sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

POLÍTICA - A pisada na bola do PT.

A pisada na bola do PT só ajuda Eduardo Campos


 A pisada na bola do PT só ajuda Eduardo Campos
O presidenciável Eduardo Campos, terceiro colocado nas pesquisas, estava quieto no seu cantinho tentando conciliar os pragmáticos socialistas com os sonháticos de Marina Silva, quando recebeu uma inesperada ajuda vinda, quem diria?, do seu principal adversário, o ex-aliado PT.
Do nada, sem que algo de muito grave tivesse acontecido na campanha presidencial neste início do ano, o partido da presidente Dilma fez-lhe o favor de disparar um grosseiro petardo anônimo em seu Facebook, em que chama Eduardo de vendido, playboy, tolo e traidor, entre outras mimosas qualificações.
Pior do que o texto de panfleto estudantil publicado sob o título "A balada de Eduardo Campos", na página oficial do PT no Facebook, foi o fato de ninguém assumir sua autoria e a motivação apresentada para o ataque que deu início à guerra virtual dos dois partidos.
O vice-presidente nacional do partido, Alberto Cantalice, que é o responsável pelo setor de mídias sociais, limitou-se a dizer que foi uma iniciativa do pessoal que cuida do Facebook, "fruto de uma insatisfação" pelas  críticas que o presidenciável do PSB tem feito ao governo da presidente Dilma.
Queriam o quê? Que um candidato de oposição usasse suas redes sociais para falar das maravilhas de um governo que tem uma candidata à reeleição? Com toda razão, Eduardo foi à forra e classificou o texto do PT como um "ataque covarde". Feliz no papel de vítima, agora de volta às manchetes, o candidato deixou a resposta do partido para o vice-presidente nacional e líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque:
"Não vamos entrar no jogo da baixaria. Vamos debater saúde, educação, segurança e mobilidade. Querem fugir do debate que o povo reclamou nas ruas. A nota revela que a parcela que hoje domina o PT perdeu completamente seu espírito republicano, abandonou seu norte político e transformou-se numa seita fundamentalista que ataca qualquer um".
Quando trabalhava na assessoria de Lula e algum companheiro mais voluntarioso aparecia com uma ideia de jerico deste porte, o ex-presidente limitava-se a perguntar: "E o que ganhamos com isso?". No caso deste episódio, o PT só perdeu, e mostrou a necessidade urgente de colocar logo em campo um comando unificado de campanha para evitar a autonomia do "pessoal do Facebook" e de outros setores mais radicais, que já causaram grandes prejuízos em outras eleições.
Afinal, num possível segundo turno contra o tucano Aécio Neves, Dilma Rousseff e o PT poderão precisar muito do apoio de Eduardo Campos, que já anda se acertando com o candidato do PSDB na formação de palanques duplos em vários Estados. Jogar Eduardo de vez no colo de Aécio, em lugar de manter boas relações com o ex-aliado, não parece ser, a esta altura do campeonato, uma estratégia das mais inteligentes. Dilma e Lula certamente não devem ter gostado nada desta pisada na bola.
Blog do Ricardo Kotscho.

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