Do blog R7 do Ricardo Kotscho.
"Nossa vida será dura daqui por diante...", comentou comigo no domingo um importante colaborador de Dilma que trabalha no Palácio do Planalto.
O amigo nem poderia imaginar o tamanho da encrenca. Ao bater de frente com a base aliada, na passagem do verão para o outono, o governo comprou a maior crise política desde a posse da presidente há 15 meses.
Já não dá mais para esconder que Dilma perdeu o controle da situação no Congresso Nacional e agora sofre uma derrota atrás da outra.
A turma de Sarney, Renan e companhia bela resolveu comprar a briga e pagar para ver, depois que o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) anunciou ter "chegado o momento de novas práticas políticas".
O dia 21 de março de 2012 certamente não será esquecido tão cedo pelos habitantes do Palácio do Planalto. Como se não tivesse a menor ideia da bomba relógio armada no Congresso, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, começou a quarta-feira anunciando tempo bom.
Falando sobre a crise entre Executivo e Legislativo, Carvalho garantiu que "isso está superado". Avaliou que "está tudo ótimo, está tudo bem". E tranquilizou o País: "as coisas estão numa dinâmica muito normal".
Logo em seguida, o Congresso Nacional começou a desabar sobre a cabeça do governo. Sem ninguém prever, a bancada ruralista impôs a primeira derrota ao governo na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ao transferir da União para o Congresso a responsabilidade da demarcação de terras indígenas.
Durante o dia, várias comissões da Câmara desafiaram o governo ao convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e convidar para dar explicações o ministro Guido Mantega, da Fazenda, e o presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence.
Mas o pior ainda estava por acontecer. À tarde, enquanto ministros e líderes governistas batiam cabeça, o PMDB comandou a rebelião que levou o governo a adiar mais uma vez a votação da Geral da Copa.
Está criado o impasse: o governo decidiu não votar mais nada enquanto a Lei da Cervejinha não for aprovada e a bancada ruralista, que conta com 230 dos 513 deputados, também não vota enquanto não conseguir aprovar o Código Florestal de acordo com os interesses da brigada da motoserra.
Quem vai ganhar esta queda de braço? Ao optar por conquistar apoio na sociedade, mesmo correndo o risco de perder aliados no Congresso, parece cada mais mais evidente nesta estratégia a influência do marqueteiro João Santana, hoje o principal conselheiro da presidente Dilma, enquanto Lula não é liberdado pelos médicos para voltar à política.
Até aqui, tem dado certo: após bater nos 56% de popularidade em dezembro, um recorde na série histórica da pesquisa Ibope/CNI, a presidente já tem informações de que em abril este índice deve subir, na esteira da sua decisão de acabar com o toma-lá-dá-cá nas relações do governo com a base aliada.
Em ano eleitoral, é tudo o que Dilma precisa. Até porque, fora a Lei Geral da Copa, um compromisso internacional assumido pelo governo brasileiro, não há nenhuma votação muito importante pendente no Congresso que possa afetar a vida dos brasileiros.
Se na área política o governo vive agora seu pior momento, alimentando o noticiário negativo na imprensa, a verdade é que a maioria dos brasileiros continua ao lado da presidente e apoia sua disposição para mudar o nosso viciado sistema político.
Para avaliar se estou certo nesta minha análise, nada melhor do que ouvir opinião dos leitores do Balaio. Você está do lado de quem nesta guerra: da presidente Dilma ou da turma do Sarney?
Mandem suas respostas e depois faço um balanço dos votos apurados.
E seja o que Deus quiser.
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