Por Mauro Santayana
Há muitos anos que, sob a negligência do Estado, empresas e instituições estrangeiras compram terras no Brasil. Na Amazônia, já nos anos 60, chegou-se a detectar estratégica localização progressiva dessas glebas, de forma a estabelecer uma faixa em arco que dividiria o território em duas partes, ao norte e ao sul. É antiga a aspiração americana a estender sua soberania a todo o hemisfério.
Entre outros planos alheios para a região, houve a ideia estapafúrdia do futurólogo Herman Kahn, ainda nos anos 50, de construir imenso lago interior, com o represamento de seus grandes rios. A dimensão do lago pretendido difere, conforme as fontes: de 180 a 500 mil quilômetros quadrados (a represa de Tucurui não chega a 2.500 km²). Que o alucinado cientista norte-americano projetasse o lago (e a internacionalização do território) podemos entender; o que assustou foi a adesão de importantes personalidades brasileiras ao plano.
A aquisição de terras amazônicas se agrava. Ainda nos anos 70, calculava-se em 20 milhões de hectares as glebas adquiridas por multinacionais sob controle norte-americano, como eram a Georgia Pacific, a Anderson Clayton, a Goodyear e a Swift-Armour, algumas destinadas à pecuária extensiva, com incentivos do Estado, e outras à exploração madeireira e mineral. Temos tido, ao longo do tempo, posição defensiva com relação à soberania na Amazônia, quase pedindo desculpas ao mundo por possuirmos 60% de sua área. Por isso, não demos a devida resposta a Al Gore, que disse, textualmente, que a Amazônia pertence ao mundo e não aos brasileiros. Seria interessante saber como os Estados Unidos reagiriam diante da proposta de internacionalização do Alasca, e se os russos admitiriam a soberania mundial sobre a grande floresta de coníferas da Sibéria, com suas grandes reservas aquíferas e suas incalculáveis jazidas minerais.
Agora não é só a Amazônia e outras regiões que têm suas terras alienadas. Empresas e governos da China, da Coreia do Sul, da Indonésia, estão negociando com os governos dos estados da Bahia, do Maranhão, do Piauí e de Tocantins a compra de vastas glebas, destinadas a projetos agrícolas. Pretendem produzir grãos para o consumo de seus povos, já que não têm disponibilidade de terras férteis em seu próprio território. É incompreensível que esses governadores, todos em fim de mandato, se disponham a negociar com os estrangeiros, quando a política externa é assunto exclusivo da União e a aquisição de terras é uma questão de soberania nacional. Segundo informa a Folha de S. Paulo, o governo da Bahia irá enviar uma delegação à China para cuidar do tema. Temos sido negligentes, e é hora de reação contra essa continuada e solerte ocupação do território brasileiro. Os candidatos à Presidência da República são convocados a dizer o que pensam disso.
Não necessitamos de capitais, nem de tecnologia para a exploração das nossas terras. A Embrapa é hoje referência mundial em agricultura tropical e em terras temperadas. Se os coreanos, japoneses, chineses, dinamarqueses ou alemães quiserem consumir grãos produzidos no Brasil, que os adquiram dos brasileiros, de acordo com o interesse mútuo. Temos que agir, no intercâmbio de mercadorias com os outros países do mundo, em absoluta igualdade de condições, e como temos procurado fazer, sem intermédio do dólar.
Ficha limpa
Mais importante do que a aprovação, pela Câmara, do projeto de iniciativa popular que exige ficha limpa dos candidatos aos cargos eletivos, é a própria ação da cidadania. Com seus poucos recursos, os cidadãos se organizaram, realizaram uma campanha nacional e conseguiram colher quase 2 milhões de assinaturas, obrigando o Congresso a aceitar o projeto. Não há dúvida de que, por iniciativa de qualquer um de seus membros, o Parlamento atual jamais aprovaria proposta dessa natureza.
O crescimento da consciência da cidadania, principalmente nestes últimos anos, se deve a muitos fatores, entre eles a melhoria do padrão de vida dos brasileiros e de sua educação cívica. O povo constata que esta é uma conquista que deve ser preservada, o que exige o aprimoramento moral da representação política.
