quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ECONOMIA - Os tucanos não aprendem.

Ex-presidente do Banco Central (BC) na era FHC e agora banqueiro (Banco BTG Pactual), Pérsio Arida, uma das principais estrelas tucanas no Fórum Econômico Mundial de Davos aberto nesta 4ª feira, criticou a política econômica brasileira. Atacou as políticas de desenvolvimento de caráter nacional adotadas pelos governos do PT, a de defesa comercial de nossa indústria, do reajuste real do salário mínimo acima dos índices da inflação, o papel do Estado como regulador da economia e por aí vai... E lamentou a interrupção das reformas econômicas (tucanas), o excesso de medidas intervencionistas do governo na economia e a interrupção das privatizações. Nossos ortodoxos tupiniquins, como se vê pela fala do dr. Pérsio Arida, continuam a pregar a solução europeia que não é adotada nem pelos EUA nem pelo Japão...
Um dos ex-presidente do Banco Central (BC) no período Fernando Henrique Cardoso e agora chairman e sócio-diretor do Banco BTG Pactual, o economista Pérsio Arida é uma das principais estrelas tucanas no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), aberto ontem. É aquele fórum do mercado, do empresariado, da globalização da economia; e nele Arida falou no 1º dia dos trabalhos, no debate sobre a América Latina, quando criticou a política econômica brasileira com o de sempre.

Primeiro considerou que em nosso país, diferentemente dos regimes populistas mais radicais da América Latina (regime populista no Brasil?), o governo está aprendendo com os seus erros. Depois alinhou como uma das causas do desaquecimento econômico brasileiro a questão demográfica, responsável, segundo ele, por uma desaceleração abrupta do crescimento da população em idade de trabalhar, o que explica a combinação de baixo crescimento e mercado de trabalho aquecido.

Depois alinhou as outras causas, que já são uma espécie de mantra na boca dos tucanos: a interrupção das reformas econômicas, o excesso de medidas intervencionistas do governo na economia, a interrupção das privatizações, o protecionismo e as políticas de conteúdo nacional. Aliás, sobre privatizações, dr. Arida afirmou que elas agora foram retomadas no caso dos aeroportos, sob o rótulo de "concessões" - ele não entendeu, ou faz que não estendeu a distinção entre uma e outra.

Contra políticas de desenvolvimento de conteúdo nacional


As políticas de conteúdo nacional, segundo Arida, beneficiam produtores, mas prejudicam compradores, provocam distorções e, a longo prazo, são nocivas à economia. Nem precisava declinar isso, o pessoal do PSDB nunca aceitou e sempre considerou uma pedra no sapato as políticas de desenvolvimento de caráter nacional adotadas pelos governos do PT.

Arida criticou, também, nossa política para aumento do salário mínimo sempre acima dos índices de inflação. Para ele, a lei do salário mínimo - que prevê reajustes pela inflação e mais o PIB de dois anos antes - é uma uma "superindexação" com efeito inflacionário. Ou seja, dr. Arida defendeu o arrocho salarial, as privatizações, e uma abertura comercial desbragada, políticas muito ao gosto do pessoal do PSDB.

O ex-presidente do BC na era FHC mostra, com outras palavras, que eles estão contra a defesa comercial de nossa indústria, o reajuste real do salário mínimo, o papel do Estado como regulador da economia e por aí vai...

Não mudaram nada, os tucanos

Continuam assim quando até o Japão muda agora sua política econômica. Há dois dias dobrou sua meta de inflação de 1% para 2% ao ano e parece parece seguir o caminho dos Estados Unidos, que cresceu ao contrário da Europa, mesmo com um déficit e uma divida brutais. Como consequência da desvalorização do dólar e do yen, o Japão apela para a expansão monetária, isenções, estímulos fiscais, investimentos públicos, prioridade para as exportações, além de outras medidas protecionistas.

Tudo para crescer. Já aqui nossos ortodoxos tupiniquins pregam a solução europeia. Querem arrocho monetário, de crédito, de salários, juros e superávits altos. Não aprenderam nada. Lá na Europa, nos EUA, no Japão, mais Estado na economia. Aqui eles pregam menos Estado.

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