Pedro do Coutto
Efetivamente o panorama da campanha pela sucessão presidencial não está nada bom para José Serra. A mais recente pesquisa do Ibope, divulgada em junho, no espaço de três semanas, assinalou que ele perdeu 2 pontos e Dilma subiu 3. Estavam empatados em 37%. Agora, ela tem 40 e o ex-governador 35. Esta tendência declinante vem se verificando há vários meses. Serra não conseguiu freá-la. A estratégia que adotou não funciona. Impossível alguém que se afirma de oposição elogiar o governo que tem outra candidata. Mas não é este, apenas, o complicador para o tucano. Ocorre neste momento – como a Folha de São Paulo revelou na edição de domingo – uma divergência com o DEM em torno do candidato a vice presidente.
Para o ex-prefeito Cesar Maia, que está no DEM, partido presidido por seu filho Rodrigo Maia, não faz sentido uma chapa presidencial constituída por uma legenda só. O senador Álvaro Dias também é do PSDB. Desde a redemocratização de 45, lembrou Cesar, fato assim nunca se verificou. Com dois do mesmo partido, a escolha não agrega. Pelo contrário, dilui o peso da chapa. É verdade.
E, além disso, acentua uma falta de unidade entre as correntes que a compõem. Do outro lado, Dilma Roussef, do PT, tem como vice Michel Temer, do PMDB. Não houve problema algum para fechar o acordo. Exatamente o contrário do que está ocorrendo entre o PSDB, DEM, PPS e o PTB. Até que o PTB, de Roberto Jeferson, e o PPS de Roberto Freire, aceitaram Álvaro Dias. Mas o DEM não. Surpreende a concordância do PPS porque a indicação melhor para vice, a do ex-presidente Itamar Franco, que teria apoio de Aécio neves, foi rejeitada por Serra.
Agravando ainda mais a situação de José Serra, para quem analisa política com equilíbrio e sobretudo realismo, está claro que uma vitória do ex governador paulista não interessa ao ex governador mineiro.
Com a reeleição permanecendo, o êxito de Serra representaria uma distância de oito anos, a partir de hoje, para a candidatura presidencial de Aécio. Ao passo que a eleição de Roussef reduz sua meta para um espaço de quatro anos. Derrotado Serra, em 2014 a oposição não encontra outro nome, além de Neves, para representá-la nas urnas. Coisas de política, título da coluna de Carlos Castelo Branco no Jornal do Brasil.
Mas existe ainda uma terceira face do problema. É que a controvérsia em torno do candidato a vice está passando à opinião pública, portanto ao eleitorado, a sensação de que José Serra está necessitando de reforços políticos que, sozinho, não chega à vitória. Clima oposto envolve a candidata do presidente Lula. Ansiedade do lado do PSDB, euforia no Palácio do Planalto.
Luis Inácio da Silva tinha razão quando desmontou o esquema de Ciro Gomes, conduzindo-o para São Paulo na certeza de que ele não seria necessário até o desfecho de outubro. O ex governador do Ceará, inclusive, não pode reclamar do PSB, seu partido. A partir do instante em que aceitou transferir seu domicílio eleitoral para o Jardim Europa, tacitamente manifestou sua desistência de disputar a presidência. Isso porque, para disputar a presidência, não precisava transferir-se do Ceará. Deveria ter percebido a manobra e não a identificou. Cometeu um erro enorme. Não tem volta.
Na eleição de 20067, alcançou 600 mil votos para deputado, onze por cento do eleitorado cearense. Agora, descartado, terá que apoiar Dilma Roussef. Pois ela apóia a reeleição de seu irmão, Cid Gomes para o governo do Ceará.
Páginas da vida.
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