Há muitos anos que, sob a negligência do Estado, empresas e instituições estrangeiras compram terras no Brasil. Na Amazônia, já nos anos 60, chegou-se a detectar estratégica localização progressiva dessas glebas, de forma a estabelecer uma faixa em arco que dividiria o território em duas partes, ao norte e ao sul. É antiga a aspiração americana a estender sua soberania a todo o hemisfério.
Entre outros planos alheios para a região, houve a ideia estapafúrdia do futurólogo Herman Kahn, ainda nos anos 50, de construir imenso lago interior, com o represamento de seus grandes rios. A dimensão do lago pretendido difere, conforme as fontes: de 180 a 500 mil quilômetros quadrados (a represa de Tucurui não chega a 2.500 km²). Que o alucinado cientista norte-americano projetasse o lago (e a internacionalização do território) podemos entender; o que assustou foi a adesão de importantes personalidades brasileiras ao plano.
A aquisição de terras amazônicas se agrava. Ainda nos anos 70, calculava-se em 20 milhões de hectares as glebas adquiridas por multinacionais sob controle norte-americano, como eram a Georgia Pacific, a Anderson Clayton, a Goodyear e a Swift-Armour, algumas destinadas à pecuária extensiva, com incentivos do Estado, e outras à exploração madeireira e mineral. Temos tido, ao longo do tempo, posição defensiva com relação à soberania na Amazônia, quase pedindo desculpas ao mundo por possuirmos 60% de sua área. Por isso, não demos a devida resposta a Al Gore, que disse, textualmente, que a Amazônia pertence ao mundo e não aos brasileiros. Seria interessante saber como os Estados Unidos reagiriam diante da proposta de internacionalização do Alasca, e se os russos admitiriam a soberania mundial sobre a grande floresta de coníferas da Sibéria, com suas grandes reservas aquíferas e suas incalculáveis jazidas minerais.
Agora não é só a Amazônia e outras regiões que têm suas terras alienadas. Empresas e governos da China, da Coreia do Sul, da Indonésia, estão negociando com os governos dos estados da Bahia, do Maranhão, do Piauí e de Tocantins a compra de vastas glebas, destinadas a projetos agrícolas. Pretendem produzir grãos para o consumo de seus povos, já que não têm disponibilidade de terras férteis em seu próprio território. É incompreensível que esses governadores, todos em fim de mandato, se disponham a negociar com os estrangeiros, quando a política externa é assunto exclusivo da União e a aquisição de terras é uma questão de soberania nacional. Segundo informa a Folha de S. Paulo, o governo da Bahia irá enviar uma delegação à China para cuidar do tema. Temos sido negligentes, e é hora de reação contra essa continuada e solerte ocupação do território brasileiro. Os candidatos à Presidência da República são convocados a dizer o que pensam disso.
Não necessitamos de capitais, nem de tecnologia para a exploração das nossas terras. A Embrapa é hoje referência mundial em agricultura tropical e em terras temperadas. Se os coreanos, japoneses, chineses, dinamarqueses ou alemães quiserem consumir grãos produzidos no Brasil, que os adquiram dos brasileiros, de acordo com o interesse mútuo. Temos que agir, no intercâmbio de mercadorias com os outros países do mundo, em absoluta igualdade de condições, e como temos procurado fazer, sem intermédio do dólar.
Ficha limpa
Mais importante do que a aprovação, pela Câmara, do projeto de iniciativa popular que exige ficha limpa dos candidatos aos cargos eletivos, é a própria ação da cidadania. Com seus poucos recursos, os cidadãos se organizaram, realizaram uma campanha nacional e conseguiram colher quase 2 milhões de assinaturas, obrigando o Congresso a aceitar o projeto. Não há dúvida de que, por iniciativa de qualquer um de seus membros, o Parlamento atual jamais aprovaria proposta dessa natureza.
O crescimento da consciência da cidadania, principalmente nestes últimos anos, se deve a muitos fatores, entre eles a melhoria do padrão de vida dos brasileiros e de sua educação cívica. O povo constata que esta é uma conquista que deve ser preservada, o que exige o aprimoramento moral da representação política.
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