quarta-feira, 12 de maio de 2010

POLÍTICA - Entrevista do Serra.

Do site da TRIBUNA DA IMPRENSA.

Hélio Fernandes

Serra, arrependido e envergonhado com a entrevista “bobagem” que não podia ter concedido. Não deveria ter falado em juros, Petrosal, Belo Monte, Banco Central. Fracassado e acovardado, elogiou Lula. Tão estapafúrdio, que parece da “Velha República”

O ex-governador de São Paulo, deve ter dado a entrevista a Miriam Leitão, depois do susto que levou com a simples parada de uma escada-rolante.

O próprio Globo, numa foto ontem na Primeira, mostra Serra apavorado, horrorizado e amedrontado, com um episódio circunstancial e localizado.

O grupo de assessores se joga em cima de Serra tentando “protegê-lo” do imaginário ou da realidade de uma escada parada, e todos imobilizados pelo ridículo da cena.

Imaginem Serra presidente, no Planalto-Alvorada, tendo que resolver problemas decisivos e urgentes, e vendo a escada-rolante do seu poder, inteiramente desligada? Serra dava a impressão de estar em plena Times Square. Como se sentirá no Central Park de Brasília, a capital que não existe, comandada por um presidente que não sabe coexistir com o Poder? A não ser para desgastá-lo, desprestigiá-lo, desacreditá-lo.

Como a entrevista foi longa, (ouvi na CBN) e naturalmente os assuntos foram muitos, vou destacar e comentar alguns.

Juros

“O governo Lula errou ao não reduzir os juros, durante a crise, quando as condições eram boas, não havia inflação”. O ex-governador é parcial, contraditório, fala irrefletidamente. O governo FHC chegou a pagar 45 por cento ao ano, só disso que chamam de juros. E deixou para Lula em 25 por cento.

Critiquei FHC duramente quando estava no Poder, pela brutalidade da usurpação do que pagava a banqueiros, seguradoras e aventureiros. E tenho criticado Lula, pela redução lenta. Mas é preciso reconhecer que mesmo com o último aumento, a taxa está em menos de 10 por cento.

E Serra que se diz o “sustentáculo” do governo FHC, (sem usar essa palavra) concordou com os juros de 45 por cento. Por que não protestou?

Privatização

“Isso é trololó, (vulgar e não explicativo) não pretendo privatizar nada. Isso é jogo da oposição em período eleitoral”. Está sempre afirmando no vazio, negando a realidade que viveu prazerosamente. Além do mais, FHC privatizou tanto, que não sobrou quase nada.

Lula comprometeu seus 8 anos, aceitando e logicamente garantindo a DOAÇÃO do patrimônio do Brasil.

Petrosal

Nenhuma dúvida, aí o ex-governador mantém a “coerência” do que referendou no governo FHC. Condena a criação da nova empresa, da qual o Estado seria o proprietário. Principalmente do petróleo que está em águas da União.

Quer PRESERVAR a Petrobras, assim como está, arruinada e destroçada pelas licitações e pelo decreto 9478 de FHC. Ele diz “não vou privatizar”. Já começa apoiando a empresa que seu partido (PSDB), considera irresponsável e para investigá-la pediu até CPI.

Previdência

“O sistema previdenciário tem DÉFICIT, embora não haja dúvida de que os aposentados estão em situação de atraso. Vou respeitar a decisão do Congresso, mas é preciso eliminar privilégios e corrigir injustiças”. Desinformação total: a Previdência não tem nem nunca teve DÉFICIT, seu melhor presidente, Waldir Pires, escreveu isso, garantido e respeitado por quem conhece o assunto.

O sistema resistiu até mesmo a ministros como Jader Barbalho e Romero Jucá. Que República. Demagogia pura e descompromisso com a realidade ao falar em privilégios e injustiças. Ah, Serra-FHC.

Belo Monte

Não conhece nada de energia, principalmente hidrelétrica. Juntou uma porção de vulgaridades, (também chamada de rotina) e despejou. Hoje existem os “especialistas” do nada, e os “ecléticos” de coisa alguma. Serra, orgulhosamente, se coloca nesta categoria.

Esquerda ou direita?

“Do ponto de vista da análise convencional, sou de esquerda. Defendo um projeto de desenvolvimento nacional, governo forte, não obeso, mas musculoso, sou aliado de empresas que geram empregos”. Ha!Ha!Ha!

Serra é liberal, como a palavra era usada no Império, como é entendida e praticada na Alemanha e na Grã-Bretanha. Desse LIBERAL, surgiu a identificação, GLOBALIZADOS. São sinônimos.

***

PS – Foi o melhor trabalho da repórter-entrevistadora, Miriam Leitão. Como atua em muitas áreas e setores, usando quase todas as formas de comunicação, é preciso separá-las para analisá-las.

PS2 – Como repórter-entrevistadora, reabilitada do fracasso que teve com Eike Batista “à sua disposição”. Quem entrevista o homem que se diz a maior fortuna do Brasil, e não pergunta de onde veio seu dinheiro (já que é filho de um funcionário público pobre), deve se sentir amargurado.

PS3 – A repórter-entrevistadora quase se deixou atrapalhar pela comentarista-editorialista, que adora ficar na contra-mão da coletividade.

PS4 – Surgiu praticamente do nada a debatedora, imprensando Serra e conseguindo ingentemente, que palavra, completar a pergunta que Serra não queria ouvir para responder.

PS5 – Que afinal teve que ouvir, não sabia nem queria responder para não se expor nem se comprometer. Saiu então pela tangente. Textual, fingindo de resposta séria, se exibindo como ridículo e mistificador: “Que bobagem, Miriam. O que você está dizendo, vai me perdoar, é uma grande bobagem”.

PS6 – Repetiu a palavra bobagem, menos do que hostil, “o recibo” de que não brilhara na entrevista, pode até mesmo ser identificada como “fracasso”, e será utilizada contra ele na campanha.

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