”Molharam” a ”mão invisível” do mercado
Elas eram saudadas aqui como as grandes sabichonas do mercado. Uma letrinha a mais, um AAA ou um B ou C repetidos eram a sentença de vida ou de morte sobre os países no mundo do mercado globalizada. Elas sofreram um enorme abalo com a crise de 2008, que derrubou empresas que elas classificavam como mais sólidas do que rocha, e isso se espalhou, com um ”efeito-dominó” que arrastou o sistema financeiro e custo o emprego de mais de 20 milhões de pessoas mundo afora. Mas ainda se metem a ditar regras.
Mas agora o mundo descobre que as agências de classificação de risco, cantadas em prosa e verso, não eram só incompetentes, mas corruptas.Hoje, uma das maiores agências de risco do mundo, a Moody’s, admitiu ter contribuído para a crise com as boas qualificações que deu a títulos podres, e ex-analistas da companhia revelaram ter sofrido pressões para melhorar a avaliação de certos produtos financeiros em benefício de seus emissores, que são os que pagam pelos serviços da agência. Essa pressão não era, naturalmente, moral, mas de ordem financeira, como funciona a cabeça do mercado. Os analistas que cooperavam com os bancos eram recompensados com polpudas bonificações e promoções, como contou um ex-vice-presidente de derivativos da Moody’s.
O trabalho das agências era o da raposa que toma conta do galinheiro. Elas avaliavam os papéis que elas mesmas tinham ajudado a criar. Assim, conferiram a papéis lastreados em hipotecas classificação tão segura quanto o grau de investimento perseguido pelos países como o santo graal. O resultado todo mundo conhece. A bolha estourou e não havia dinheiro real para sustentar as falsamente lucrativas operações.
Os pacotes de socorro chegaram à casa do um trilhão de euros na Europa e outro trilhão de dólares nos Estados Unidos, dinheiro do contribuinte para sanar a crise. E quando a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA quis apertar as regras sobre as agências de classificação de risco e ao sistema financeiro, Wall Street chiou. Ou seja, a indústria da classificação continua fracamente regulada e livre para aprontar outra das suas assim que a atual maré passar.
A irresponsabilidade dessas agências e das instituições financeiras ainda merece um julgamento público, que puna os responsáveis por esse crime com o mesmo rigor com que são julgados os crimes de guerra. Porque arruinar nações inteiras não deixa de ser uma espécie de genocídio econômico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário