ativos e eficientes que os cansados dirigentes do continente europeu.


É tempo e hora de pensar com nativismo. Acreditar nos valores oriundos de séculos de lutas e sobrevivência. Eles não foram capazes de sufocar a identidade nacional existente neste belo e jovial continente.

Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador

domingo, 27 de novembro de 2011

POLÍTICA - Como sempre o PIG protege os políticos da oposição.

Do blog "O Aposentado Invocado"

Se este "traíra" fosse do PT seria um "deus nos acuda"

Notícia sobre fraude,peculato e corrupção do ex-deputado,do PPS, Raul

Jungmann no,"JN",levou exatos 36 segundos,não teve entrevista ou imagem do

agora ex-acusado que se safou porque prescreveu o processo.

P.S. Acreditem,ele já deu palestra na Escola Superior de Guerra. Coitados de nós !


http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/t/edicoes/v/justica-arquiva-inquerito-contra-ex-deputado-raul-jungmann/1709558/

POLÍTICA - PSDB repete em 2011 trama de 2004.

Do blog Amigos do Presidente Lula.

"Eu vou apoiar quem vier a ser o candidato do PSDB.O Serra não se dispôs a ser e não é verdade que eu esteja forçando ele a se candidatar, como foi publicado na imprensa", afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Acho muito difícil (Serra se tornar candidato a prefeito). Não pelo partido, mas pela disposição do Serra",declarou o governador paulista Geraldo Alckmin.

As declarações acima remetem para a atual conjuntura política

Mas foram feitas em 2004.

Sete anos depois de o PSDB ter sido protagonista da novela para escolher o candidato a prefeito de São Paulo, o partido edita trama parecida, na qual os personagens e conflitos são os mesmos......


Nos últimos dias, até os detalhes do enredo foram repetidos.


Em 2004, o ex-governador José Serra, então candidato derrotado à Presidência da República dois anos antes, não queria ser candidato a prefeito. Sua meta era trabalhar pelo País de modo a viabilizar uma candidatura ao Palácio do Planalto novamente.


Alckmin, então governador, se viu às voltas com quatro outros pré- candidatos,que pressionavam para disputar uma pré convenção - expressão usada no tucana to naquela época para evitar o termo" prévias",que causava arrepios na cúpula partidária.

O governador começou a costurar nos bastidores com um único objetivo: ganhar tempo. Queria evitar que a pré-convenção ocorres se muito cedo e se tornas se um fato consumado, o que dificultaria articulações para, por exemplo, convencer Serra a se tornar candidato. Alckmin chegou a convocar para uma reunião no Palácio dos Bandeirantes os quatro pré-candidatos - os então deputados José Aníbal, Walter Feldman e Zulaiê Cobra e o secretário de Segurança, Saulo Abreu. No encontro, expôs a preocupação com a situação e tentou ganhar tempo.Hoje os tucanos reeditam a história.


Alckmin, também às voltas com quatro pré-candidatos, os convocou para um encontro no Palácio dos Bandeirantes na noite deste domingo. A reunião foi marcada com a mesma intenção do passado: ganhar tempo.

Data. Na reunião de hoje, Alckmin pedirá aos tucanos que aceitem realizar as prévias em março.

A ação do governador,que deve conseguir" convencer"os pré candidatos do partido, atropelará decisão do próprio PSDB.


O Estado teve acesso à ata de reunião da Comissão Executiva do Diretório Municipal do partido, no dia 27 de outubro, que marca para janeiro as prévias.


"Em relação à data para a realização das prévias, havendo duas propostas, dezembro de 2011 e janeirode2012,o presidente(Julio Semeghini) colocou em votação.

Foi aprovado em janeiro de 2012", conclui o documento.


Alckmin avalia que março dará mais tempo para o partido negociar alianças e ter um quadro mais claro da disputa. Três dos quatro pré-candidatos, que são secretários, Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia), tendem a aceitar o acordo.

O deputado Ricardo Tripoli tem defendido a tese de que a disputa deve ser realizada até janeiro.


Para os defensores da postergação, março dá mais tempo para debater internamente a tese da aliança com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab. O governador é pressionado por setores do partido a fazer uma coligação coma nova legenda e lançar candidato a prefeito o vice-governador Guilherme Afif Domingos.

O PSDB entraria com o tempo de TV e a indicação do vice. Em troca, teria o apoio de Kassab no projeto de reeleição em 2014.


