O ex-governador José Serra obteve uma vitória raquítica nas prévias deste domingo do PSDB que definiu o candidato a prefeito do partido em São Paulo. Ele sai um candidato mais fraco desse processo. E o PSDB também, ao contrário do que seus líderes têm anunciado.
Dos 20 mil filiados aptos a votar numa cidade de 11 milhões de habitantes, apenas 6.229 saíram de suas casas para cumprir o ritual partidário, mesmo com o prometido churrasco para quem fizesse a lição de casa. Desses, pouco mais de 3 mil votaram em Serra, que fez 52,1% dos votos, contra 47,9% de José Aníbal (31,2%) e Ricardo Trípoli (16,7%).
Alckmin apóia Serra?
Serra e seus aliados devem ter perdido a noite analisando o mapa das prévias do partido. O ex-governador certamente vai querer saber o quanto Geraldo Alckmin o apoiou. E isso é fácil de identificar. Basta verificar em que áreas da cidade ele obteve mais ou menos votos, quais eram as lideranças desses lugares e com quem elas são comprometidas no espectro partidário.
O recado das prévias pode ser um indicativo do quanto o atual governador vai fazer força para eleger seu principal adversário interno no estado.
Alckmin vai apoiar Serra de verdade ou vai fazer de tudo para que seu ex-pupilo, Gabriel Chalita, agora no PMDB, dê o troco pelo que passou em 2008, quando foi derrotado por Kassab e nem foi ao segundo turno?
Essa pergunta ainda não foi respondida. Ao lançar Serra, Alckmin preferiu entregar os anéis aos dedos. Mas não fechou questão na candidatura do governador. Como tem as cartas do baralho. Ele é quem vai mandar no jogo a partir de agora.
Kassab ficou menor
Quando Kassab trucou e ameaçou apoiar Haddad (PT), o governador percebeu que teria pouca margem de manobra e pouco tempo para construir uma candidatura alternativa. Temeu pela vitória do petista no primeiro turno, o que colocaria sua reeleição na marca do pênalti e viu que Serra era a única opção para não tomar um novo olé do atual prefeito.
Deu um passo atrás, olhou para frente e vislumbrou que um “suposto recuo” poderia levá-lo a encurralar Kassab. A tática até o momento parece ter dado certo.
Kassab não tem como pular do barco de Serra, mas ao mesmo tempo não está com a popularidade alta o suficiente para empinar sua candidatura.
Serra também tem uma rejeição pesada e vai ter que ficar explicando se terminará o mandato em todos os debates e entrevistas coletivas.
A história do papelzinho de Dimenstein vai ser uma enorme dor de cabeça para o tucano que já foi inclusive internado por conta de outro papelzinho.
O grande eleitor do campo de Serra neste momento é Alckmin. Essa é a esfinge da candidatura Serra. Que pode devorá-la.
Alianças, o primeiro teste
Quem conhece o jogo político sabe que as primeiras pedras de uma eleição se movimentam na construção das alianças partidárias. Em cidades com programa eleitoral nos meios eletrônicos, significam tempo maior para apresentar o candidato e seus programas.
E significam principalmente mais vinhetas durante a programação normal. O que atualmente rende mais dividendos aos candidatos do que o programa eleitoral em si.
Em cidades sem TV e Rádio, mais partidos significam mais candidatos a vereador. E mais gente na rua para a campanha.
Caso Alckmin esteja de fato de corpo e alma na candidatura Serra, vai jogar pesado para compor com o maior número de partidos para desidratar outras candidaturas. Em especial a de Gabriel Chalita (PMDB), que poderia ser um risco ao governador.
A partir de agora é que será possível saber se isso vai acontecer.
Mas de qualquer forma, com a votação raquítica que teve nas prévias de ontem, o apoio a Serra ficou mais caro. Líderes de outros partidos vão tentar entender o porquê desse resultado pífio. Principalmente se isso significa um recado de Alckmin.
A força de Lula e Dilma
Esses mesmos partidos sabem que Lula apostará seu prestígio eleitoral em São Paulo para eleger Haddad. Também sabem que Dilma também vai trabalhar para eleger seu ex-ministro da Educação. Arriscando-se menos, ela também vai fazer o que estiver ao seu alcance
Claro que os problemas com a base aliada terão importância na construção do arco de alianças petistas tanto em São Paulo como em outras cidades, mas não é só isso que conta.
As seccionais locais olham para a realidade local sempre em primeiro lugar.
Até ontem havia uma sensação de que a candidatura de Serra seria forte porque teria o apoio de Kassab e de Alckmin. Hoje muita gente já não tem tanta certeza disso em relação ao segundo.
Agregue-se a isso o fato de Eduardo Campos ter anunciado que o PSB não apoiará Serra, o que também pode influenciar outras legendas.
Por que Chalita é melhor para Alckmin
A eleição de Serra para prefeito de São Paulo ficou muito mais difícil para Serra depois das prévias, como já se disse aqui, mas será que Alckmin já não sabia disso?
Se quisesse não poderia passar o trator e acabar com as prévias num partido que nunca as teve? Por que Alckmin fez Serra passar por este constrangimento?
Essas perguntas serão respondidas durante o processo eleitoral. Este blogue, porém, com os elementos de hoje arrisca dizer que Serra é o candidato de Alckmin até a terceira página.
Se sua candidatura decolar e encantar São Paulo, o que parece difícil, Alckmin estará junto. Se tropeçar e Chalita vier a crescer, o governador não terá problema algum em botar mais remadores na canoa do peemedebista.
Com Chalita prefeito, Alckmin poderia se aproximar do PMDB e garantir sua reeleição. Além disso, teria um amigo na prefeitura de São Paulo. Um amigo da família. Não teria alguém disposto a deixar o cargo para disputar outros. E neste caso concorrer com ele.
Com Serra eleito, teria um adversário à frente da capital. Um aliado do seu principal inimigo, Kassad. Teria alguém que o fez ser humilhado em 2008. E que não teria problema algum em fortalecer Kassab para enfrentá-lo se achar que isso é conveniente para o seu projeto político.
Alckmin conhece Serra. E sabe que fortalecê-lo é um risco. Isso não pode ser desprezado.
O simbólico dos minguados 3 mil votos que Serra teve ontem podem ter sido o começo do fim de sua liderança em São Paulo. Se perder a eleição, dificilmente, inclusive por conta da idade, terá condições de dar a volta por cima.
Será o fim da sua trajetória política o que levará Alckmin a reinar sozinho no PSDB de São Paulo.
Será que o governador não sabe disso?
Fonte:Blog do Rovai
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