Wálter Fanganiello Maierovitch.
Israel consuma crime de guerra à luz do Direito Internacional.
1. Nada aconteceu por acaso. Faz duas semanas que o assunto, em todos os cantos de Israel, era a chegada de algumas embarcações turcas, com partida pelo porto de Chipre, trazendo auxílio humanitário à Faixa de Gaza e, a bordo, o xeque Raed Salah, líder islâmico da comunidade árabe-israelense.
Raed Salah, por sorte, está vivo e a sua morte, seguramente, levaria a uma nova intifada.
O ataque promovido por Israel em águas internacionais e a vitimar passageiros de embarcações que não tinham propósitos bélicos, mas humanitários, caracteriza crime de guerra, à luz do Direito Internacional. Além, evidentemente, de estupidez de matriz nazifascista.
2. No Direito Internacional aquele (Israel) que toma a iniciativa de um ataque não pode alegar atuação em legítima defesa. Além da iniciativa, o ataque foi desproporcional.
Por outro lado, havia outra forma de promover uma blitz nas embarcações, para verificar sobre eventual transporte de armamentos e presença de terroristas.
A mera presença nas embarcações de representantes de uma organização não governamental (IHH- de solidariedade a palestinos em face do desumano bloqueio imposto na Faixa de Gaza) descaracteriza situação de legítima defesa. Caracteriza, isto sim, intolerância e injusta agressão. Na verdade, um estúpido ataque noturno que coloriu o mar de cor de sangue.
3. Todo mês o governo direitista do premiê Netanyahu — que conquistou o poder graças a uma união com extremistas e levou para a pasta de relações internacionais um irracional que já prometeu afogar todos os egípcios — mostra à comunidade internacional como se pratica terrorismo de Estado.
Mais uma vez, Israel promoveu terrorismo de Estado.
Quando da visita do vice-presidente norte-americano a Israel, o premiê Netanyahu fez a provocação ao anunciar a construção de casas populares em área ocupada militarmente em Jerusalém Leste.
O professor Noam Chomsky, notável e respeitável professor de universidade norte-americana, foi detido e submetido a interrogatório humilhante. Isto por ter entrado em Israel depois de uma visita à Jordânia. Chomsky, por evidente, não é nenhum terrorista. Sua única arma é a escrita e a sua força decorre do prestigio das suas obras e artigos.
Poucos dias atrás, o ultranacionalista Avigdor Lieberman recebeu a visita do embaixador turco (até então país amigo e distante do conflito) e o humilhou: colocou a cadeira do convidado em nível bem abaixo da sua e arrancou do gabinete a bandeira da Turquia, na frente do visitante.
Avigdor Lieberman tem uma mente tortuosa. Ele já virou notícia por ter, antes de assumir o cargo, viajado à Bielo-Rússia para se aconselhar com o ditador Aleksandr Lukashenko.
O ultranacionalista Avigdor, nascido Evet Lieberman, apelidado Yvette ou Leonid, tornou-se, pelo seu partido Yisrael Beiteinu (Nossa Casa Israel), o fiel da balança na formação do novo governo israelita.
Aos 51 anos e nascido na então república soviética da Moldávia, Lieberman conseguiu 1 milhão de votos de imigrantes russos e seu partido conquistou 15 cadeiras no Parlamento, transformando-se no terceiro maior.
Avigdor deixou a Moldávia em 1978 e, em trinta anos de Israel, apesar das denúncias de corrupção e de uma filha acusada de fraudes fiscais, integrou o gabinete do premiê Ehud Olmert (anterior a Netanyahu e marcado pela corrupção), num decorativo Ministério de Ações a Longo Prazo.
Algumas frases desse fanático de turno são preocupantes. 1 Devemos mandar o Hamas para o paraíso. 2 Vamos bombardear a represa de Assuã para inundar o Egito. 3 Precisamos fazer em Gaza aquilo feito por Putin na Chechênia. 4 Abu Mazen é um incompetente.
4. Israel não aceita a jurisdição do Tribunal Penal Internacional criado pelo Tratado de Roma e com competência para julgar crimes de guerra, contra a humanidade e genocídios. Como o país integra as Nações Unidas, espera-se que o Conselho de Segurança imponha sanções pelo mar de sangue que acabou de promover e cujo número de mortos está, até agora, estimado em dez.
5. A esquerda israelense, que afundou nas últimas eleições — o Meretz (pacifistas) teve de torcer pelo Kadima (centro-direita) e os trabalhistas perderam representatividade —, se fortaleceu depois do covarde ataque às embarcações humanitárias dispostas a furar pacificamente o absurdo bloqueio imposto a Gaza.
Já se fala e se exige a queda do premiê Netanyahu e de todo o seu gabinete, por consequência.
6. Israel, que não tem uma Constituição escrita e mantida a direita extremista no poder do Estado hebreu, certamente, continuará a indignar os que lutam pelo respeito aos direitos naturais do ser humano.
Wálter Fanganiello Maierovitch
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