Segundo relatos de aliados, o governador ainda vê com desconfiança o acordo e aposta na construção de um arco de alianças forte, de modo que o candidato tucano tenha tempo de TV.Candidato, Haddad assume negociação por alianças


Enquanto o PSDB discute qual será o candidato, o PT começou a costurar as alianças em torno do petista Fernando Haddad, ministro da Educação. O diretório estadual do partido reuniu-se ontem na capital para discutir as alianças nas principais cidades do Estado. Haddad tinha agenda particular e não compareceu.

Na sexta-feira, o ministro entrou diretamente na negociação ao se encontrar com o vereador Antonio Carlos Rodrigues, principal líder do PR na cidade, e o presidente do PT municipal, vereador Antonio Donato. Segundo dirigentes petistas, a conversa foi positiva e há chances de fechar uma aliança. A principal reivindicação da sigla é aliar-se aos petistas nas eleições proporcionais.

A vaga de vice foi colocada na mesa de negociações, mas não foi uma exigência explícita do PR, segundo o PT. "Pleiteamos a vice, mas ainda estamos discutindo.

Um vice que não atrapalhe já ajuda", declarou Rodrigues.

Diante das dificuldades de aliança com o PMDB, que quer a candidatura de Gabriel Chalita, e do PC do B, que insiste no nome de Netinho de Paula, o PT considera o apoio do PR fundamental para ampliar o tempo de TV.Estado

POLÍTICA - O cara parece "alma penada".

Do Blog da Dilma.

Marcos Coimbra


O que fazer com Serra?


Como aqueles entes sobrenaturais incômodos que, às vezes, aparecem nas casas antigas, o ex-governador José Serra, volta e meia, se manifesta. Desde o início do ano, foram várias.

Em todas, causou embaraços e constrangimentos a seus correligionários. Quando, por exemplo, no primeiro semestre, resolveu pisar fundo nas críticas ao PT e a Dilma, em um texto que denunciava a “herança maldita de Lula” (vindo de quem havia se apresentado, em 2010, como o “Zé que vai continuar a obra de Lula”).

Justo na hora em que os governadores e parlamentares tucanos procuravam estabelecer um clima de diálogo com o governo.Outro dia, se materializou, subitamente, no encontro peessedebista que estava sendo realizado no Rio de Janeiro, marcado - talvez por coincidência - para quando tinha dito que estaria indisponível. Voltou às pressas da Europa e lá surgiu.

Como a maior parte dos debatedores ali reunidos reprovava a campanha que fizera ano passado, teve que ouvir o que não queria.


Procurando acomodá-lo no arranjo partidário que emergiu da convenção de maio, arrumaram-lhe uma função para a qual se revelou inapto. Não faz sentido que o conselho político de um partido seja presidido por quem não dá mostras de querer ouvir os outros. Por quem quer apenas externar pontos de vista individuais.Até agora, no entanto, Serra não tinha ido tão longe como foi na discussão da estratégia do PSDB para a sucessão da prefeitura de São Paulo. Na última terça feira, para espanto do meio político, saiu-se com a tese de que seu partido não deveria ter candidato a prefeito na maior cidade do país, a capital do estado que governa desde 1994 e o principal bastião tucano nacional.Seu argumento é que o PSDB não tem “candidatos viáveis” e que, por isso, deveria se aliar ao PSD, cerrando fileiras em torno da candidatura de Guilherme Afif. Os quatro pré-candidatos tucanos que estão em campo - alguns intimamente ligados a ele -seriam perdedores.

POLÍTICA - Negromonte e Kassab, crias do malufismo.

Do blog Balaio do Kotscho.

Foram tantos os casos de corrupção e irregularidades na aplicação de recursos públicos denunciados esta semana que a gente nem sabe por onde começar.

Basta ficar um dia sem escrever que o entulho se acumula nas manchetes dos jornais. Qual caso é mais grave?

O do ministro das Cidades, Mário Negromonte, que autorizou, com adulteração de documentos, um "aditivo" de R$ 700 milhões numa obra viária para a Copa do Mundo em Cuiabá?

Ou o do prefeito de são Paulo, Gilberto Kassab, que teve seus bens bloqueados pela Justiça para garantir o ressarcimento de R$ 1 bilhão aos donos de carros e aos cofres públicos no processo sobre irregularidades cometidas para repassar a uma empresa privada (a Controlar, que financiou sua campanha eleitoral em 2008) o serviço de inspeção veicular na cidade.

