quinta-feira, 22 de março de 2012

POLÍTICA - Governo Dilma enfrenta vida dura.

Do blog R7 do Ricardo Kotscho.


"Nossa vida será dura daqui por diante...", comentou comigo no domingo um importante colaborador de Dilma que trabalha no Palácio do Planalto.

O amigo nem poderia imaginar o tamanho da encrenca. Ao bater de frente com a base aliada, na passagem do verão para o outono, o governo comprou a maior crise política desde a posse da presidente há 15 meses.

Já não dá mais para esconder que Dilma perdeu o controle da situação no Congresso Nacional e agora sofre uma derrota atrás da outra.

A turma de Sarney, Renan e companhia bela resolveu comprar a briga e pagar para ver, depois que o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) anunciou ter "chegado o momento de novas práticas políticas".

O dia 21 de março de 2012 certamente não será esquecido tão cedo pelos habitantes do Palácio do Planalto. Como se não tivesse a menor ideia da bomba relógio armada no Congresso, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, começou a quarta-feira anunciando tempo bom.

Falando sobre a crise entre Executivo e Legislativo, Carvalho garantiu que "isso está superado". Avaliou que "está tudo ótimo, está tudo bem". E tranquilizou o País: "as coisas estão numa dinâmica muito normal".

Logo em seguida, o Congresso Nacional começou a desabar sobre a cabeça do governo. Sem ninguém prever, a bancada ruralista impôs a primeira derrota ao governo na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ao transferir da União para o Congresso a responsabilidade da demarcação de terras indígenas.

Durante o dia, várias comissões da Câmara desafiaram o governo ao convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e convidar para dar explicações o ministro Guido Mantega, da Fazenda, e o presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence.

Mas o pior ainda estava por acontecer. À tarde, enquanto ministros e líderes governistas batiam cabeça, o PMDB comandou a rebelião que levou o governo a adiar mais uma vez a votação da Geral da Copa.

Está criado o impasse: o governo decidiu não votar mais nada enquanto a Lei da Cervejinha não for aprovada e a bancada ruralista, que conta com 230 dos 513 deputados, também não vota enquanto não conseguir aprovar o Código Florestal de acordo com os interesses da brigada da motoserra.

Quem vai ganhar esta queda de braço? Ao optar por conquistar apoio na sociedade, mesmo correndo o risco de perder aliados no Congresso, parece cada mais mais evidente nesta estratégia a influência do marqueteiro João Santana, hoje o principal conselheiro da presidente Dilma, enquanto Lula não é liberdado pelos médicos para voltar à política.

Até aqui, tem dado certo: após bater nos 56% de popularidade em dezembro, um recorde na série histórica da pesquisa Ibope/CNI, a presidente já tem informações de que em abril este índice deve subir, na esteira da sua decisão de acabar com o toma-lá-dá-cá nas relações do governo com a base aliada.

Em ano eleitoral, é tudo o que Dilma precisa. Até porque, fora a Lei Geral da Copa, um compromisso internacional assumido pelo governo brasileiro, não há nenhuma votação muito importante pendente no Congresso que possa afetar a vida dos brasileiros.

Se na área política o governo vive agora seu pior momento, alimentando o noticiário negativo na imprensa, a verdade é que a maioria dos brasileiros continua ao lado da presidente e apoia sua disposição para mudar o nosso viciado sistema político.

Para avaliar se estou certo nesta minha análise, nada melhor do que ouvir opinião dos leitores do Balaio. Você está do lado de quem nesta guerra: da presidente Dilma ou da turma do Sarney?

Mandem suas respostas e depois faço um balanço dos votos apurados.

E seja o que Deus quiser.

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