Haddad confia em Plano de Governo para ganhar a eleição
Por Renato Rovai
Por duas vezes nas últimas semanas acompanhei a caravana do PT com Haddad por alguns bairros da periferia de São Paulo. Aproveitei para ir a locais que não visitava há algum tempo, mas também para sentir a temperatura da campanha. E, claro, verificar como andava o desempenho do ex-ministro da Educação no seu novo papel, o de candidato.
A campanha ainda está muito fria e pouca gente o conhece. Mas engana-se quem pensa que Haddad está preocupado com isso. Essas visitas à periferia não têm por objetivo torná-lo popular e até por isso são poucos o que o acompanham. Nunca mais do que 30 militantes.
Mas sempre há alguém do grupo que está construindo o Plano de Governo.
Quem vai coordená-lo é o diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política, Aldo Fornazieri. Aldo não é mais filiado ao PT, mas teve longa militância no partido, sempre vinculado ao ex-deputado federal José Genoino.
Evidente que não é da cartola de Aldo que vão sair os projetos que “salvarão” São Paulo. Seu papel será de organizador. Os projetos serão construídos por um grupo muito maior de intelectuais e estudiosos de diferentes áreas. Mas Haddad não quer que ele seja feito de cima para baixo. Por isso a ideia das caravanas pela periferia.
Nessas caminhadas, além de ouvir as reclamações e sugestões de pessoas sobre políticas públicas, Haddad aproveita para visitar equipamentos municipais e conversar com os gestores. Fundamentalmente ouvi-los. Aproveita para fazer perguntas e testar ideias. Tudo que vai sendo conversado vai sendo anotado pelas pessoas que estão trabalhando no grupo do Plano de Governo.
No intervalo de um almoço num bar/restaurante de Parelheiros perguntei a ele o que estava achando da campanha. Haddad me disse que estava gostando bastante da experiência e acrescentou uma frase que parece ter se tornado um mantra para ele, porque depois, conversando com outras pessoas próximas a ele, quase todas disseram já tê-la ouvido: “Vou ganhar essa eleição discutindo a cidade. Vou ganhar com o Plano de Governo que vou apresentar. Pode anotar”.
Anotado está.
Haddad tem tratado essa questão do Plano de Governo como se fosse uma jóia rara. Quando a conversa caminhou para quais seriam essas ideias tão fortes capaz de mobilizar São Paulo, ele respondeu com um sorriso enigmático e acrescentou: “só em julho, ainda estamos num processo de construção”.
Depois o ouvi dizendo a mesma coisa para um jornalista de O Estado de S. Paulo na coletiva que deu à imprensa.
Se Haddad estiver certo e um Plano de Governo for capaz de mobilizar São Paulo, algo pode começar a mudar, mesmo que ele não seja eleito. Já está mais do que na hora de São Paulo debater São Paulo.
Renato Rovai é editor da revista Fórum
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