Não se trata de um critério só de valores envolvidos, alguns milhões a mais ou a menos transferidos dos cofres públicos para bolsos privados. Mais do que as cifras, impressiona o "modus-operandi" e a desfaçatez dos denunciados por estas novas maracutaias.

O que têm em comum o ministro Negromonte e o prefeito Kassab? Ambos são crias do mesmo líder político, o inefável Paulo Maluf, símbolo maior do poder exercido em benefício próprio.

Ainda deputado federal, Maluf sumiu do noticiário e anda na moita à espera do julgamento dos seus muitos processos, mas seus métodos continuam servindo de modelo para muitos seguidores.

Negromonte foi indicado para o cargo de ministro das Cidades pelo PP, o Partido Progressista (!?) de Paulo Maluf, que faz parte da base aliada do governo federal.

Rifado pelo seu próprio partido, Negromonte chorou ontem em cerimônia pública na Bahia, já sabendo que vai perder o cargo na anunciada reforma ministerial, se é que se sustenta até lá.

Kassab surgiu na vida pública pelas mãos do esquema político malufista em São Paulo e foi secretário de Planejamento do falecido prefeito Celso Pitta, também cria de Maluf.

Passou a semana em Paris e se limitou a divulgar uma nota burocrática, informando que "tomará as medidas judiciais que julgar oportunas" para liberar seus bens bloqueados.

As siglas foram mudando de letras ao longo do tempo, sem perderem suas características, que aliam o conservadorismo mais tosco a um certo desleixo, digamos assim, com a grana dos nossos impostos.

Lá atrás, estes patriotas se abrigavam na Arena, o partido criado pelos militares para dar sustentação parlamentar aos governos dos generais. Com a redemocratização, surgiram o PDS, que depois se subdividiu em PFL, mais tarde rebatizado como DEM, PP e outras siglas menores.

Para completar a salada, Gilberto Kassab comandou este ano a criação de mais uma sigla, o PSD, que, segundo ele mesmo, não é de direita, nem de esquerda, nem de centro, e pretende apenas ser um partido da situação, em qualquer situação ou latitude.

Sem condições de disputar o poder central ou mesmo governos estaduais mais importantes, estas siglas aliam-se, em troca de cargos e verbas públicas, conforme as conveniências do momento, aos dois grandes partidos, PT e PSDB, que sem eles não conseguem garantir a chamada "governabilidade".

Da mesma forma, sobrevive como grande fiel da balança, o PMDB velho de guerra, que fazia contraponto consentido à Arena.

Aí está a raiz dos esquemas de corrupção montados por toda parte, que clamam por reforma política, reforma eleitoral, reforma partidária _ a reforma do Estado, enfim.

Nada indica que isto acontecerá tão cedo. O país já está entrando em clima de festas de fim de ano, a presidente Dilma Rousseff vai tirar férias numa base militar, o Congresso Nacional se prepara para entrar em recesso e não há previsão de data nem para a reforma ministerial, que já vem tarde.

Chegamos ao final do ano exatamente como começamos, com os governantes reagindo apenas em função das denúncias publicadas pela imprensa e de decisões da Justiça.

Destaques da semana, o baiano Mário Negromonte e o paulistano Gilberto Kassab são produtos da mesma estrutura viciada com prazo de validade vencido que continuam sendo oferecidos ao eleitorado.

No ano que vem, temos novas eleições marcadas. Como mudar este cenário pouco animador?

ANOS DE CHUMBO - Os arquivos secretos da marinha.

Do blog ContextoLivre.

A revista Época teve acesso a documentos inéditos produzidos pelo Cenimar, o serviço de informações da força naval. Eles revelam o submundo da repressão às organizações de esquerda durante a ditadura militar

Uma caixinha de papelão do tamanho de um livro guardou por mais de três décadas uma valiosa coleção de segredos do regime militar implantado no Brasil em 1964. Escondidas por um militar anônimo, 2.326 páginas de documentos microfilmados daquele período foram preservadas intactas da destruição da memória ordenada pelos comandantes fardados. Os papéis copiados em minúsculos fotogramas fazem parte dos arquivos produzidos pelo Centro de Informações da Marinha (Cenimar), o serviço secreto da força naval. Ostentam as tarjas de “secretos” e “ultrassecretos”, níveis máximos para a classificação dos segredos de Estado e considerados de segurança nacional. Obtido com exclusividade por ÉPOCA, o material inédito possui grande importância histórica por manter intactos registros oficiais feitos pelos militares na época em que os fatos ocorreram. Para os brasileiros, trata-se de uma oportunidade rara de conhecer o que se passou no submundo do aparato repressivo estruturado pelas Forças Armadas depois da tomada do poder em 1964. Muitos dos mistérios desvendados pelos documentos se referem a alguns dos maiores tabus cultivados pelos envolvidos no enfrentamento entre o governo militar e as organizações de esquerda.







