Jarbas: PT quer tomar conta de tudo; aliados desejam cargos e verbas
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, critica governo e base aliada
Eliano Jorge
Antigo rebelado do PMDB contra a aliança com os governos petistas, o senador Jarbas Vasconcellos apreciou a adesão de correligionários e outros membros da base governista a uma oposição ainda que efêmera. Embora critique os motivos de alguns adesistas, ele avalia que era necessária a mensagem de discordância ao Poder Executivo.
Em conversa com Terra Magazine, o ex-governador pernambucano enumera fatores que produziram a revolta dos parlamentares. De início, aponta "descaso" da presidente Dilma Rousseff, da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, em relação ao Congresso.
- Vários partidos lá dentro estão inconformados com esse processo de tentativa de hegemonia por parte do PT. Não vejo condições de a Dilma continuar querendo fazer um governo com técnicos, com pessoas sérias, se ela alargou demais a base dela e não se desgarra do princípio penoso do toma-lá-e-dá-cá - avalia Jarbas Vasconcellos.
Ele ressalta que, entre os ingredientes da insurreição desta semana, estão as eleições de 2012.
- O PT quer tomar conta de tudo - acusa o senador peemedebista.
Suas repreensões, entretanto, não eximem a vasta fauna de aliados:
- A marca fundamental da base aliada, não todos, não é a participação nobre não, é a participação para ocupar cargos e, às vezes, para outras coisas mais extravagantes, como arrecadar fundos.
Confira a entrevista.
Como o senhor avalia essa rebelião de aliados contra o governo federal?
Jarbas Vasconcellos - São vários fatores: o descaso com que o Executivo, no caso a Dilma, a Casa Civil e a Ideli, tratam os congressistas, a Câmara e o Senado; o desrespeito com o despejo inconsequente de medidas provisórias, trazendo vários adendos que não têm nada a ver com a medida provisória; e também na área fisiológica, o pessoal não se conforma, não é só o PMDB, a gente vê um inconformismo muito grande com o processo hegemônico do PT, que quer tomar conta de tudo. Além de ser um ano eleitoral, ainda tem mais esta, né?
O senhor acha que foi o recado certo, numa votação que não era tão expressiva?
Eu voto sempre contra essas indicações, que são, via de regra, políticas, sem cunho de seriedade maior. Como eu, tem cerca de oito a dez que sempre votam contra isso. Aí se juntou um outro número de pessoas, ou inconformadas ou que não foram atendidas, não tiveram pleitos respaldados pelo Executivo. Uma mistura muito grande. Dentro da rebelião, está também um setor que não tem nada a ver. Eu não pertenço à base aliada do governo, e essa área de toma-lá-e-dá-cá não é minha praia não.
O PMDB, como um todo, parece já não manter o tom de rebelião, após sinalização de que será atendido em algumas áreas...
Essa promessa ao PMDB é feita desde o início. Depois, não é o PMDB que está inconformado. A gente vê PTB, PR, vários partidos lá dentro estão inconformados com esse processo de tentativa de hegemonia por parte do PT. Não vejo condições de a Dilma continuar querendo fazer um governo com técnicos, com pessoas sérias, se ela alargou demais a base dela e não se desgarra do princípio penoso do toma-lá-e-dá-cá. O sujeito quer indicar, mas quer indicar para ocupar todos os cargos. E outras coisas mais.
Mas o senhor concorda que esse toma-lá-e-dá-cá também é por causa da fome de cargos da base aliada?
Ah, sem dúvida, sem nenhuma dúvida. A marca fundamental da base aliada, não todos, não é a participação nobre não, é a participação para ocupar cargos e, às vezes, para outras coisas mais extravagantes.
Que extravagância, por exemplo?
De ter participação, ver se tem como arrecadar fundos, ou para campanhas ou para outras coisas.
Fonte: Terra Magazine
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