Os militantes da utopia
Tenho acompanhado na “blogosfera” notícias de reuniões (acho que duas já foram realizadas) que alguns dos chamados “blogueiros independentes” têm participado visando formatar e realizar um encontro nacional que, me parece, será em Brasília no mês de agosto. Está aí uma iniciativa para lá de oportuna e, ousaria dizer, fundamental nesse momento atual que vivemos. Pois é inegável que a “blogosfera” está pouco a pouco colocando uma pá de cal na mediocridade e na “sabujice” da grande imprensa.
Temos mesmo que estar, todos, vigilantes e colocar, com muita paciência e esmero, mais esse pequenino tijolo na construção de uma mídia o mais próxima possível do que seria uma imprensa verdadeiramente livre e democrática – sem o jugo dos empresários, dos partidos ou dos oligarcas dos grandes veículos de comunicação que se travestem de imprensa “livre” e “pluralista”(livre?! pluralista?!onde?!). Uma utopia?
Nós, leitores e militantes da chamada mídia independente (ou alternativa, progressista… o leque de adjetivações é vasto), devemos estar na melhor sintonia possível e devidamente “antenados”, pois, bem sabemos, não devemos nos iludir: os jornalistas, editores e publishers dos “jornalões”, a grande imprensa, o “PIG” [como bem imortalizou um leitor do blog de PHA] estão ”afinadíssimos” e em plena campanha para, nesse primeiro momento, estrategicamente, “encher a bola” da candidatura da Marina enquanto, “no paralelo”, fazem críticas tendenciosas/capciosas ao atual governo (e à sua candidata) e, sem pudor algum, fazem campanha escancarada para o candidato da oposição [o arrogante, o autoritário, o ilusionista, o fadado à derrota, segundo a nossa forma de ver o mundo; e , segundo eles, o "competente", o "preparado"]. Ou até mesmo, ardilosamente, de modo sub-reptício, mudar/inverter a pauta plantando, dia sim dia também, notícias e manchetes sobre supostos “dossiês” gestados nos porões soturnos e fétidos das gestapos daqueles que fazem política de modo sórdido – a mesma máfia que armou as arapucas do caso Lunus (caixa 2 da campanha de Roseana Sarney) e dos chamados “aloprados”.
A desfaçatez, o moralismo e o “denuncismo” seletivos, a arrogância alienada e a falta de pudor (ou seria falta de ética?) da grande imprensa é algo estarrecedor, vergonhoso até.
É… eles, os de sempre, estão certos de que “é agora ou nunca”. Eles, os velhos “donos do poder” [como bem asseverou Raymundo Faoro], já não suportam mais ver essa “gentalha”, esses “sindicalistas”, esses “pobres”, essa “raça” [como dizem, de modo despudorado, sem ao menos disfarçar a atávica impostura de certa elite e o evidente preconceito de classe], já não suportam mais ver esses outrora renegados filhos dessa pátria-mãe gentil finalmente dando um norte, um rumo promissor para esse gigante agora não mais adormecido.
Sim, e isso não quer dizer, de modo simplista, que esteja sendo parcial ou “petista”. O governo Lula – e isso é inegável – deu passos importantes nessa longa caminhada rumo à reconstrução desse país-continente. Mas muito ainda precisa e vai ser feito.
E para tanto é preciso perseverar nas políticas públicas ora implementadas, algumas com reconhecido mérito e sucesso; discutir, debater outras mais; somar talentos, agregar. Para tanto é necessário construir uma autêntica democracia, com uma imprensa verdadeiramente livre, pois plural e diversa, que de fato abra espaço para as mais diversas correntes do pensamento e ideários (partidários ou não); é necessário, ao menos, dar os primeiros passos de uma reforma política. Ou seja: urge dar os passos adiante; seguir em frente nessa longa caminhada que apenas começa.
Porém, os “arautos do atraso” desejam o Brasil de antanho, dos “senhores respeitáveis” (respeitáveis?!) da Casa Grande e Senzala. Um Brasil sem viço que, graças a algumas incipientes medidas tomadas pelo governo que aí está [sim, devemos louvar o que bem merece], já está pouco a pouco ficando para trás. E em breve será “coisa do passado”.
Temos o privilégio de testemunhar, nos dias de hoje, uma clara mudança de paradigma no Brasil. Mas, e principalmente, uma flagrante mudança no ânimo, na auto-estima do povo brasileiro. É algo que muitos brasileiros de valor, inclusive os que já não estão entre nós [Jango, Brizola, Arraes etc.], perseguiram por toda a vida, mas poucos tiveram a alegria – e, insisto, o privilégio – de ver realizado. Quantos dos nossos já não foram silenciados pela ditadura, pelo medo dos velhos e novos coronéis e pela opressão desses “passadistas”? Nós estamos tendo essa alegria de viver esse novo Brasil.
Quantos jovens e pais de família conseguiram, nos últimos anos, um emprego com carteira assinada? Quantos não puderam finalmente realizar o sonho da casa própria? Quantos enfim conseguiram financiar o seu tão sonhado carro? Quantos foram resgatados da indigência e da miséria absoluta? Quantos pobres puderam finalmente cursar uma faculdade? Quantos não se sentiram, pela primeira vez, cidadãos?
Mas, ponderaria você, leitor arguto, muitos ainda estão desempregados ou subempregados, muitos ainda moram em cortiços, favelas ou mesmo nas ruas das grandes cidades; a educação é das piores (a saúde, idem); a violência grassa nas ruas. Sem dúvida, ainda há muito por fazer. Principalmente escolher bons homens públicos para as administrações estaduais e municipais, para as Casas Legislativas.
A caminhada é longa. Mas é preciso seguir em frente. Retroceder, jamais.
É preciso prosseguir e edificar, com firmes alicerces, uma grande nação.
Alvíssaras!!! Escutemos com atenção o que anunciam os arautos de um porvir auspicioso: os militantes da utopia.
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