FIM DO SEGREDO
A caixa de papelão com os microfilmes de documentos do Cenimar. Ela foi guardada por um militar anônimo por mais de três décadas (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)


As revelações mais surpreendentes estão nas pastas rotuladas de “Secretinho”, uma espécie de cadastro dos espiões nas organizações de esquerda. Fichas e relatórios do Cenimar identificam colaboradores da ditadura, homens e mulheres, que atuavam infiltrados nas organizações que faziam oposição, armada ou não, ao regime militar. Agiam dentro dos partidos, dos grupos armados e dos movimentos estudantil e sindical. O trabalho dos informantes e agentes secretos era pago com dinheiro público e exigia prestação de contas. Muitos infiltrados eram militares treinados pelos serviços secretos das Forças Armadas que atuavam profissionalmente. Outros foram recrutados pelos serviços secretos entre os esquerdistas, por pressão ou tortura. Havia ainda dezenas de colaboradores eventuais, simpatizantes do regime, que trabalhavam em setores estratégicos, como faculdades, sindicatos e no setor público. A metódica organização da Marinha juntou relatórios, fotografias, cartas e anotações de agentes e militantes.

Reveladores, os papéis microfilmados divulgados por ÉPOCA antecipam alguns dos debates mais importantes previstos para a Comissão da Verdade, cuja lei de criação foi sancionada recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Aprovada pelo Congresso, a comissão foi criada com o objetivo de esclarecer os abusos contra os direitos humanos cometidos, principalmente, durante a ditadura militar. Se investigar a fundo o que se passou nas entranhas do aparato repressivo, chegará à participação de militantes de esquerda nas ações que levaram à prisão, à morte e ao desaparecimento de antigos companheiros.







O PRECURSOR
José Anselmo dos Santos (ao centro, de bigode), o “Cabo Anselmo”, o mais famoso dos agentes duplos da ditadura, numa foto de 1964. Acima, uma reprodução de um documento do Cenimar, em que seu nome aparece numa lista de civis e militares investigados (Foto: Arquivo O Dia)


Durante a luta armada, as acusações de traição muitas vezes determinaram justiçamentos, com a execução dos suspeitos pelos próprios integrantes das organizações comunistas. Isso aconteceu com Salathiel Teixeira, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que integrou o revolucionário Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), dissidência do “Partidão” que migrou para a luta armada. Salathiel terminou morto por companheiros por suspeita de ter fornecido, sob tortura, informações aos órgãos de repressão. Os documentos da Marinha mostram como Maria Thereza, funcionária do antigo INPS do Rio de Janeiro e amiga de Salathiel, foi recrutada e paga para ajudar a prendê-lo em 1970. A prisão de Salathiel foi chave para a prisão de dirigentes do partido.

O Cenimar representava a Marinha na poderosa comunidade de informações do governo militar, que incluía também os serviços secretos do Exército, da Aeronáutica, da Polícia Federal e das polícias Civil e Militar. O marco inicial da estruturação dessa rede que investigava e caçava inimigos dos militares foi a criação do Serviço Nacional de Informações (SNI), em 1964, pelo então coronel Golbery do Couto e Silva, um dos homens fortes dos governos dos presidentes Humberto de Alencar Castelo Branco, Ernesto Geisel e João Figueiredo.

Para compreender bem o confronto sangrento entre as Forças Armadas e as organizações de inspiração comunista, é necessário lembrar o contexto da época. O mundo vivia a Guerra Fria, período de polarização ideológica em que Estados Unidos e União Soviética disputavam o controle de regiões inteiras do planeta. O Brasil importou o conflito internacional. O governo militar tinha o apoio dos Estados Unidos, e parte da oposição aderiu aos regimes comunistas, com forte influência de Cuba e China. O PCB se dividiu em dezenas de siglas adotadas por grupos radicais que adotaram a luta armada como instrumento para a derrubada dos militares. O PCB defendia a via pacífica para a chegada ao poder. Nem assim escapou da perseguição do aparato repressivo e muitos de seus seguidores foram mortos e desapareceram com a participação direta da comunidade de informações. Dentro do PCB sempre se soube que a ação de agentes infiltrados teve grande responsabilidade nas prisões dos comunistas. Os documentos do Cenimar revelam que um discreto dirigente do PCB em São Paulo, Álvaro Bandarra, fez um acordo com os militares em 1968 para colaborar com a caçada aos integrantes do partido.

Os documentos do Cenimar mostram ainda como agiram os espiões para ajudar no desmantelamento de algumas das dissidências do PCB. Os agentes infiltrados pela Marinha tiveram importante participação na derrocada do PCBR, da Ação Libertadora Nacional (ALN), da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e da Frente de Libertação Nacional (FLN). Os militantes viviam escondidos em casas e apartamentos, chamados por eles mesmos de “aparelhos”. Num tempo em que não havia telefone celular nem internet, marcavam locais de encontro, conhecidos como “pontos”, com semanas ou meses de antecedência para garantir o funcionamento das organizações. Num desses “pontos”, descoberto por um agente secreto de codinome “Luciano”, morreu Juarez Guimarães de Brito, um dos líderes da VPR, procurado pelo governo por ter comandado o lendário assalto ao cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros.

Os arquivos da Marinha revelam também como os comunistas subestimaram a força da ditadura e cometeram erros infantis que facilitaram o trabalho da repressão. Num tempo em que os grampos telefônicos já eram comuns, guerrilheiros tramavam ações armadas e falavam despreocupadamente ao telefone. Também convidavam para participar de grupos de ação armada pessoas que mal conheciam, o que facilitou a infiltração dos agentes secretos. A fragilidade das organizações de esquerda permitiu a infiltração do fuzileiro naval Gilberto Melo em entidades do movimento estudantil no Rio de Janeiro.

A história de Gilberto guarda grande semelhança com a do mais conhecido dos agentes duplos da ditadura, José Anselmo dos Santos, conhecido por “Cabo Anselmo”. Anselmo se tornou conhecido ainda antes do golpe como presidente da Associação dos Marinheiros, um dos focos de agitação durante o governo de João Goulart, e depois se infiltrou em organizações da luta armada como informante da repressão. Gilberto passava os dias perambulando pelo restaurante Calabouço, local de encontro dos estudantes e de organização das manifestações contra o regime militar. Ele viu quando o secundarista Edson Luiz Lima Souto foi morto durante uma manifestação por policiais no Calabouço, com um tiro no peito, no dia 28 de março de 1968.

Nos dias seguintes à morte de Edson Luiz, Gilberto, conhecido no Cenimar como Soriano, participou das manifestações desencadeadas pelo assassinato, que culminaram na famosa passeata dos 100 mil, em junho de 1968, no Rio de Janeiro. Gilberto incorporou tanto o disfarce que terminou preso duas vezes. Foi espancado e torturado como se fosse um esquerdista. Nunca revelou que era agente secreto. A morte de Edson foi um dos fatos mais marcantes daquele período, que culminou com o recrudescimento da repressão pelo regime militar e a implantação do Ato Institucional Número 5 (AI-5) no final de 1968.

Os papéis microfilmados constituem um valioso acervo para a compreensão dos métodos empregados pelos órgãos de repressão. Por razões óbvias, nos registros não constam as práticas mais hediondas, como tortura, prisões ilegais, assassinatos ou desaparecimento de pessoas. Mas eles têm o mérito de expor personagens e mostrar o roteiro das perseguições aos inimigos do regime. Os relatórios do Cenimar também registram o envolvimento de oficiais da Marinha. Eles controlavam a rede de espiões espalhados pelo país, chefiavam as equipes de busca e coordenavam os interrogatórios. “Documentos que mostram relatórios de informantes, contratações e atuação direta são raros”, afirma Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, um dos principais historiadores do período militar. “Provavelmente (esses documentos) deveriam ter sido expurgados. Por algum motivo, alguém os salvou.”

O expurgo mencionado por Fico foi concretizado no acervo do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa). O Cisa fazia o mesmo trabalho do Cenimar. Também tinha agentes e controlava elementos infiltrados em organizações de esquerda. No início do ano, o Arquivo Nacional abriu a consulta aos documentos acumulados pelo Cisa e entregues um ano antes pela Aeronáutica. Mas quem for até lá em busca de documentos como os do Cenimar vai se decepcionar. Não há nada que leve à identidade de agentes e informantes, seus relatórios, comprovantes de pagamentos, material que existe fartamente nos arquivos obtidos por ÉPOCA. Procurada, a Marinha afirmou desconhecer os documentos do arquivo secreto. “Não foram encontrados, no Centro de Inteligência da Marinha, registros pertinentes aos questionamentos apresentados”, afirmou o contra-almirante Paulo Maurício Farias Alves, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.

Até hoje, a história da ditadura militar no Brasil se revelou aos poucos, em imprevisíveis divulgações de documentos, relatos contraditórios de militares e incompletas declarações dos perseguidos pelo regime militar. Menos de três décadas depois de restaurada a democracia, ainda existem importantes segredos

sábado, 26 de novembro de 2011

GRANDE FHC! Encalhe de convites.

Convites para jantar com FHC encalham.

Por Altamiro Borges

Saiu ontem na coluna Poder Online, de Jorge Félix e Tales Faria, no portal IG:



O PSDB de São Paulo está com dificuldade para vender os convites de R$ 1 mil para um jantar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, programado para o dia 5 de dezembro, em Higienópolis.

Por enquanto, só 100 dos 500 convites foram vendidos. O evento está sendo organizado pelo diretório estadual para arrecadar fundos para o partido. Na próxima semana, os tucanos farão uma força-tarefa para desencalhar os convites.



Baita sacanagem da "zelite"

Baita sacanagem! Se os executivos das multinacionais beneficiadas pela privataria de FHC comprassem o convite o local do jantar seria pequeno. Se os banqueiros salvos pelo Proer de FHC fizessem o mesmo, dava até para cobrar mais caro – não essa merreca de R$ 1 mil. Será que as socialites dos bairros nobres paulistanos, tão indignadas com a corrupção, foram convidadas?

Vamos lá, pessoal da “zelite”. Ajude o PSDB a montar o caixa – de forma legal, e não o caixa-2 – para a campanha eleitoral do próximo ano. É certo que os tucanos estão divididos, se bicando. É certo que Serra, Aécio e Alckmin não se entendem. Mas, afinal, o PSDB sempre defendeu a “zelite”. Não deixe o FHC falando sozinho – ele pode até cortar os pulsos, pode ter uma indigestão no jantar!
Postado por Miro

AMAZÔNIA: UM IMENSO PASTO.

ADITAL

Frei Betto

Escritor e assessor de movimentos sociais

Os dados são do governo federal: 17,5% da Amazônia brasileira é área desmatada. Desse total, 62% foram transformados em pasto de bois e vacas. Imagens de satélites comprovam que, até 2008, uma área de 719 mil km2 – três vezes o Estado de São Paulo ou pouco menos que a extensão do Chile - teve todas as suas árvores abatidas. E, certamente, rios e lagoas poluídos.

Ao contrário do que se imagina, a agricultura, em especial a destinada à produção de grãos, como soja, ocupa menos de 5% da área total desmatada.

A principal arma de devastação da Amazônia, a motosserra, derruba árvores e abre pastos de baixíssima produtividade, a ponto de uma área do tamanho de um campo de futebol ser ocupada por apenas um boi.

Concentram-se na Amazônia 71 milhões de cabeças de gado. Quase todas destinadas a produzir carne de exportação. A maioria dos pecuaristas não apresenta condições de assegurar produtividade de seus rebanhos e, ao mesmo tempo, preservar a floresta. O investimento para obter produtividade combinada com preservação é caro e exige, no mínimo, 5 mil cabeças de gado.

Os satélites monitorados pelo governo federal revelam, entretanto, que há amplas áreas amazônicas em processo de recuperação – 21% do tal desmatado. Ao todo, 150,8 km2, cerca de 100 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

Frente aos dados apresentados pelo INPE (instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) não faz sentido decretar moratória aos responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, como chegou a propor o texto do novo Código Florestal com o apoio do ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia.

Portanto, há que reformular o projeto do Código e aplicar pesadas multas e punições aos responsáveis pelo manejo das motosserras que, ao desmatar, provocam aumento do aquecimento global e do desequilíbrio ambiental.

Para preservar a Amazônia, melhor que códigos florestais e fiscalizações seria a reforma agrária adaptada ao seu grandioso ecossistema, de modo a impedir a atividade predatória do agronegócio, do latifúndio e de empresas de mineração.

[Frei Betto é escritor, autor do romance "Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

FUTEBOL - Será que vamos ceder às pressões da FIFA? Ou querem que os brasileiros torçam pela TV?

Ou querem que os brasileiros torçam pela TV?

A Copa (não) é nossa

Frei Betto

Escritor e assessor de movimentos sociais.

Adital


Para bem funcionar, um país precisa de regras. Se carece de leis e de quem zele por elas, vale a anarquia. O Brasil possui mais leis que população. Em princípio, nenhuma delas pode contrariar a lei maior – a Constituição. Só em princípio. Na prática, e na Copa, a teoria é outra.

Diante do megaevento da bola, tudo se enrola. A legislação corre o risco de ser escanteada e, se acontecer, empresas associadas à Fifa ficarão isentas de pagar impostos.

A lei da responsabilidade fiscal, que limita o endividamento, será flexibilizada para facilitar as obras destinadas à Copa e às Olimpíadas. Como enfatiza o professor Carlos Vainer, especialista em planejamento urbano, um município poderá se endividar para construir um estádio. Não para efetuar obras de saneamento...

A Fifa é um cassino. Num cassino, muitos jogam, poucos ganham. Quem jamais perde é o dono do cassino. Assim funciona a Fifa, que se interessa mais por lucro que por esporte. Por isso desembarcou no Brasil com a sua tropa de choque para obrigar o governo a esquecer leis e costumes.

A Fifa quer proibir, durante a Copa, a comercialização de qualquer produto num raio de 2 km em torno dos estádios. Excetos mercadorias vendidas pelas empresas associadas a ela. Fica entendido: comércio local, portas fechadas. Camelôs e ambulantes, polícia neles!

Abram alas á Fifa! Cerca de 170 mil pessoas serão removidas de suas moradias para que se construam os estádios. E quem garante que serão devidamente indenizadas?

A Fifa quer o povão longe da Copa. Ele que se contente em acompanhá-la pela TV. Entrar nos estádios será privilégio da elite, dos estrangeiros e dos que tiverem cacife para comprar ingressos em mãos de cambistas. Aliás, boa parte dos ingressos será vendida antecipadamente na Europa.

A Fifa quer impedir o direito à meia-entrada. Estudantes e idosos, fora! E nada de entrar nos estádios com as empadas da vovó ou a merenda dietética recomendada por seu médico. Até água será proibido.

Todos serão revistados na entrada. Só uma empresa de fast food poderá vender seus produtos nos estádios. E a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios, que vigora hoje no Brasil, será quebrada em prol da marca de uma cerveja made in usa.

Comenta o prestigioso jornal Le Monde Diplomatique: "A recepção de um megaevento esportivo como esse autoriza também megaviolação de direitos, megaendividamento público e megairregularidades.”

A Fifa quer, simplesmente, suspender, durante a Copa, a vigência do Estatuto do Torcedor, do Estatuto do Idoso e do Código de Defesa do Consumidor. Todas essas propostas ilegais estão contidas no Projeto de lei 2.330/2011, que se encontra no Congresso. Caso não seja aprovado, o Planalto poderá efetivá-las via medidas provisórias.

Se você fizer uma camiseta com os dizeres "Copa 2014”, cuidado. A Fifa já solicitou ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o registro de mais de mil itens, entre os quais o numeral "2014”.

(Não) durmam com um barulho deste: a Fifa quer instituir tribunais de exceção durante a Copa. Sanções relacionadas à venda de produtos, uso de ingressos e publicidade. No projeto de lei acima citado, o artigo 37 permite criar juizados especiais, varas, turmas e câmaras especializadas para causas vinculadas aos eventos. Uma Justiça paralela!

Na África do Sul, foram criados 56 Tribunais Especiais da Copa. O furto de uma máquina fotográfica mereceu 15 anos de prisão! E mais: se houver danos ou prejuízo à Fifa, a culpa e o ônus são da União. Ou seja, o Estado brasileiro passa a ser o fiador da FIFA em seus negócios particulares.

É hora de as torcidas organizadas e os movimentos sociais porem a bola no chão e chutar em gol. Pressionar o Congresso e impedir a aprovação da lei que deixa a legislação brasileira no banco de reservas. Caso contrário, o torcedor brasileiro vai ter que se resignar a torcer pela TV.

[Frei Betto é escritor, autor de "A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org- twitter:@freibetto.